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A história de amor entre Portugal e os Russian Circles vai ganhar mais um duplo capítulo este mês, com o regresso da banda a Lisboa e Porto para apresentar o mais recente álbum Guidance em dois concertos que se adivinham esgotados. Falámos por isso com o baixista Brian Cook, que num tempo livre na estrada nos respondeu amavelmente a algumas questões.
Obrigado por tirares algum tempo para responder às nossas perguntas, principalmente agora que estão de novo na estrada. Como é que se sentem por dar início a mais uma nova digressão?
Sabe bem estar de novo em digressão. No Outono do ano passado estivemos na Europa a apresentar este novo disco, mas concentrámo-nos bastante no leste da Europa e em cidades da Escandinávia que nunca tínhamos visitado. Ir a tantas novas regiões fez-nos sentir que estávamos na nossa primeira digressão europeia de novo – parecia uma aventura, mas também foi um bocadinho mais stressante e cansativo que a maior parte das digressões que temos feito nos anos mais recentes. Esta viagem já é mais focada em locais onde estivemos no passado, e é gratificante de uma outra forma.
Tem sido fácil encaixar as músicas de “Guidance” nos vossos alinhamentos? Como é que o público tem reagido a estas músicas mais recentes ao vivo?
As músicas do Guidance têm funcionado bastante bem. No passado fizemos um par de discos em que um bom grupo de canções não se traduziam muito bem para um cenário ao vivo. Não tenho a certeza se foi porque passámos muito tempo a desenvolvê-las em estúdio ou se apenas fomos demasiado ambiciosos na sala de ensaios, fazendo com que criássemos canções que são mais stressantes que catárticas quando as temos que as tocar em frente a uma audiência. Mas com o Guidance encontrámos um bom balanço entre fazer músicas elaboradas e ornamentadas sem que sejam uma dor de cabeça depois.
No que diz respeito à reação do público, as pessoas parecem entusiasmadas. Nunca tenho a certeza se as pessoas querem ouvir coisas mais recentes ou os nossos sucessos mais antigos, por isso apenas tocamos o que queremos tocar e esperamos que funcione.
Sabíamos que seria apenas uma questão de tempo até passarem pelo nosso país com este disco. Ainda se lembram da primeira vez que actuaram em Portugal?
A minha memória está um bocado turva nesse assunto, principalmente porque sei que os These Arms Are Snakes tocaram em Portugal por sua conta, e que depois voltei com Russian Circles. E entre tocar com as duas bandas, esses primeiros concertos quase que se fundem numa memória colectiva. Lembro-me de tocar num barco no Porto, no Musicbox em Lisboa, e de tocar numa outra sala em Lisboa onde fizemos tocar o alarme de incêndio com todo o fumo e neblina. E recordo-me sempre de sair com a malta de If Lucy Fell e Riding Pânico, que tocaram connosco nesses primeiros concertos.
Imaginavam naquela altura que esta seria uma relação para durar? A verdade é que facilmente os concertos de Russian Circles esgotam por cá, e esta dupla data vai pelo mesmo caminho.
Não, absolutamente. Não tínhamos ideia. Ir a Portugal parecia um grande risco naquela época. Bandas como a nossa não se aventuravam muito longe na Península Ibérica. Era um risco financeiro demasiado grande. Fizemos esses concertos porque queríamos ver as cidades, mas as nossas expectativas para essas datas não eram elevadas. Acho que tivemos imensa sorte em trabalhar com o André (Amplificasom) e com as restantes bandas do cartaz. Eles trabalharam imenso para fazer desses concertos um sucesso e para nos fazerem sentir bem-vindos. Foi uma experiência tão positiva que valeu a pena sair tanto da rota padrão da digressão para voltar a Lisboa e ao Porto. E, claro, o público foi fantástico. Portugal foi sempre um ponto alto de qualquer uma das nossas digressões.
Revelavas numa entrevista do ano passado que os títulos das músicas dos Russian Circles surgiam como referências a coisas da vossa vida, a locais e pessoas que de alguma forma marcam ou marcaram a história da banda. Não posso por isso deixar de perguntar se não nos podes revelar um pouco mais da história de “Lisboa”, que fecha o “Guidance”.
Os títulos das músicas são normalmente um pouco arbitrários. Muitas das vezes são apenas reconhecimentos de pessoas, lugares ou eventos na história da banda, mas raramente se ligam directamente à música. A “Lisboa” é um pouco diferente mas apenas porque o título é directamente relevante no seu processo criativo. O Mike escreveu toda a música durante a última vez ques estivemos na cidade. Entre o soundcheck e o concerto tivemos um bocado de tempo livre e o Mike aproveitou para se sentar no backstage a tocar guitarra. Toda a música se formou nesse tempo e é muito raro que uma canção nossa se forme tão rapidamente ou de forma independente. Meses mais tarde, quando o Mike juntou um grande lote de demos para nos enviar, essa veio junto e destacou-se realmente do resto.
E, já agora, teremos oportunidade de a ouvir nos concertos por cá?
Não tocámos ainda essa ao vivo, mas vou ver se convenço o resto dos rapazes a dar-lhe uma oportunidade.
Os Russian Circles regressam ao nosso país nos dias 10 e 11 de Março, actuando no RCA Club, em Lisboa, e no Hard Club, no Porto, respectivamente.
Multi-tasker no Arte-Factos. Ex-Director de Informação no Offbeatz e Ex-Spammer na Nervos. Disse coisas e passou música no programa Contrabando da Rádio Zero. (Ver mais artigos)