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Mark Thwaite é um homem ocupado. Guitarrista de sessão para outras bandas, o músico finalmente arranjou tempo para si e para se dedicar ao projecto MGT, no qual já captou alguma atenção com canções cativantes e, ainda mais notável, uma peculiar cover dos ABBA.
Após o bem recebido disco de estreia, repleto de vários convidados a vocalizar as suas criações, o projecto MGT editará no final deste mês “Gemini Nyte”, um novo disco que conta agora com Ashton Nyte, dos The Awakening, fixo na voz. Foi essa dupla, o actual núcleo dos MGT, que nos respondeu a algumas questões.
Mark, o teu vasto currículo é quase interminável, como já é bem sabido. Após trabalhar com tantas bandas e artistas diferentes, trazes todas essas diferentes influências para este projecto? Ou vês MGT como o teu acto pessoal, para “fugir” dos teus trabalhos anteriores?
Mark: Nunca tive qualquer desejo de lançar um disco “a solo” antes, sempre fui o guitarrista e não o cantor – também não sou fã da minha voz de canto! Deixo isso para os profissionais… mas após colaborar com o Al Jourgensen dos Ministry num single em 2009, e depois gravar e misturar metade do álbum de estreia dos Primitive Race alguns anos mais tarde, de repente ocorreu-me que podia lançar um álbum ou EP a solo e chamar os meus amigos para cantar nele… foi mais uma cena caprichosa de “bucket list”, já estive em tantos álbuns mas seria giro ter um por aí com o meu nome nele.
A tua carreira tem quase três décadas e foi sempre muito activa. Porém, apenas em 2016 lançaste MGT como o teu primeiro acto a solo. O que te levou a demorar tanto para criar este projecto?
Mark: Basicamente estava demasiado ocupado com as minhas respectivas bandas para considerar ou ter tempo para lançar um trabalho a solo… Quer fossem os The Mission, o Tricky ou o Peter Murphy, e numerosas outras colaborações, simplesmente não tinha o tempo ou a inclinação. Após deixar a banda do Peter Murphy há alguns anos atrás, tive mais tempo e decidi abordar alguns cantores que conhecia, e alguns que não conhecia, incluindo o Ashton…
Quais foram as principais diferenças que encontraste ao trabalhar neste projecto em comparação aos teus anteriores trabalhos?
Mark: Eu era o patrão! (risos) Então solos de guitarra em todas as canções! Mas a sério, foi bom ter controlo sobre o conteúdo musical e as guitarras, claro – também toquei quase todos os instrumentos que gravámos, incluindo o baixo, as teclas, sintetizadores e toda a programação da bateria… para além disso fiquei a cargo de todos os deveres de mistura, excepto na cover dos ABBA que pedimos ao meu amigo e notável produtor, Tim Palmer (HIM, The Mission), para misturar por nós. Portanto tinha controlo consumado sobre tudo, fazia as misturas e era o produtor, por outras palavras. Ironicamente acabei por bloquear qualquer tentativa de o tornar um álbum de guitarrista virtuoso, e em vez disso limitei os solos de guitarra e deixei bastante espaço para os cantores brilharem. Isto foi deliberado, desgosto de todos aqueles discos flashy de guitarristas a solo do Steve Vai, Joe Satriani, etc. Tudo demasiado auto-indulgente para o meu gosto.
Ainda estás a desfrutar do sucesso de “Knowing Me, Knowing You”, a cover dos ABBA com o Ville Valo na voz. Como te sentes quanto a essa canção? Algum plano de voltar a trabalhar com o Valo no futuro?
Mark: A ideia para a versão da “Knowing Me, Knowing You” andava à espreita na minha consciência há uns anos, eu tinha um lembrete no meu calendário Google todos os meses para “gravar uma versão dark e pesada da KMKY.” Apenas não tinha um motivo para o fazer antes, e nenhum vocalista para cantar nela… Assim que me veio a ideia de lançar um EP digital ou um LP com cantores convidados, e o lembrete fez o seu pop-up mensal, gravei a demo da música e abordei o Ville – um velho amigo meu – e ele imediatamente ficou preso naquilo. Ele fez um trabalho fantástico, e a quantidade massiva de reproduções no Spotify e no YouTube para o vídeo têm sido incríveis. Não tenho a certeza de quais serão os planos do Ville, agora que os HIM encerraram actividade, mas o mais provável é um disco a solo, tenho a certeza. De qualquer forma adoraria trabalhar com ele em mais material, é algo de que já falámos.
Trabalhaste com diferentes vocalistas no disco de estreia. Para o “Gemini Nyte” escolheste o Ashton como o único vocalista permanente. O que levou a essa mudança?
Mark: O Ashton foi-me apresentado por um amigo mútuo, o Adrian Skirrow, que trabalhou na antiga distribuidora dos The Mission na África do Sul, e imediatamente nos entendemos. Escrevemos a “The Reaping” e a “Jesamine” semanas após a nossa apresentação, através da partilha de ficheiros a longa distância, porque o Ashton vive em St. Louis e eu em Los Angeles. Depois disso apenas continuámos a escrever e era evidente que tínhamos um “som” e identidade juntos. Por finais de 2015 – ainda antes do “Volumes” ter sequer saído – tínhamos escrito dois terços do “Gemini Nyte”, mas tivemos que o guardar enquanto a minha antiga editora preparava e lançava o “Volumes” e nós completávamos o ciclo de promoção. Portanto, para nós, este álbum já levou muito tempo a sair.
Ashton, tu próprio es um homem bastante ocupado. O que te convenceu a juntares-te a este projecto como o seu vocalista regular?
Ashton: Bem, como o Mark disse, após termos sido apresentados, começámos a escrever para as faixas do “Volumes” e depois apenas continuámos a escrever o que viria a tornar-se o “Gemini Nyte”. Tudo aconteceu de forma muito orgânica e muito rapidamente, o que é sempre encorajador. Sentia que era a altura certa para estarmos a criar juntos, logo segui nesse sentido e antes que déssemos por isso, tínhamos escrito juntos um novo álbum.
Trouxeste alguma influência dos The Awakening ou dos teus discos a solo quando co-escreveste e gravaste o “Gemini Nyte”?
Ashton: Acho que é natural que o trabalho de um artista transborde para diferentes formatos e, de facto, para diferentes projectos. Estou certo que pessoas familiares com The Awakening ou o meu trabalho a solo irão ouvir até certo ponto elementos desses projectos no “Gemini Nyte”. Com isso dito, este é o primeiro projecto que já co-escrevi com alguém, e acho que isso puxa algo diferente de mim. Também é bastante libertador focar-me primariamente nas letras, voz e melodias vocais, enquanto o Mark presta a mesma atenção ao lado instrumental das coisas.
Já andavas em digressão com a banda como vocalista. Como foi cantar canções de pessoas tão distintas?
Ashton: Gostei, adoro desafios! Existem canções maravilhosas no “Volumes” que eu gostei imenso de cantar ao vivo e também trouxe para fora algo diferente de mim. É bom ser forçado a sair da zona de conforto de vez em quando.
Por falar em digressão e espectáculos ao vivo, como foi a vida na estrada com MGT? Quão diferente foi de tocar ao vivo com outros projectos, para ambos?
Mark: Não foi muito diferente, na verdade. Trouxe comigo o meu velho colega Rich Vernon dos The Mission e banda de tour do Ricky Warwick para os concertos no ano passado e tínhamos acabado de andar em digressão no ano anterior, logo sentia-me confortável, e usamos o meu amigo Belle Star, o baterista dos Nosferatu e Killing Miranda no kit para os concertos. Logo todos eram meus amigos e o Ashton é muito fácil de conviver.
Ashton: Pois, não muito diferente de tours com os meus projectos, na realidade. Até é bastante agradável não ser o gajo responsável por tudo. O Mark e o Rich são fáceis de conviver em tour e o Belle também foi encantador. O Rich e eu conectámo-nos muito rapidamente e anseio bastante partir para digressão com ele outra vez em Março.
O que levou a assinarem com a Cleopatra Records e como é trabalhar com eles?
Mark: Já sabia da Cleopatra como editora há muitos anos, sem dúvida a principal editora “gótica” nos EUA, e calhou eu conhecer o seu A&R (Matt Green) socialmente há uns anos, através de amigos mútuos. Inicialmente pensávamos que este álbum saíria através da minha antiga editora, a SPV, que lançou o “Volumes” mas assim que o Matt ouviu algumas das misturas iniciais com o Paul Ferguson dos Killing Joke na bateria, ele e a Cleopatra fizeram-nos uma proposta que não podíamos recusar…
Ashton: Ter uma editora a apoiar um projecto relativamente novo em 2017/2018 é uma bênção.
Quais são as principais diferenças entre o “Volumes” e o “Gemini Nyte”?
Mark: O “Volumes” não tinha qualquer agenda musical além de ser maioritariamente composições musicais minhas, estava preparado para puxar a corda além do rock gótico pelo qual sou mais conhecido… Mas com o Ashton e o “Gemini Nyte” tínhamos um modelo muito específico para o qual decidimos apontar, a “The Reaping” e a “Jesamine” no “Volumes” foram muito bem recebidas e decidimos fazer todo um álbum nesse género. Não obstante, também esticamos a corda aí, com covers de Soft Cell e Stone Temple Pilots e algum indie rock na “Trading Faces”, rock industrial na “Everything Undone” e introspecção e vibes de trance em “Tear the Sun”, para nomear algumas coisas.
Ashton: Bem, a diferença mais óbvia é o facto do “Volumes” apresentar uma série de vocalistas/letristas convidados enquanto o “Gemini Nyte” basicamente vê os MGT a tornar-se uma banda, com o Mark e eu a escrever as canções juntos e claro, comigo a ser o único vocalista/letrista neste! O álbum é certamente mais focado que o antecessor por essa razão também.
Além do muito viciante single principal, todo o disco tem muitas músicas catchy e acessíveis. Houve uma procura intencional pelo apelo comercial?
Ashton: Acho que apenas escrevemos o que escrevemos. Se o Mark me manda uma peça de música que ressoe comigo, eu respondo com letras e vocais e partimos daí. Ambos produzimos os temas e vamos deitando fora até se sentir como algo que encaixe no “Gemini Nyte”. Para já temos tido muita sorte em ter tantas canções a juntar-se tão lindamente.
Mark: Eu vi a “Broken Things” como uma gémea bastarda da “The Reaping”. Foi de tal forma uma canção estupenda no “Volumes” que a estávamos a tentar superar. Tão boa de facto, que a regravámos e tornámos mais pesada e maior com bateria ao vivo e guitarras novas! Acho que tanto o Ashton como eu temos bom ouvido para uma boa melodia, e nota-se na “All the Broken Things”.
De que falam as letras encontradas ao longo do “Gemini Nyte”?
Ashton: Existe uma definitiva corrente distópica em grande parte do álbum. Acho que isto é inevitável dado tudo o que o nosso mundo e sociedade está a atravessar. Fundamentalmente tento pintar uma imagem de esperança e tento manter as canções animadoras, mesmo face à adversidade ou desespero.
Para concluir, quais são os principais planos para o futuro dos MGT?
Mark: Temos uma digressão Americana a chegar no próximo mês, como co-cabeças-de-cartaz com o Jyrki69 (The 69 Eyes) e a sua banda a solo, pela qual ansiamos muito… Temos um vídeo para estrear do nosso tributo a Stone Temple Pilots / Scott Weiland e um novo single com o Lol Tolhurst e o Pearl (aka Porl) Thompson do alinhamento clássico dos The Cure, portanto tempos entusiasmantes se aproximam…
Ashton: Sim, é maravilhoso ver todas estas peças a encaixar finalmente. Tem sido uma estrada longa mas excitante, com certeza. Espero ansiosamente por ouvir estas músicas tocadas bem alto na tour e depois umas belas e longas férias nas montanhas!