Entrevista


Dark Age of Ruin

O facto de sermos Açorianos é como se algo mágico nos corresse no sangue, que nos dá mais força de vontade de continuar este nosso legado.


Logo para quebrar o gelo! Nem jogar à bola, nem pesca… O que leva a que a predilecta actividade partilhada entre pai e filho seja… Fazer bom black metal?

Primeiramente sim, mas não unicamente. O facto de ambos sermos amantes da música é-nos conveniente para pôr para fora tudo aquilo que absorvemos, para além de que esta actividade só fortalece os laços de pai para filho.

Sem rodeios, aqui para estes lados, o “False Messiah and the Abstract” é um dos lançamentos do ano e esse reconhecimento não é exclusivo. Isso traz-vos pressão ou encorajamento?

Sem dúvidas que é um dos lançamentos do ano. Isto só nos traz encorajamento e garra. O que oferecemos aos nossos ouvintes é algo único, e estamos imensamente orgulhosos do trabalho que temos vindo a fazer, e igualmente a todo o apoio que vamos recebendo ao longo desta jornada. Este é outro ponto que nos encoraja. É de ressaltar que não olhamos para a música como uma “competição”, daí não nos sentirmos pressionados com os outros belos lançamentos das outras bandas (temos uma vasta e boa coleção de bandas nacionais). Cada um no seu lugar a fazer a sua música, é isso que se quer.

 

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A vossa formação é bastante recente e conseguiram muito em relativamente pouco tempo. Consideram que sejam um tipo de banda que possa tirar partido da sua condição para ser mais produtiva em estúdio?

Sim, consideramo-nos uma banda que retirou muito partido da condição atual para a tal produtividade em estúdio. Talvez foi por causa desta mesma condição que conseguimos tanto com tão pouco.

Em pouco tempo, o que consideram que tenham sido as principais diferenças entre o EP de estreia e o “False Messiah” e o que acham que existirá de novo num próximo disco, que consta que já esteja a ser preparado?

As diferenças são bem perceptíveis. A produção em geral evoluiu muito, está tudo mais complexo e audível. Em termos de composição também, o nosso som está mais sólido e completo. Do que existirá de novo, no momento, não podemos revelar nada. Entrámos em processo de composição muito recentemente, as ideias ainda estão florindo, já florem de uma maneira extraordinária. Mas algo podem esperar: será um sucessor grandioso ao “False Messiah and the Abstract“.

Reunidas as condições, existe a ambição de levar os Dark Age of Ruin ao palco?

Sim, claro que sim. Mas lá está, “reunidas as condições”! Já estamos a experimentar algumas coisas, e a falar com músicos dignos e experientes. Se alguma vez DAOR subir a um palco será algo completamente marcante e épico. Para que isto se realize, tudo terá de estar em perfeitas condições. Só o futuro dirá. Mas sim, podem contar com isso.

 

 

O vosso isolamento geográfico ainda é uma desvantagem ou acham que já pode servir como uma distinção da qual possam tirar partido?

Os dois em um. O nosso isolamento geográfico é uma grande muralha, é muito difícil para nós irmos tocar a Portugal Continental, por exemplo. Isto exige dinheiro e disponibilidade de sair da ilha e, como podem imaginar, não é algo simples. Por outro lado, como já disse noutra entrevista, o facto de sermos Açorianos, é como se algo mágico nos corresse no sangue, que nos dá mais força de vontade de continuar este nosso legado.

São uma das poucas bandas omnipresentes em todas as edições da trilogia “Azores & Metal” do Museu de Heavy Metal Açoriano. Que papel sentem que têm no panorama underground do arquipélago e como veem a cena Açoriana actualmente?

Exacto. DAOR, sem sombra de dúvidas, tem um papel grandioso no nosso underground. Fomos nós que reacendemos a chama do black metal regional, que há muito se teria apagado. De certa forma, com o lançamento do nosso “FMATA,” que chegou a muitos lugares do mundo, conseguimos atrair novos apreciadores às nossas ilhas, deste modo apresentando o nosso underground ao mundo. A cena Açoriana actualmente está muito desprezada, ninguém nos apoia nem nos dá incentivos. Em relação à qualidade de bandas, estamos bem recheados com boas bandas a fazerem bom som. O Mário Lino tem sido crucial em manter o underground vivo e pulsante. Ele, com a ajuda das nossas bandas, tem levado o nosso undergound a toda a parte do mundo com as compilações. Isto é algo mágico movido pela força do heavy metal.

Sentem que a compilação tenha realmente ajudado no reconhecimento continental (vosso e geral) e até mesmo chamado uma boa atenção interna?

Sim, claro. Estas compilações têm sido brutais. A nossa cena tem ganho muito destaque nestes últimos três anos, tudo graças às compilações. Aos poucos fomos sentindo um underground mais coeso e sólido. Até mesmo atenção interna, sim. Já temos um ou dois sítios a apoiar os nossos concertos, algo que já é muito bom e, com o tempo, temos o pressentimento que mais regalias surgirão.

Há alguma surpresa que possa estar reservada para o futuro dos Dark Age of Ruin?

Sim, há. Mas como se trata de uma surpresa, ou melhor, mais do que uma, manteremos em segredo. Um grande obrigado pelo convite e um abraço dos dois Hugos. Stay Heavy!


sobre o autor

Christopher Monteiro

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