Entrevista


Youthless

Este LP foi mesmo um processo de fechar coisas e deixar para trás… Como um exercício terapêutico.


Apesar de oficialmente existirem há algum tempo os Youthless lançaram o seu primeira longa-duração, “This Glorious No Age”, já durante este ano de 2016. Aproveitamos assim esse pretexto para trocar dois dedos de conversa com a banda. Confiram-na e aproveitem para o fazer ao som do excelente álbum.

“This Glorious No Age” é na verdade o vosso primeiro álbum apesar de já andarem por aí há algum tempo. Tendo em conta que lançaram o vosso primeiro EP “Telemachy”, em 2009, e depois terem feito uns quantos lançamentos pontuais, que razões vos levaram a só agora editar este primeiro longa-duração?

Nós já tínhamos o esquema do LP todo pronto (mas sem letras) em 2011 mas, um mês antes de entrar em estúdio, o Alex magoou as costas de forma muito séria e teve que voltar à sua terra natal, NYC, para fazer uma cirurgia e anos de recuperação física. Durante este tempo, ele voltava pontualmente a Lisboa e gravávamos e dávamos alguns concertos durante um mês ou dois… mas ele não aguentava muito tempo a tocar assim por isso o processo foi muito lento. Durante este tempo, nós os dois também fomos tocando noutros projectos, como os Octa Push, ou produções, como o disco de LAmA, e o nosso disco também foi mudando muito. A falta de dinheiro também afectou muito a gravação. Tínhamos que fazer tudo com equipamento emprestado, pouco a pouco. Como tínhamos pouco dinheiro para pagar ao misturador Justin Garrish (Weezer, Vampire Weekend, Strokes), ele demorou quase dois anos a misturar aquilo. Tudo foi atrasando por isso, como também já não tínhamos prazos a cumprir, demorámos o tempo que achámos necessário… Sem pressa.

Segundo o que nos contaram sobre este “This Glorious No Age” no vosso Faixa a Faixa, este álbum tem vários momentos em que homenageiam muitos projetos musicais e dos mais variados estilos. Qual foi o objetivo? Homenagear bandas que de alguma forma vos marcaram e/ou influenciam? Foi algo muito pensado ou acabou por acontecer?

Foi algo planeado. O Alex gosta de meter jogos nas coisas que vai criando… Temas ou puzzles escondidos. No primeiro EP, se leres todos os títulos das músicas de seguida, faz um poema. No nosso segundo álbum (mas primeiro LP), somos um duo, e o disco fala da mudança do mundo pré-eléctrico para o mundo eléctrico… então ele foi pondo os nomes de duos da história de rock, por década, começando com algo acústico (o primeiro duo de Marc Bolan) e alcançando algo super abstrato e digital (Lucky Dragons).

É de notar que o álbum teve um certo pensamento na sua estrutura, no alinhamento, nos temas que abordam, etc. Consideram-no como um álbum conceptual?

Sim, é híper conceptual. O Alex tem um caderno de notas com tudo o que queria fazer com o LP, como um todo e com cada música. Desde o tipo de palavras e imagens que queria associar a cada parte do disco. Foi muito pensado.

Falam também muito em deixar coisas para trás, começando logo pela vossa descrição de “Sail On”, a primeira faixa, abandonar um mundo antigo, etc. Fizeram este álbum de forma a fechar capítulos tanto nas vossas vidas pessoais como na vida dos Youthless?

Sim, exactamente! Este LP foi mesmo um processo de fechar coisas e deixar para trás… Como um exercício terapêutico. Não sei o que serão ou não serão os Youthless no futuro, mas o Alex e eu aprendemos muito e acho que isso influencia a maneira como abordamos a banda agora.

Como foi o processo de gravar todas as experimentações com efeitos e que utilizaram como background em praticamente todas as músicas? De total experimentação ou tentavam chegar a algumas ideias previamente pensadas? Qual a importância que este tipo de experimentações teve no processo criativo e qual a importância que lhe dão?

Para nós é muito importante. Nós os dois somos muito da escola de que as melhores coisas saem por acidente. Há que ter algo de improviso no processo senão é tudo muito mental e mecânico. Fazemos isso desde o princípio e até nas antigas bandas que tínhamos… por isso, brincamos com muita coisa no estúdio e vemos o que sai.

O que têm planeado para o futuro próximo? Onde vos poderemos ver a tocar e quais são as datas que nos podem adiantar?

Agora mesmo acabámos dois meses de muitos concertos! Agora vamos ter um mês de descanso e depois voltamos com alguns festivais e outras coisas.

E a longo prazo? Planeiam daqui em diante lançar trabalhos maiores com maior regularidade ou isso é algo que não vos tira o sono e preferem dar liberdade para que a criatividade flua sem limites e pressões?

(risos) Nunca sabemos o daqui em adiante. Já temos muito material escrito para um próximo LP mas também temos outros projectos que queremos levar para a frente, e o Alex está a tentar encontrar um equilíbrio entre viver em NYC e estar com a família lá, e voltar para Lisboa tempo suficiente para podermos trabalhar.


sobre o autor

Joao Neves

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