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Foi por volta da hora de almoço de uma sexta-feira que tivemos oportunidade de falar com o Francisco dos Capitão Fausto, ali para os lados de Alvalade. Num bairro que lhes é querido e que até tem direito a uma música, a conversa foi longa mas bem interessante, estando em cima da mesa não só o assunto novo álbum, “Capitão Fausto têm os Dias Contados”, mas também o passado, o futuro e caminho da banda.
Lançaram há dias o vosso novo álbum, “Capitão Fausto têm os Dias Contados”, que é já o terceiro longa duração. O que nos podem dizer deste já longo percurso? Quais foram os melhores e os piores momentos?
Os piores é uma resposta mais fácil do que os melhores, porque destes últimos temos vários e acho que acabam por ser sempre a primeira vez que fazemos qualquer coisa, como todos os concertos de apresentação ou todos os concertos em que tocamos pela primeira vez as músicas. Não só é importante mas também excitante para nós, porque são das vezes em que nos sentimos mais nervosos, depois ao longo do ano (ou anos) em que apresentamos o disco pelo resto do país e tocamos muito, fazemos digressões, vamos perdendo esse entusiasmo e essa ansiedade e isso é um sentimento que mete um bocado de medo, apesar de ser muito fixe de sentir aquele nervoso miudinho. Há pouco tempo, por exemplo, no dia do lançamento do disco, quando tocamos na Casa da Música, já não via (nem eu nem eles) o Domingos assim tão nervoso antes de tocar há muito tempo (risos)… e não por falta de capacidade, o Domingos aliás é dos elementos da banda que raramente falha, mas estava um bocado nervoso em relação às vozes, em relação a como o público ia reagir às novas músicas, porque são muito diferentes das outras, e eu já não o via sentado, nas escadas, assim virado para baixo, há imenso tempo! Isso é uma coisa muito engraçada de ver e de sentir, eu próprio estava assim aos “pulinhos” (todos a beber Red Bull para ver se nos concentrávamos um bocado mais) e esses momentos são sempre fixes… os momentos em que tocamos pela primeira vez num festival grande foram fixes, na altura do Gazela quando nos estreamos aí nos grandes palcos foi muito giro, as primeiras vezes que fizemos digressões de vários dias sem voltar a casa, esses momentos são sempre fixes… Os bons momentos são sempre as primeiras vezes, sim. Os maus, são os momentos em que não estamos a fazer nada. Houve ali uma altura muito chata, entre o Gazela e o Pesar o Sol, em que tínhamos gravado já o Pesar o Sol há bastante tempo e, basicamente andamos a saltar de um lado para o outro, saímos de duas editoras, tínhamos o disco gravado desde 2012 e ele só saiu em 2014 e nós tínhamos muita urgência e queríamos muito pôr o disco cá fora, porque depois os discos vão perdendo a frescura, aliás, acho que muitas vezes as pessoas não se apercebem disso, felizmente foi um disco que até chegou a ser aplaudido e as pessoas até gostaram e mais que do Gazela, foi algo que na altura nos fez chegar a mais gente e ficamos muito contentes com isso, mas pensamos sempre no “se nós tivéssemos lançado isto em 2012 se calhar o impacto teria sido maior e tinha sido, se calhar, mais surpreendente”, porque na altura em que o gravámos a música que gravamos era mais nova, mais fresca…
E esses espaços de tempo dão sempre origem a muitos “ses”…
Completamente! Nós na altura depois olhávamos para aquilo e pensávamos “se calhar já mudávamos isto” e no fundo, felizmente, as pessoas conseguiram entender o nosso ponto de vista e conseguiram entender as nossas canções, mas nós ficamos ali numa situação delicada e depois, além do disco ter sido lançado tão tarde, tivemos que o tocar durante muito tempo. Tivemos, não que fosse uma obrigação, foi um grande prazer, mas tocámos durante muito tempo e muitas vezes (foi o ano em que tocamos mais) e, além do termos tocado tantas vezes, já o tínhamos no bolso desde 2012, ou seja, nós ficamos muito cansados das músicas. Portanto, basicamente, os pontos baixos são sempre os pontos em que não estamos a fazer nada. Também houve uma altura, depois do Pesar o Sol, em que não estávamos a fazer nada e tínhamos que voltar a começar a compor, essa altura também foi complicada. Ou seja, nós só não estamos contentes quando não estamos a fazer nada. Dá-nos grandes dores de cabeça estar a compor e a gravar, dá-nos grande prazer estar a tocar, mas no fundo o que é mais chato é quando não estamos a fazer nada.
A relação entre o título e a temática do álbum é quase contraditória, ao ouvir as letras parece que querem sim ter um longo e próspero caminho. Porquê este título? É alguma espécie de trocadilho?
Em primeiro lugar o título surgiu, não da nossa parte, mas por parte de um amigo nosso que trabalha connosco (faz parte da nossa equipa de management) e estávamos a ouvir o disco, já as músicas estavam todas gravadas e com vozes, as letras todas feitas e precisávamos de um título. Estávamos a atirar assim nomes estúpidos para o ar e ele a certa altura atirou esse, numa mais ou menos de brincadeira, e atirou o nome “Dias Contados” só e de repente calámo-nos todos e achamos que aquilo era interessante pô-lo numa frase, ou seja, num contexto narrativo e não numa coisa solta. Eu não gosto de o ver como uma brincadeira ou uma jigajoga ou qualquer coisa, porque tens razão, nas letras falasse muito numa transição e em continuar a fazer isto para o resto da vida, que é o que nós queremos e estamos sempre a dizer, é o nosso maior objetivo, poder fazer isto sem parar e poder fazer disto a nossa vida, mas as pessoas não estão a interpretar bem. Mas eu acho engraçado, divirto-me muito, não era o objetivo, mas as pessoas estão a interpretar de uma maneira negativa o título “têm os dias contados”, porque têm os dias contados não tem implícito que os dias que vão ser contados são poucos, porque é só uma afirmação um bocado triste, mas muito verdadeira.
Os dias contados pode ser o limite de terem definido como um projeto para a vida, o fim da contagem é o fim das vossas vidas.
Exatamente. Há dois significados que nós gostamos de associar ao nome do disco, que no fundo acaba por ser só uma coisa estética, porque o disco não teve assim um conceito de raiz em que nós pensámos que o disco ia ser sobre aquilo, nada disso, nós fizemos as canções, o Tomás fez depois as letras e por acaso as letras dele estão ali mais ou menos há volta do mesmo tema, umas falam de umas coisas mais pessoais e relações mais pessoais dele, outras falam sobre o nosso dia-a-dia que é a situação de querer viver disto e, “os dias contados” foi uma expressão que associa duas coisas, que é essa fase de transição, ou seja, o que teve os dias contados foi a nossa fase anterior que já acabou, o que era e o que somos agora, pode significar uma fase de transição, e pode também significar uma coisa muito triste mas muito verdadeira que é que todos (e não só a banda) vamos acabar por morrer, ou seja, não só a banda acaba por morrer, acabar, eventualmente vamos acabar, nós vamos acabar por acabar…
…por sucumbir, como a música dos Gato Fedorento.
(risos) Pois é… e há letras em que o Tomás usa mesmo a expressão “morrer” e “morte” e isso tem uma ligação engraçada com os “dias contados”. Claro que nos dá assim um prazer sádico, de entender que as pessoas vão acabar, aliás recebemos imensas mensagens… já não é a primeira vez, as pessoas gostam muito de criar dramas por uma razão de entretenimento, gostam de ver filmes ou novelas, ou o que quer que seja por entretenimento, então o facto de nós proporcionarmos um título de disco que lhes dá algum entretenimento é um chamariz. Por mim tudo bem, mas não se preocupem que ainda faltam muitos dias por contar.
Este álbum, como disseste, soa muito pessoal e parece que assumem o querer apostar tudo na música. Quais são as vossas situações pessoais e objetivos no momento?
O nosso objetivo tanto pessoal como coletivo é ser músico até não podermos mais. Porque nós, primeiro em relação aos cursos, já acabamos todos, só o Tomás e o Salvador é que não acabaram por uma razão muito especifica, o curso deles é de mestrado integrado e eles estão já licenciados mas não podem exercer só com a licenciatura, porque é arquitectura, e eles começaram-se a aperceber que não queriam tanto exercer, mas estavam a gostar do curso, gostaram muito do curso e da maneira como aquilo os fez pensar e como os obrigou a trabalhar, o método…
Isso é talvez o mais importante hoje em dia, não deve ser acabar propriamente o curso, ou ter determinado grau académico…
… exatamente, há muito mais riqueza a tirar de um curso superior do que só o canudo, do que só o marco a dizer que acabaste aquilo, muito mais, e eles acho que conseguiram fazer isso (eles e todos nós) que é retirar as coisas importantes do que é um curso superior e eles acabaram por deixar o curso, já só lhes falta a tese, provavelmente nem a vão fazer.
Quando começamos a entrar para a faculdade já tínhamos a banda e o que aconteceu foi que nós sabíamos que tínhamos a banda e a música e não tínhamos nenhuma certeza, mas sabíamos que aquilo chamava muito por nós e que queríamos muito investir e ver o que dava, então escolhemos cursos que não fossem uma garantia profissional, porque isso também não nos dá prazer nenhum, sempre fomos muito assim, seguimos muito as coisas que nos dão muito prazer e mesmo que tenha repercussões negativas, acho que consegues tirar mais prazer e uma vida muito mais positiva (nós achamos isto) do que fazer um esforço. Porque há muitas pessoas que fazem um esforço e fazem um esforço durante uns anos a pensar numa vida melhor para o futuro, nós somos mais carpe diem (risos). Sempre fomos estudar coisas que realmente gostamos, não como o objetivo profissional daquilo, no entanto o único que está a exercer mais ou menos a profissão que estudou sou eu, estudei design, mas no fundo faço mais ilustração e outro tipo de coisas, mas exerço de maneira muito leviana, eu trabalho de vez em quando e recebo assim uns trocos, mas nada de mais, e estava a acabar o curso e já estava a trabalhar em ilustração, por isso e de repente dei por mim a acabar o curso e já a ganhar dinheiro com a música e a desenhar, por isso para mim o curso também foi assim uma coisa muito transitória, mas aprendemos muito com os nossos cursos. Agora estamos nesta fase em que os cursos estão todos “enterrados”, aliás o meu já está há dois anos, e estamos nisto a 100%. Estamos a dar tudo por isto, é o que nos dá mais prazer e é como disse há bocado, o plano é ter muitos dias para contar, é continuar a investir nisto agora a 100% a ver o que dá. Não é um caminho nada fácil, ao contrário do que muitas pessoas acham, requer imenso trabalho e dedicação e o Tomás fala muito disso também nas letras. No fim dos concertos temos sempre de ainda arrumar material, ou então tocamos até às tantas e no dia seguinte temos de acordar muito cedo para ir tocar para outro sítio, ou para ir ensaiar ou gravar e essas coisas custam. Ao contrário do que muitas pessoas acham, isto é uma coisa que tira muito, o tempo não é contabilizado como num escritório e a inspiração não surge de repente e fica tudo feito.
O álbum está a ser muito bem recebido pelo público e pela crítica, tendo esgotado ambas as datas de apresentação em Lisboa. Como se estão a sentir em relação a isto?
Para nós só nos mete sorrisos na cara. Quando fazes assim um trabalho criativo, como pelo menos nós tentamos fazer para nos agradar aos cinco, mesmo que isso pareça um bocado egoísta, o importante para nós é ficarmos muito felizes com aquilo, seja a coisa mais maluca ou a coisa mais pop de sempre, nós queremos é ficar felizes com aquilo. E por muito egoístas que sejamos a fazer a música, ficamos sempre com um nervoso miudinho de “Será que as pessoas vão gostar?”, porque toda a gente quer ser amada, toda a gente quer ser aplaudida, queremos que corra bem em termos monetários, queremos poder tocar o máximo possível e para tocares o máximo possível tens que fazer música que muita gente goste, ou seja, tens sempre esses nervos aqui atrás da cabeça, eu pelo menos tenho muito e, por muito contente que estejamos com os discos, aliás ficámos felicíssimos quando chegamos a casa e finalmente tínhamos um mail com o master final do disco e pusemos todos no ipod e fomos todos ouvir, estávamos todos a combinar pelo chat “olha já chegou o master final, vão ouvir!” e pusemo-nos todos em casa com os headphones a ouvir aquilo e ficamos todos com um grande sorriso na cara. E é, em primeiro lugar um grande alívio saber que não somos os únicos a achar aquilo bom e dá-nos também muito gosto poder esperar um futuro com tanto trabalho, é fixe e isso é a coisa que nos dá mais prazer, aliás, o facto de as pessoas gostarem contribui para a nossa vida futura, às vezes se calhar nem se apercebem bem disso, mas com o facto de gostarem da nossa música estão a contribuir para o nosso futuro e isso é uma coisa muito bonita. Mesmo que não toquemos, mesmo que algumas pessoas não gostem e ninguém nos contratar, se muitas pessoas gostarem quer dizer que já deixamos pelo menos um marco no nosso país ou o que quer que seja e isso para nós já nos deixa felizes.
O que mudou desde que “punham o braço na mesa e a mão na Teresa” até à constatação que “trabalhar nunca fez bem nenhum”?
Mudou muita coisa, porque em cinco anos as pessoas mudam muito, tanto a nível pessoal como a nível artístico e profissional, mudámos muito. Nós quando fizemos as músicas para o Gazela tínhamos 19/18 anos, éramos putos. Lembras-te quando entraste para a faculdade, acabado de sair do liceu, eu pelo menos olhando para trás vejo-me um puto na maneira de pensar e também é muito claro nas letras, as primeiras letras e canções parece que têm muita urgência de querer fazer qualquer coisa ou dizer qualquer coisa ou de querer tocar e éramos muito enérgicos. No segundo (Pesar o Sol) estamos um bocado mais introspetivos, tanto nas músicas como nas letras e um bocado mais generalistas também, fruto dessa idade com que fizemos o disco, com 21 anos normalmente pensas nessas coisas, foi um disco que teve muita exploração de som e estávamos com a cabeça muito aberta para experimentar muitas coisas e ideias malucas e não sei o quê…
Essa sequência é engraçada porque depois, pegando neste, está algo mais eclético, com o uso de sopros, por exemplo.
Nem só pelo o uso desses instrumentos, mas também porque entretanto com estes anos todos que passaram nós ouvimos muita música e não somos nenhuns “esquesitinhos” que só ouvem um género de música, não que isso seja uma coisa má, mas há muitas bandas e pessoas que gostam muito só de um género de música e não gostam de outras, então ouvem só um ou fazem música só com um género, e tudo bem, é a escolha deles, mas nós por acaso somos pessoas que gostamos de muita coisa e com cada ano que passa ouvimos cada vez mais música e isso reflete-se depois no nosso trabalho. Cada trabalho que fazemos é um reflexo do que nós somos nessa altura. Pelo menos connosco as coisas que estávamos a ouvir na altura e que estávamos a pensar refletem-se naquilo que fizemos e por isso é que já não nos identificamos tanto com os dois anteriores, não é por uma razão qualquer negativa, é por uma razão muito natural e por isso é que decidimos fazer um disco assim e não um igual ao outro, foi porque já o fizemos, porque aquilo foi naquela altura e isto é nesta.
O que podem anunciar de especial para os concertos no Lux ou nas apresentações que se seguem?
Estamos a tentar, posso até dizer, profissionalizar um bocado a coisa e tentar engrandecer um bocado o concerto. Infelizmente, e já dissemos isto muitas vezes porque muitas pessoas nos perguntam e ficamos contentes por isso, não vamos poder ter os sopros e as cordas nos concertos, mas estamos já a planear várias datas em teatros em que os queremos ter, mas para estes concertos não é possível e isso é um ponto negativo, mas por outro lado positivo fizemos um grande trabalho, estamos agora a fazê-lo ainda, é um trabalho progressivo, não é uma coisa estática, vamos melhorando a cada concerto, em fazer arranjos e adaptações dos sopros e das cordas todas, tocamos tudo o que está gravado por eles mas, quase sempre é dividido entre mim e o Manuel nos sintetizadores e isso é uma abordagem muito engraçada, também para dividir um bocado, nós fizemos um bocado isso, dividir um trabalho de estúdio de um concerto ao vivo e gostamos muito de fazer essa divisão, porque são mesmo duas coisas diferentes e está-nos a dar imenso gozo transpor isso para outros instrumentos, as pessoas vão ouvir as mesmas melodias, mas com uma roupagem diferente, às vezes até pode ser uma guitarra a fazer uma linha qualquer…
…então vale a pena ver os concertos porque não vão ser uma cópia do álbum.
Não, vamos copiar no sentido em que tocamos as músicas pela ordem de arranjo delas, ou seja, verso, refrão, intro, etc. mas com algumas roupagens diferentes em algumas partes da música e depois com encadeamentos diferentes com as músicas antigas. Isso é uma coisa que nos está a dar imenso gozo e que acho que vai surpreender as pessoas, é que nós não vamos tocar o disco novo todo de uma ponta à outra, vamos misturá-lo com as músicas antigas e isso aconteceu até agora uma vez, que foi na Casa da Música, onde reparamos que criou uma dinâmica muito engraçada.
Talvez percebam que haviam certas coisas que não tinham nada a ver e que afinal até fazem sentido…
Completamente! Houve umas então que de repente passa de uma música para outra e soa muito bem e isso dá imenso gozo. Não tanto para nós, mas a ver como é que o público reage, porque as músicas dos outros discos são bastante têm bastante mais energia e estas são ou muito calminhas ou então mais de abanar a anca, estar assim mais relaxado e é muito giro ver como as pessoas passam de um ambiente para o outro. No Porto havia alturas em que víamos os miúdos todos em crowdsurf e depois de repente cortávamos para outra… Agora nestes concertos para o Lux estamos a melhorar não só isso, na parte toda musical, mas também a tentar explorar mais, nunca conseguimos investir muito nisso, mas o visual todo, planear umas luzes bonitas e criar um ambiente adequado. Nós não gostamos muito de ter grande aparato visual, porque dedicamo-nos mesmo muito à música e queremos que as pessoas estejam muito atentas a isso e não somos também o tipo de banda que possa viver muito de projeções ou vídeos, acho que para nós se adequa melhor assim porque somos uma banda essencialmente de canções. Mas por exemplo, há bandas, como o nosso outro projecto Bispo ou bandas como Jibóia, que vive muito do vídeo, esse tipo de música pode ganhar muito com essa componente, faz parte da performance, para Capitão Fausto não, sempre tivemos um bocado reticentes em incluir esse tipo de coisas ou até mesmo panos/cartazes grandes com a capa do disco ou qualquer outra coisa, nunca nos dedicamos muito a isso porque achamos não ficar muito bem, também acho que não liga muito bem… parece uma coisa um bocado picuinhas, mas acho que não liga bem com a estética das nossas músicas e as nossas músicas às vezes remetem assim para uma coisa antiga tipo anos 60/70 e nós não somos uma banda estilo “neo qualquer coisa” ou “retro qualquer coisa”, nada disso, queremos fazer música atual e fresca, mas gostamos muito desse universo e dessa altura e gostamos muito de nos inserir dentro dessa mentalidade em que as pessoas se dedicavam a fazer boas canções e tocavam-nas ao vivo dando o melhor concerto possível. E o que acontecia muito nessa altura é que eles planeavam muito as luzes para criar o ambiente certo, e nós achamos que isso tem uma beleza muito interessante e vamos começar a tentar explorar também um bocado isso.
Quais são as expectativas para o que se segue? Já que querem fazer da música o vosso “ganha pão” há planos para começar a exportar a vossa música? Têm isso em mente?
Temos em mente, mas não é de todo a coisa mais importante agora por variadíssimas razões, infelizmente sabemos que a língua é uma barreira e não nos chovem propostas de todo, nem de outros países europeus porque os promotores de música na Europa (nem digo os Estados Unidos porque é mais complicado monetariamente) nem pensam muito em chamar bandas de Portugal. Basicamente a música que Portugal exporta melhor é a música que não é pop, ou não é de canção, nós exportamos muito a música de dança, muita música alternativa ou instrumental, o fado… mais essas coisas de world music, o dance, música experimental… e o nosso tipo de música que é de fazer canções não exporta muito bem para o resto da Europa, no entanto, nós temos imenso prazer em ir lá fora e tocar em todo o mundo e estamos já com algumas ideias para querer fazer coisas lá fora, porque como é uma coisa que não é natural, ou seja, exportar música portuguesa não é uma coisa natural, não é uma coisa que acontece normalmente, requer muito esforço, é preciso fazer muitas digressões e investir tempo e dinheiro para conseguir tocar lá fora e nós estamos com planos para isso, para outros países se calhar não tão lógicos na Europa, mas se calhar para o Brasil, se calhar até tentar Espanha ou Inglaterra, mas não é de todo uma coisa muito imediata, primeiro vamos focar-nos em fazer o melhor que conseguirmos aqui e tocar bem e muito aqui em Portugal e depois tentar arranjar uma maneira inteligente e divertida de ir tocar no estrangeiro.
Quais são as datas futuras que já podem anunciar? Já sabemos que vão estar no Rock in Rio, mais um palco grande.
Sim, exatamente. Nós já tocámos nesse mesmo palco há dois anos atrás e vai ser como outro festival dentro do festival, porque tem uma comunicação muito própria da Vodafone, tu vês cartazes e aparece só tipo “Vodafone” ou “Palco Vodafone”, e é uma coisa muito fora. Para já temos temos os dois em Lisboa no Lux que estão esgotados já, o que é muito fixe e estamos muito contentes, depois vamos a Leiria, Évora, Pinhal Novo, Viana do Castelo, Braga e Coimbra.
Já têm o equipamento todo na carrinha? É que vão estar a andar de um lado para o outro.
Vamos sim, são fins-de-semana seguidos, ou seja, é tipo estar para aí três dias fora e voltamos a casa, mais três dias fora e voltamos a casa. Aqui em Portugal faz-se mais ou menos assim, como é pequenino consegues ir e voltar.