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O álbum de estreia de Rod Krieger chama-se “A Elasticidade do Tempo” e é hoje editado. O título, inspirado por uma conversa com Lucinha Barbosa, esposa do Arnaldo Baptista (fundador da banda psicadélica brasileira, Os Mutantes), remete ao poder que temos de esticar o tempo. E como isso nos leva a pensar que tudo é relativo dentro da expectativa que se cria. Uma forma de diminuir a ansiedade, talvez. Enraizar, estar presente.
O disco fala sobre isso através da experiência pessoal do artista entre o pré e o pós fim dos Cachorro Grande, banda de que fez parte durante 15 anos e que teve uma agenda intensa de concertos de norte a sul do Brasil, inclusive, com apresentações onde dividiu o palco com Rolling Stones, em 2016, Oasis, na última digressão da banda, em 2009, Primal Scream, The Stooges e Supergrass, entre outros.
Apesar de ser fã de clássicos do rock, sempre simpatizei com grupos que utilizam outras sonoridades, como elementos eletrônicos ou instrumentos inusitados. Para a faixa de abertura do álbum, escolhi Louvado Seja Deus, pois ela apresenta muitos timbres musicais que têm se fixado no meu ouvido nos últimos anos. Foi o primeiro single do disco, a letra fala sobre conhecimento interior e de invocar forças ocultas. A única que não tem bateria acústica, na textura, quis colocar um punch anos 90 e um baixo com Fuzz gravado pelo meu amigo de infância, Eduardo Barretto.
Sempre quis fazer uma música que tivesse as batidas parecidas com os Stone Roses. Todos Gostamos de Você era uma balada de violão que foi crescendo aos poucos. Demorei muito para chegar ao resultado final, cada vez que ia mexendo, acrescentava um instrumento. A letra é uma espécie de conversa do nosso interior com o corpo que habitamos. Uma mensagem de apoio para aguentarmos as pressões do cotidiano.
O meu primeiro LP dos Beatles foi o Revolver, isso me fez ter um carinho por bandas dessa época. Senti que precisava de uma música com essas referências no disco. Ela surgiu depois de uma aula de Sitar com Fábio Kidesh, que, aliás, gravou o instrumento no disco. Eu queria uma coisa meio no clima de Taxman, Day Tripper, ela era uma música longa, no meio tinha um solo de sitar com uma parte mais lenta, mas depois que fiz o riff de guitarra deixei ela curta e direta. A letra foi inspirada no livro Um Novo Mundo: O Despertar de uma Nova Consciência, escrito por Eckhart Tolle.
Foi inspirada nas bandas de folk psicodélico dos anos sessenta. Pode até se dizer que é a mais psicodélica do álbum, a letra foi escrita bem no momento em que eu resolvi mudar meus hábitos. Recordo que foi um dia longo e uma noite também, mas necessária para essa mudança e para a composição. É uma canção com várias interpretações, na hora de escrever rolou uma espécie de fluxo de consciência as palavras foram saindo sem querer, como se ela fosse psicografada… não teve aquela coisa de sentar e escrever uma letra pensando em algo. Depois que entendi o que ela queria dizer.
Eu morei em um edifício no Guarujá, litoral de São Paulo, que tinha esse nome. O prédio tinha uma vista incrível e alguns arranjos do álbum foram compostos lá. Na letra, tentei começar todas as frases com a mesma palavra, uma coisa meio Arnaldo Antunes. E a base saiu naturalmente, queria fazer uma balada estilo Beatles, fui brincando e ela veio naturalmente. Aquele tipo de música que quando você vê, ela está pronta.
Faixa instrumental do álbum. Por muito tempo pensei em colocar uma letra nela, mas senti que não haveria espaço. Estava trabalhando nas prés do disco e saiu esse riff sem querer, acho que também foi depois de uma aula de sitar, como a maioria das faixas do disco. Tinha apenas o esqueleto dela e, quando coloquei a guitarra, queria uma coisa meio Keith Richards, acho que é a única música que foi gravada com uma guitarra Telecaster.
Um dia estava no apartamento da minha esposa, ainda éramos namorados e não morávamos juntos e, enquanto ela estava cozinhando, eu vi algumas luzas da janela, não sei o que era, mas sei o que senti. No outro dia, fui para casa, sentei no piano e essa balada veio de uma vez só. Na faixa está o piano que eu gravei em casa, naquele dia. Eu e Ricardo Prado, que assina a produção do disco comigo, usamos muito das coisas que eu fiz em casa, preferimos deixar a coisa mais natural possível.
Durante os intervalos das gravações do álbum, os discos que mais escutamos foram o Olelê, da Ultramen, Rap é Compromisso, do Sabotage e o do Tony Bizarro, chamado Nesse Inverno. A base da música já existia há algum tempo e eu não tinha uma melodia, estava tentando fazer uma letra mais cantada como o Ian Brown e, sem querer, cantei a música Vai Com Deus, do Tony, que, quando encaixou, senti na hora que devia gravá-la. Fica registrado as horas de festa das gravações nessa faixa.
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)