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MEDEIROS/LUCAS é uma das melhores surpresas da música nacional, este ano. Lançaram «Mar Aberto» e trazem na sua música os ventos fortes e arrebatadores do oceano em que o Arquipélago dos Açores habita. Estarão este mês no Milhões de Festa, festival verdadeiramente de sol e piscina, a mostrar a melancolia do seu primeiro registo.
Este projecto faz-se de distâncias: estão separados pela distância geográfica e pertencem a diferentes faixas etárias. Como é conciliar a distância no processo criativo?
As proximidades ideológicas são suficientes. A distância geracional, se alguma coisa, estimula o diálogo, algo que sempre tivemos muita facilidade em fazer. A distância geográfica é mais difícil de colmatar mas o processo acaba por ter uma fase de “trabalho de casa”, feito individualmente, e uma fase em conjunto bastante concentrada e intensiva.
O que vos levou a compor tendo por base o som mais tradicional e folclórico dos Açores?
Nós temos de facto um passado musical ligado à música tradicional dos Açores mas este trabalho, que é a nossa estreia na composição, não bebe directamente desse som, muito menos do folclorismo. As palavras puxaram as melodias. No que toca à produção parece-me bastante mais justo falar de influências de música africana ou música moderna ocidental, por exemplo, do que música tradicional açoriana.
«Mar Aberto» é um álbum melancólico e carregado de referências náuticas. O que tem o mar de tão triste?
Acho que o mar, como o deserto, funciona como uma metáfora do vazio, um sítio onde só nos temos a nós. Ter que estar sozinho, com nós próprios (passe o pleonasmo), pode ser algo muito melancólico. Analisado “freudianamente“ pode-se falar na água como origem (nós próprios vimos de um ambiente líquido no útero da mãe). Olhar e ouvir o mar, para mim, é de facto melancólico e pode estar ligado a uma vontade de regressar a um local de conforto. De qualquer forma esta pergunta é para ser feita a poetas, não a músicos imberbes.
O que vos levou a trabalhar com o Gonçalo Tocha para o vídeo?
Amizade, proximidade ideológica (mais uma vez), respeito mútuo pelos trabalhos um dos outros, e o facto de ele ter disponibilidade e pachorra para me aturar.
Vão levar «Mar Aberto» ao Milhões de Festa, um álbum que tem o seu quê de invernoso. Como acham que será este concerto no contraste das elevadas temperaturas de Barcelos?
Eu acho que pode funcionar muito bem. Não é um disco de verão, é um disco pesado, violento até, mas vale por essa força e acho que tem a capacidade de agarrar as pessoas. O The Bug, que eu estou super feliz de poder ver ao vivo pela primeira vez, ou os Deerhoof também não são exactamente música de piscina. O que eu respeito muito no Milhões, e me deixa muito orgulhoso de poder participar neste festival, é a idiossincrasia, um certo espírito punk, que eu associo à maior parte das bandas que conheço no alinhamento, dos Meridian Brothers a Tocha&Pestana.
Já conheciam o Milhões de Festa? Muitos consideram o Tremor em Ponta Delgada o irmão mais novo do festival barcelense.
Já. Eu já andava a tentar tocar no Milhões desde os tempos d’O Experimentar. E tenho seguido religiosamente a novela pornográfica do Milhões, do meu amigo Xavier.