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Por estes dias, para além de podermos ter assistido à apresentação do novo disco dos PAUS, no Capitólio, tivemos igualmente oportunidade de os visitar no HAUS, estúdio onde trocámos dois dedos de conversa com Joaquim Albergaria, um dos dois donos da bateria siamesa que dá corpo e pujança ao som da banda.
Decidiram gravar os vídeos para este álbum na ilha da Madeira. Qual foi a razão? Alguma ligação especial?
A razão foram as pessoas. Porquê? Porque nós começámos a gravar o disco em Maio de 2017 e a meio da primeira sessão de gravação dos instrumentais o Pedro Azevedo, do Aleste, do MusicBox e do MIL, lançou-nos o desafio de irmos tocar ao Aleste e a gente “Ok, ‘bora falar sobre isso”. Sentamo-nos e de repente a ideia dele tinha mudado e afinal já não era no Aleste, era numa coisa chamada “Carta Branca” que é uma espécie de “eco”, segunda iteração do Aleste em Setembro, onde eles convidam artistas para fazer uma residência. Nessa altura pensámos “Ok. Então embora começar a tour do disco novo lá. Ensaiamos tudo, preparamos os concertos”, e foi nessa altura que a Madeira aparece pela primeira vez no panorama de um disco novo de Paus. Depois, como é apanagem neste tipo de processos, mudou tudo outra vez. Mudou tudo outra vez porquê? Porque nós íamos e a editora decidiu passar o disco para 2018 e não 2017, mas as coisas já estavam a andar para essa residência então dissemos “Embora manter e embora transformar o que seria o início de uma tour, no início do que seria um vídeo-disco”. Já tínhamos as músicas todas alinhavadas e então decidimos gravar os vídeos todos lá e garantir que todas as canções têm um vídeo. A partir deste momento a Madeira ganhou um bocadinho mais de corpo e começa a aparecer nas letras, porque ainda não as tínhamos feito. Começámos a pensar em letras para o disco e de repente a Madeira surge como o subúrbio mais longe de Lisboa, daí que o “L123” aparece. De repente a Madeira surge como tipo: um símbolo qualquer do poder libertador do amor, que quase te faz renascer ou emergir, e da liberdade do amor, daí aparece o “Madeira” canção. E mais uma data de coisas ao longo do disco.
No press release fala-se de uma espécie de metáfora que o álbum é de uma ilha que flutua e se deixa levar. Ao mesmo tempo falam de um ponto que está na intercepção entre as Américas, África e Europa. Estas espécies de metáforas têm algo a ver com a sonoridade e a maneira de estar dos Paus?
Eu acho que sim. Esse lado incerto, essa coisa de nos sentirmos à margem de uma data de coisas, rodeados de margens, não é? E uma coisa que é rodeada a margens é uma ilha. E foi um bocadinho essa ideia que ganhou corpo enquanto íamos criando mais e mais relação com a Madeira. Aquela coisa de “Demasiado brancos para sermos de África. Demasiado morenos para sermos da Europa”, somos o “tuga” que está bem em todo lado, mas não encaixa em lado nenhum, estás a ver? É esse lado. E o Madeira tem isso exponenciado a um nível tropical.
Este já é o quarto álbum da banda. Como tem sido o percurso até aqui? O que mudou?
Hmm… O que é que mudou? Fomo-nos tornando melhores músicos, sabendo-nos ouvir melhor uns aos outros, sabendo perceber um bocadinho mais como otimizar e potenciar a voz de cada um no seu próprio instrumento e com isso, obviamente através do próprio processo de fazer música juntos, que o processo a seguir beneficia. Quanto mais falas, quanto mais sabes ouvir, melhor fica a comunicação. Eu acho que isso é o que tem evoluído.
Todos vocês têm projetos paralelos, alguns deles com trabalhos novos também. Como fazem a gestão tanto de tempo como das ideias?
As ideias, não há uma própria gestão. Acho que as bandas todas têm identidades próprias e isso foi o que nós fomos aprendendo. Ou seja, as combinações dos músicos que nós vamos fazendo e os objectivos de expressão de cada um dos projectos, têm identidades próprias e tu, a partir do momento que entras ali naquele groove, aquilo vai por ali. Ou seja, eu diria que seria impossível os Paus terem uma canção “à’Linda Martini” e Linda Martini ter uma canção “à’Paus” e isso eu acho que é verdade para os outros projectos todos. Obviamente que há tons que se tocam, tipo expressões que se tocam, mas é porque partilham as mesmas influências.
Em termos logísticos e práticos, o truque é centralizar o máximo possível em pessoas próximas aquilo que é decidido, ou seja, o que isto quer dizer? O agente dos Paus é o Hélio e alguém que tem que gerir a sua própria agenda. Portanto esses confrontos normalmente não acontecem. O que acontece muitas vezes e que eu acho muito fixe e o Hélio safa-se bem, é as duas bandas estarem na mesma noite e ele toca duas vezes.
Acaba por ser rentável. Para ele talvez um pouco cansativo.
Para ele é rentável, logisticamente é óptimo! Uma despesa de viagem e uma despesa de estadia por dois concertos.
Mas se calhar se ele fosse guitarrista era um pouco mais fácil que baterista. Tu sabes do que falo.
Ya! Aí tens completamente razão.
Por onde vão andar a tocar este álbum? Há já datas que possam anunciar?
Agora assim que te possa dizer, temos o Carviçais Rock e temos o NOS Alive, mas temos aí mais umas coisas preparadas a arrancar em breve, nacional e internacional. Mas pronto, a comunicarmos a seu tempo.
Onde esperam que este álbum vos leve?
Estão coisas em vista para territórios onde já costumamos ir e para territórios novos também.
Europa e…?
Europa e outros continentes também.
Ok. Não vamos tentar puxar mais. Já levam 8 anos de banda? Vamos chegar aos 10?
Eu acho que sim! Eu acho que sim! Até porque é sempre sinal de saúde, emocional acima de tudo e motivacional, quando no fim de um ciclo de projectos já estás a falar e já começas a pensar: “no próximo fazemos assim”, ou seja, enquanto houver essa energia, a facilidade em falar no próximo e quando a gente for a “não sei onde” e quando formos fazer “não sei o quê”, enquanto houver discurso de futuro eu acho que estamos bem.
Enquanto houver sonho para viver…
Exacto! É isso mesmo! Enquanto houver vontade de fazer outras coisas juntos estamos bem. Quando isso já não houver…