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Imaginado e gravado entre Lisboa e a ilha da Madeira, “Água-Má” é o mais recente disco de Filho da Mãe e é aqui descrito faixa a faixa por Rui Carvalho.
Esta música nasce na praia mesmo. Em férias, num formato mais “canção”, mais típico do Mergulho do que o resto das músicas deste disco. Foi a primeira “coisa” a sair e a definir-se como o início de um hipotético disco. Esteve para saltar algumas vezes, mas agarrou-se às rochas. Passei a tocá-la numa guitarra velhinha que tenho em casa… foi ficando cada vez mais praia.
Esta tem vários momentos desde a linha inicial até a uma parte do meio que só descobri mais tarde. Gravei-a na sessão do HAUS em Lisboa, diferente daquilo que acabou por ficar no disco quando gravei no Funchal. A música parece que quer voltar atrás constantemente embora “lute” para não o fazer. Às vezes na vida tentamos voltar atrás, na maioria das vezes, não recomendo.
Bem vindos a um nome estúpido, que adoro. Os meus ombros não sabem o que fazer quando tento dançar, abano-os como se tivesse vários periquitos chatos a morderem-me as orelhas. Para além disso sou péssimo a geografia. A minha música também. Perde-se em todo o lado e nunca sabe onde está ou para onde está virada. Os meus ombros reflectem isto, mas continuam a abanar sem saber bem o que estão a dançar.
Gravei numa casa no Funchal. Os microfones apanhavam as rajadas de chuva da Tempestade Emma que atravessava a Madeira e os cães que co-habitavam a casa não se calavam. A certa altura achei que quando tivéssemos um take sem chuva nem cães, tínhamos música. Não sei se terá ficado mesmo sem chuva nem cães mas o nome ficou.
Bom… não danço mesmo. Muito menos esta música. Embora a ache muito “dançável”, tenham paciência, não sei o que fazer com as mãos.
Estávamos rodeados de bananas. Bananas por todo o lado, nem uma foto tirei com bananas. Ficou a música.
Esta quando a trouxe do continente, era uma música muito rítmica e muito bem comportada. Quando se pôs a beber poncha, num improviso, deu nisto. É das músicas que gosto mais do disco, não foi planeada nem nunca tinha pensado nela assim. Estava cansado de tocar e a gravar saiu-me uma certa dose de má onda nesse take. Fiquei muito mais bem-disposto a seguir.
Passámos um noite no Barreirinha – quartel-general do Festival Aleste no Funchal – a ver as ondas a galgarem o pontão onde normalmente se realiza o festival, até que o destruiu parcialmente. As ondas chegavam a uma altura impressionante, ficou-nos na cabeça. A tempestade acaba por engolir o disco e a música. A tempestade ganha sempre.
São os sons da casa em que gravámos. Fica como o pano de fundo de toda a nossa gravação. É aquela faixa que vou visitar algumas vezes de phones para sacar um sorriso e matar saudades.
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)