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Não é a primeira vez que estão à conversa connosco, mas desta vez falam-nos do seu mais recente trabalho, Pulso, lançado no final do ano passado. Depois do álbum anterior, De Não Ter Tempo, que deu vida a Um Corpo Estranho, este novo disco vem assumir a identidade da banda e definir o caminho que querem seguir.
Da última vez que falaram connosco, em 2014, disseram que já estavam a pensar nos “próximos capítulos”. Este novo álbum – Pulso –, lançado no final de 2016, era um desses capítulos já em mente?
Pedro Franco – Sim. Somos o tipo de banda que está sempre a fazer canções e os discos que editamos servem de certa forma para as registar e deixá-las ir para podermos seguir em frente. Ao termos um processo de composição contínuo é natural que ao fechar um disco fiquem sempre canções de fora. Essas pontas soltas muitas vezes apontam esteticamente para outras direcções, o que nos faz antever qual o rumo que devemos seguir.
Quando olham para o início do vosso projecto musical, em 2012, e para o percurso que têm feito até agora, sentem que têm estado a crescer?
PF – Desde que lançamos o nosso primeiro EP em 2012 que todos os anos editamos conteúdos novos. Em 2013 lançámos a “O Homem Almofada” (banda sonora para uma peça baseada na obra da Paula Rego), 2014 o nosso primeiro disco de originais “De Não Ter Tempo”, 2015 a banda sonora para o bailado “A Velha Ampulheta” e agora em 2016 o nosso segundo álbum de originais “Pulso”. Tem sido um processo lento e moroso mas bem alicerçado. Não sei responder se temos estado a crescer, mas sei que estes anos trouxeram-nos mais experiência e somos cada vez mais cúmplices. Parece sempre que começámos ontem e acho que nunca parámos para fazer esse balanço.
Como é que se desenvolveu o processo de criação deste novo álbum? Houve alguma inspiração de fora?
PF – Não houve inspiração exterior para este disco. Como referi anteriormente, quando fechámos o “De Não Ter Tempo” deixámos temas de fora. Aproveitámos alguns para este novo disco e nunca parámos de compor novos. O processo de criação do “Pulso” foi muito semelhante ao primeiro disco. Gravámos quase tudo no nosso pequeno estúdio, e quando sentimos que o disco já tinha vida levámos para um estúdio maior para regravarmos e aperfeiçoarmos algumas partes. Fazemos sempre questão de nesta fase dar liberdade criativa aos músicos que trabalham connosco. Somos todos amigos de longa data e confiamos muito no trabalho e opinião deles.
O que é que podemos encontrar neste novo disco que não encontrávamos no álbum anterior (De Não Ter Tempo)?
PF – O primeiro disco foi para nós o parto mais difícil. Foi aquele que nos permitiu descobrir o nosso caminho sonoro. Eu e o João temos gostos em comum mas também opostos. O Corpo Estranho acaba por ser o nosso acordo de cavalheiros, o compromisso a que chegamos enquanto pessoas com vivências diferentes. Se este projecto bicéfalo deu vida ao Corpo Estranho no primeiro disco, o segundo disco “Pulso” deu-lhe identidade e o caminho a seguir. Continuamos a gostar de canções. Acho que é esse o objectivo do Corpo Estranho… Tentar fazer canções honestas e despretensiosas. Os temas que fizemos nos últimos anos para o teatro também nos fizeram querer trazer instrumentais para os nossos discos cantados.
Qual é a grande mensagem que podemos desvendar em Pulso?
Pedro – Os temas neste disco continuam a abordar muito a condição humana. É um assunto que nos diz bastante. Há sempre muito para escrever sobre amores e desamores e a vida em geral. Decidimos dar a este segundo disco o nome de “Pulso” pelo duplo significado que a palavra tem. Se por um lado pulso significa força e uma tomada de posição, por outro lado também significa vida e sangue. Lançar este segundo disco para nós foi como que dar um murro na mesa, dizer que continuamos aqui. Ser independente não é fácil. Compor, gravar, editar um disco e assumir todas as rédeas do processo é desgastante. É preciso querer muito, ter muita paixão e coração… É preciso Pulso.
“Scarlett” e “Onde Quero Arder” são o primeiro contacto visual que temos com o álbum. Podemos esperar mais videoclips de outras músicas deste novo disco?
Pedro – Sim. Já estamos a planear novos videos. O Corpo Estranho é muito mais do que eu e o João. Muita gente veste a camisola neste projecto. A parte do vídeo tem ficado a cargo da TOM AND JELLY e da GARAGEM. O António Aleixo, o Mário Guilherme e o Pedro Estevão Semedo são os grandes responsáveis pelos nossos videos. Normalmente reunimos-nos com o António para falarmos sobre as nossas ideias e damos-lhe liberdade criativa para fazer o que quiser. A confiança é total e os resultados não nos podiam deixar mais satisfeitos.
Apesar de as vossas músicas serem todas em português, consideram vir a atuar e a levar a vossa música para fora?
PF – Muito honestamente não pensamos muito nisso. Quando eu e o João decidimos avançar com este projecto, um dos principais objectivos era e ainda é, fazer musica que nos permita envelhecer connosco. Queremos que o projecto faça parte dos nossos dias, das nossas famílias. Pontualmente e se fizer sentido não vemos porque não levar a nossa música para fora, mas não é um cavalo de batalha para nós. Portugal não é só Lisboa e Porto e levar a nossa música a todas as outras cidades do nosso país é algo que gostamos muito de fazer. Aprendemos ao longo destes anos a tocar em qualquer tipo de situação. Tanto tocamos em duo na mesa de um café só com instrumentos acústicos, como num palco grande com a formação completa. Tornámos-nos uma banda de guerrilha e essa capacidade de adaptação tem-nos permitido tocar em locais improváveis e conhecer pessoas incríveis ao longo destes anos tornando as coisas sempre pouco monótonas e interessantes.
Quanto a este ano em que acabámos de entrar: Já têm datas para concertos e para levarem este novo álbum aos ouvidos dos portugueses de Norte a Sul do país?
PF – Estamos a marcar datas para este ano sim. Temos algumas coisas apalavradas mas nada de concreto.
E quanto a 2017: vai ser o vosso ano?
PF – Não somos banda de ter o nosso ano. Gostávamos muito de conseguir editar com regularidade e construir um corpo de trabalho sólido. Se tudo correr bem, pode ser que um dia essa consistência no nosso trabalho nos dê algum tipo de reconhecimento. São essas as bandas que gostamos e respeitamos. Para já não pensamos em nada disso… Só escrever boas canções… E isso já é muito!