Entrevista


Primal Attack

Um dos objectivos que tinha na composição deste disco era quebrar as limitações/rótulos do género e fazer apenas o que nos soasse bem.


Conquistaram o underground nacional de imediato com “Humans”, o seu álbum de estreia. E para o seu sucessor, “Heartless Oppressor”, os Primal Attack não retiraram o pé do acelerador e continuam num poço de agressividade e música da mais veloz e raivosa. Para entendermos melhor este trabalho, Pica, Miguel Tereso e Miranda, que ocupam os cargos de voz, guitarra e baixo na banda, respectivamente, explicam-nos o que precisamos de saber sobre as suas influências e trabalho árduo.

Parabéns pelo muito bem conseguido “Heartless Oppressor”! Como é que foi o caminho e o processo até chegarem a este segundo disco e que obstáculos e desafios encontraram nele?

Miranda – Primeiro que tudo obrigado! O processo foi o “normal”, talvez tenha demorado um pouco mais devido a algumas condicionantes marcantes para a banda, como o facto de em pouco tempo termos passado de estarmos todos a viver na mesma cidade para cada um ter voltado à sua terra. Felizmente, graças à internet, conseguimos ir preparando todo o material sem problemas.

Que alterações apontam em relação ao “Humans”? Que influências tiveram ao preparar este novo disco?

Miguel Tereso – Um dos objectivos que tinha na composição deste disco era quebrar as limitações/rótulos do género e fazer apenas o que nos soasse bem. O resultado é este turbilhão de influências que vão desde o mais simples rock ao death/black metal mas que mantém sempre presentes as nossas raízes e groove.

Miranda – Este é sem dúvida um disco muito mais complexo a todos os níveis, temos um grande gosto e vontade em experimentar e incorporar novas coisas no nosso som, o que levou a que às vezes, para fecharmos uma música o processo demorasse vários meses, mas quando finalmente a coisa funcionava, fazia valer a pena todo o tempo ali investido.

Pica – Até porque o leque de influências e gostos musicais entre nós é muito vasto, sendo o thrash o estilo menos ouvido por nós! Logo este disco é um espelho dos nossos gostos variados.

Toda a mistura e produção ficou a cargo do guitarrista Miguel Tereso. O que levou a esta decisão e como correu esse trabalho?

Miranda – Primeiramente porque assim não precisamos de gastar dinheiro! (risos) Agora mais a sério, na minha opinião, o Tereso é neste momento uma das pessoas mais capazes ao nível da produção, especialmente de metal em Portugal. Isso aliado ao facto de conhecer as músicas melhor que ninguém leva a que seja a pessoa perfeita para o cargo.

Pica – Correu bem, ele é muito bom no que faz, e isso nota-se no trabalho final.

MT – Eu tinha uma visão muito clara de como queria que as coisas soassem para este álbum e apesar de ser benéfico ter outra pessoa a pegar no trabalho e manipulá-lo de acordo com a sua percepção não adulterada pelos anos de composição do mesmo, acho que ninguém me ia conseguir aturar. (risos)

A energia e agressividade dos Primal Attack mantém-se igual ou mais intensa ainda que no “Humans”. Quanto às letras, há algo em especial de que fale este disco ou algum tema em particular?

Pica – Em termos líricos, este disco é o reflexo de 3 anos da minha/nossa vida, muita coisa mudou, era altura de ir à luta, mudar de vida, e tudo isso está bem espelhado neste registo, não esquecendo tudo o que o dia-a-dia nos oferece e que continua a ser suficiente para escrever discos bem agressivos. No entanto estão também presentes muitas mensagens de luta no sentido mais positivo da coisa.

Miranda – Eu acho que a energia e agressividade se mantêm no mesmo registo, talvez com uma roupagem diferente, às vezes pode não ser tão directa como já o foi, mas está lá de certeza.

Qual a ideia e influências por trás de um tema diferente como “Heart and Bones”? Ou outros novos elementos que se possam encontrar?

Miranda – Este álbum está recheado de experiências e a “Heart and Bones“, tanto na sua estrutura como na sua composição, foi uma das músicas que mais gosto nos deu a fazer, penso que é uma música que marca definitivamente que Primal não é apenas uma banda de thrash.

O “Heartless Oppressor” tem uma capa lindíssima. Quem está por trás da arte e qual a ideia que representa?

Miranda – A ilustração da capa foi feita pelo Aaron Slater que é um artista Inglês que encontrámos na internet. Eu e o Tereso já tínhamos identificado alguns tipos de design que gostaríamos de ter na capa do disco e quando vimos este trabalho do Aaron foi amor à primeira vista! (risos)

O disco já tem vindo a ter um bom feedback internacional. Como se sentem em relação a essa recepção geral? Ou é algo a que não costumam prestar especial atenção?

Miranda – É com grande satisfação que lemos as reviews ao disco, regra geral têm sido todas muita boas e só nos podemos sentir orgulhosos do nosso trabalho.

Pica – Uma banda como nós que quer abrir portas, chegar mais além, tem de estar atenta aos feedbacks, sempre pronta para responder a mensagens e ter um bom sentido crítico, pois só assim podemos evoluir e subir de nível!

Essa atenção e distribuição internacional já poderá ser capitalizada? Há planos de expansão para palcos no estrangeiro?

Miranda – Estando nós com a Rastilho, sabemos que o álbum tem chegado a muitos países, e também pelas mensagens que vamos recebendo um pouco de todo o mundo faz-nos pensar que o nome da banda está a chegar longe, agora daí até conseguirmos ir tocar a todos os países que gostaríamos de ir ainda vai uma distância muito grande.

Dentro ou fora do país, o que se pode esperar dos Primal Attack em palco? O que é que já aprenderam de experiências anteriores, em promoção ao “Humans”, que acham que possam vir a executar em futuros concertos?

Miranda – Penso que enquanto banda crescemos e vamos continuar a crescer, já nos conhecemos muito bem e sabemos muito bem o que contar com cada um em palco. Os nossos concertos envolvem sempre uma dose industrial de energia, e penso que isso é um dos factores que também tem resultado a nosso favor.

Como uma banda de rápido crescimento e conhecimento, até mesmo internacional, que conselho poderão dar a jovens bandas que queiram crescer e expandir-se? E como descrevem esse vosso processo de crescimento e imposição?

Miranda – Eu acho que as coisas acontecem naturalmente, o mais importante de tudo tem de ser sempre a música, se as músicas forem boas mais tarde ou mais cedo vais sempre acabar por chegar às pessoas, e a melhor maneira de o fazer é sem dúvida agarrar nessas músicas e levá-las para a estrada.

MT – Acho que é muito importante mexer e “ir à guerra”. Vejo muito pessoal hoje em dia que grava um álbum/EP e ficam deitados no sofá à espera que alguém os convide para tocar num festival gigante. Depois quando se apercebem que não é assim que as coisas funcionam, vão reclamar nas redes sociais. (risos)

Pica – E gravar a vossa música, com uma produção decente. É o vosso cartão de visita, hoje em dia já não resulta a gravação num gravador de cassetes, os ouvidos do público em geral já estão viciados, os parâmetros de qualidade subiram e muito, tal é a oferta e a qualidade da mesma, por isso guardem uns trocos e gravem a vossa música com qualidade!

Vários de vocês tinham e têm outras bandas no currículo. O que podem adiantar acerca desses projectos?

Pica – São isso mesmo, bandas de currículo, onde ficam boas memórias, e grandes momentos. Agora só existem os Primal Attack. Tirando o Mike, o nosso baterista que toca com os Cheers Leaders, todos os outros estamos 100% focados nos Primal Attack.

Para finalizar, há algo que queiram dizer aos fãs e leitores? O que mais esperar dos Primal Attack em 2017?

Miranda – Estamos neste momento a fechar datas até ao final do ano, queremos voltar a todos os sítios onde já estivemos e queremos ir onde ainda não fomos, por isso se nos apanharem pela estrada venham ver o concerto e falar connosco porque isso é o melhor de tudo isto, são as pessoas que vamos conhecendo.


sobre o autor

Christopher Monteiro

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