Entrevista


Epica

Não alteramos os 5 pilares dos Epica: Simone, coros, orquestra, riffs de death metal e guturais. À parte disso, temos bastante espaço para experimentar coisas novas.


Aos 15 anos de carreira, os holandeses Epica alcançaram o patamar de estrela. Apoiados por uma legião de fãs nos quatro cantos do mundo, a banda liderada por Simone Simons amadureceu e se em tempos eram uma promessa no metal gótico e sinfónico, hoje afirmam-se como um dos portentos dentro do género.

No ano passado lançaram um novo álbum e o sétimo de estúdio, The Holographic Principle. Ainda com algumas canções na manga, lançaram em Setembro último mais um registo, desta feita um EP de 6 temas, intitulado The Solace System. Estivemos à conversa com o guitarrista e fundador da banda Mark Jansen e com o teclista Coen Janssen, que nos falaram dos novos temas, de vídeos e de motivações para o futuro.

A banda estará de passagem por Portugal a 21 e 22 de Novembro, na Altice Arena em Lisboa e no Hard Club no Porto, respectivamente.

Antes de mais, parabéns pelo lançamento de mais um trabalho! Estes seis temas ficaram de fora do álbum The Holographic Principle. Além dos limites de duração do disco, houve mais alguma razão para as excluírem? Porventura estas canções contam também elas uma história?

Mark Jansen: Escrevemos todas as faixas para o álbum, no entanto, estas seis foram excluídas apenas pelo facto de as outras se encaixarem melhor entre si. Para manter a fluidez do disco tivemos que cortar estes temas, o que não foi fácil e gerou alguma discussão. O nosso produtor Joost (van den Broek) esteve bastante envolvido, pondo a sua alma e coração na produção do disco e tivemos muito em conta os seus conselhos.

Qual foi a maior inspiração por detrás de todo este processo de escrita?

Mark: Eu e a Simone dividimos o trabalho de escrita das faixas. A maior inspiração foi a teoria por detrás de The Holographic Principle, razão pela qual estas canções foram escritas, mas permitiu irmos além da temática principal. “Fight Your Demons”, por exemplo, aborda assuntos como a depressão e sobre quantos de nós lutam contra demónios como esse.

Dentro do EP, quais consideram ser as faixas mais fortes?

Mark: As minhas favoritas são “Fight Your Demons” e “Immortal Melancholy”. A primeira tem muita energia e a segunda revelou-se uma pérola 🙂

Os temas “The Solace System” e “Immortal Melancholy” já têm vídeos oficiais, cujo estilo anime foi uma surpresa por não ser algo que esperaríamos dos Epica. Podem dizer-nos algo mais sobre a escolha dos gráficos? Estão ambos os vídeos de alguma forma correlacionados?

Coen Janssen: Os vídeos foram feitos por Davide Cilloni, um artista italiano que também colaborou connosco em um dos nossos lyric videos. Tínhamos visto um vídeo que ele tinha ilustrado e gostámos tanto do estilo que o convidámos a fazer um do género. Eu escrevi a história (não propriamente relacionada com as canções em si) que tem ligações com o The Holographic Principle, a teoria da múltipla dimensão, com o tema “Universal Death Squad” e muitas outras coisas do nosso artwork, fotografias, álbuns antigos e até com os concertos. Toda essa história era demasiado grande para caber em apenas um vídeo, por isso decidimos fazer uma trilogia. Uma animação dá-te mais poder para mostrar coisas que normalmente não são possíveis e espero que os fãs consigam encontrar todas as surpresas engraçadas que estão escondidas nestes vídeos.

Na minha opinião, “Immortal Melancholy” é uma das faixas mais fortes do EP e algo refrescante da vossa parte. Imaginam-se a compor temas mais simples como este no futuro?

Mark: Obrigado! É uma canção que de facto parece simples, mas é enganadora com todas as suas modulações e as suas várias camadas onde muito está a acontecer. Gostava de compor mais deste género, sim. A Simone soa sempre incrível neste tipo de músicas e há mais espaço para a voz dela. No entanto, somos uma banda de metal primeiramente, e isto são pequenos side-steps.

Podemos esperar ouvir algumas destas canções novas nos concertos ao vivo?

Mark: Sim, neste momento andamos a tocar “Wheel of Destiny” ao vivo e possivelmente iremos adicionar também “Fight Your Demons” ao nosso alinhamento. Todas as opções estão em aberto, nós levamos em conta o que os nossos fãs querem ouvir.

Vocês têm uma larga base de fãs no nosso país. Que memórias têm de Portugal e dos fãs portugueses?

Mark: Só tenho boas memórias de Portugal e dos fãs. Basicamente, recordo-me de todos os nossos concertos em Portugal. E havia um recinto tão bonito no Porto, o Hard Club! Acho que ainda existe mas numa localização nova. Os fãs recebem-nos sempre de forma calorosa e demonstram imensa paixão.

Por falar em Portugal, vocês tocam cá em Novembro, juntamente com convidados fantásticos como Myrath e VUUR. O que é que podemos esperar dessa noite?

Mark: Uma banda on fire, especialmente quando trazemos os VUUR, que quer dizer fogo em holandês! (risos) Mas fora de brincadeiras, damos sempre 100% no palco e tentamos criar uma setlist que satisfaça o maior número de pessoas. Portanto, algum material novo e alguns clássicos.

Com 15 anos de carreira os Epica têm tido um crescimento incrível ao longo do tempo. Onde se vêem daqui a 10 anos? Imaginam-se ainda a fazer música e a continuar a crescer?

Mark: Perguntam-me muitas vezes isso mas na verdade eu não consigo olhar tão à frente. Agora está a acontecer e claro, precisamos de planear algumas tours e um próximo álbum, mas não planeamos mais longe que isso. De qualquer forma, as coisas acontecem sempre de forma diferente daquela que tu idealizas. Continuaremos a trabalhar e logo veremos o que acontece.

Desde o início que vocês consistentemente lançam álbuns com intervalos de 2, 3 anos. Já têm algo planeado para o próximo álbum? Normalmente, quando é que recomeçam a escrever e a criar?

Mark: Normalmente por esta altura já estaríamos a escrever um novo álbum, mas desta vez vamos levar as coisas com mais calma. O novo álbum provavelmente vai ser trabalhado em 2018 e lançado em 2019 ou 2020. Entretanto, estou a trabalhar com os MaYaN num novo álbum, também.

É importante para a banda reinventar o seu estilo e a sua imagem? Faz também parte do processo criativo?

Mark: Não sou um tipo que liga a imagem, deixo isso para os outros. Só não quero usar algo que seja desconfortável ou que não seja do meu gosto. Quanto ao estilo: nós temos por objectivo novas experiências dentro do género que tocamos para conseguirmos evoluir sem nunca nos repetir. Não alteramos os 5 pilares dos Epica: Simone, coros, orquestra, riffs de death metal e guturais. À parte disso, temos bastante espaço para experimentar coisas novas.

Diriam que estão a atravessar a vossa fase mais criativa, tendo em conta que têm produzido material de sobra para lançar?

Mark: Penso que é, de facto, o caso. No passado eu escrevi a maior parte dos temas mas agora há 5 songwriters a escrever música de alta qualidade. Desta forma podemos seleccionar as melhores canções entre todos.

Por último, há alguma mensagem que gostariam de deixar ao vosso público português?

Epica: Bom dia! Obrigado!! Obrigado a todos os nossos fãs em Portugal. Vocês estão nos nossos corações e esperamos ver-vos a todos na nossa tour com os Vuur e os Myrath! 


sobre o autor

Andreia Vieira da Silva

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