Entrevista


Few Fingers

Temos algumas influências folk e indie em comum e isso ajudou muito na criação deste álbum.


© Ricardo Graça

Os Few Fingers, tal como tantas outras recentemente, saiem da boa fornada de bandas cozinhadas por Leiria, pela mão da Omnichord Records. Com “Burning Hands“, álbum de estreia, editado recentemente pela já referida editora, e apresentado oficialmente na sua cidade mãe, não faltará muito até a sua música se propagar convenientemente pelo resto do país.

Falam na apresentação da banda numa cumplicidade musical previsível entre vocês, onde é que se cruzam e que pontos comuns são esses que depois se projectam para este projecto?
Já nos conhecemos há bastante tempo, frequentámos o mesmo liceu e começamos a fazer música praticamente ao mesmo tempo. Aliás, tocámos e compusemos coisas juntos noutros projectos. Para além disto temos algumas influências folk e indie em comum e isso ajudou muito na criação deste álbum.

A compilação Leiria Calling é apontada como a faísca que desencadeia depois todo o processo de dar vida aos Few Fingers. Havia já uma intenção anterior de começarem uma banda juntos ou nasceu mesmo tudo espontaneamente ali?
Voltámos a juntar-nos para gravar “From Pale To Red”, a canção na compilação Leiria Calling, onde convidei o André para me ajudar nos arranjos porque achava que ela pedia a sua Lap Steel Guitar. Na altura não pensávamos num álbum mas depois de ouvirmos o resultado final a ideia de continuar a trabalhar com estas sonoridades foi quase imediata. Tinha muitas canções que poderiam encaixar e fazer sentido num álbum folk, mostrei-as ao André e ele começou a trabalhar nos arranjos e a gravar, sem grandes pressas passado um ano tínhamos um álbum.

Têm ambos um passado e um presente musical com vários outros projectos, inclusive este foi o primeiro de dois discos que editas num curto espaço de tempo com duas bandas diferentes. Onde é que os Few Fingers se enquadram neste esquema e como é que é conciliar isto tudo?
Os dois discos saem pela Omnichord Records o que torna tudo mais fácil de conciliar pois a editora acaba por gerir as datas de concertos. Em termos de composição também é tranquilo; em Few Fingers sou em que escrevo as canções e sou o ”frontman”, em Bússola estou lá para auxiliar com a guitarra eléctrica e segundas vozes, são trabalhos diferentes, fáceis de distinguir criativamente falando.

©Ricardo Graça

Como é que foi o processo de composição e gravação de “Burning Hands“? Ficaram também a cargo da mistura, masterização e produção, foi uma necessidade de controlar todos os aspectos de criação e de resultado final que iam ter?
Todas as canções do álbum são inicialmente ideias minhas, algumas canções já completas com estruturas e letras definidas, outras apenas esboços que depois montamos em conjunto, posteriormente com a canção já estruturada todo o instrumental do álbum ficou a cargo do André Pereira que gravou todos os instrumentos. Na parte técnica (mistura e masterização) já tínhamos alguns conhecimentos e decidimos arriscar, se não tivéssemos gostado do resultado teríamos procurado alguém para o fazer por nós.

Lançam este álbum pela Omnichord Records, responsável pela edição de várias bandas da zona de Leiria. Como é que vêem o impacto dela na cena musical portuguesa? Acham que não sendo a Omnichord e o seu apoio talvez tivessem que optar por outro tipo de edição?
Ter uma editora num meio pequeno a querer arriscar em lançar álbuns e promover o que se faz por cá é uma grande bênção para nós músicos de Leiria e consequentemente para o país que de outra forma dificilmente iria ouvir a música que se faz nesta cidade. Sem Omnichord não haveria Few Fingers, avançamos para o projecto porque a editora nos incentivou a fazê-lo.

Conseguem ter já algum tipo de percepção de como o disco está a ser recebido?
As pessoas que gostam do disco manifestam-se e elogiam-no, para já só temos ouvido coisas positivas.

“Our Own Holidays”, um dos primeiros temas que compuseram, ganhou recentemente vida num vídeo. Porquê este tema para single e a escolha de Cem Soldos para local da sua gravação?
Era na nossa perspectiva a canção mais orelhuda e “radio friendly“ de todas, foi uma decisão fácil. Quanto a Cem Soldos a escolha vem da realizadora do vídeo, a Diana Antunes, e acabou por ser o cenário perfeito para a história do vídeo ser contada.

Podemos já confirmar a vossa presença no cartaz de 2016 do Bons Sons? Ou pelo menos a intenção de fazerem parte dele?
Nunca foi essa a intenção do vídeo… (risos) Mas sem dúvida que iríamos gostar de tocar no Bons Sons, seria bom voltar a Cem Soldos.

No concerto de apresentação do álbum, em Leiria, actuaram com uma formação “alargada”, é algo que vão tentar manter sempre que for possível?
Queremos continuar a tocar com banda quando as condições assim o permitirem, achamos que só assim as canções fazem sentido, ao serem tocadas como estão no álbum.

Têm já outras datas marcadas onde possamos escutar este disco ao vivo? Por onde vão andar os Few Fingers nos próximos tempos?
Estamos a tratar de marcar concertos e temos datas por confirmar em Lisboa e no Porto. Estejam atentos ao nosso facebook, as datas vão aparecer por lá.


sobre o autor

Hugo Rodrigues

Multi-tasker no Arte-Factos. Ex-Director de Informação no Offbeatz e Ex-Spammer na Nervos. Disse coisas e passou música no programa Contrabando da Rádio Zero. (Ver mais artigos)

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