Na sua maioria, as letras deste álbum não são diretas e objetivas, abrindo assim espaço para o significado que cada um quiser projectar nelas. No conceito da banda, a voz funciona como um instrumento e todas as partes são igualmente importantes.

Desta maneira de ver as coisas advém também a nossa necessidade de dar bastante espaço a interpretações individuais, pois o que nos interessa é a ideia de colectivo em que todos (banda e ouvintes) podem participar, de uma forma ou de outra.

O casamento entre o ritmo, as melodias instrumentais e vocais, a produção e as componente eletrónicas usadas, formam uma energia que achamos ser muito própria tendo em conta o panorama musical nacional.

Tentámos fazer algo completamente novo criado da raiz, e que de alguma forma toque as pessoas de forma especial. Queremos deixar o nosso cunho na música portuguesa criando uma energia “Meses Sóbrio”, e achamos que este primeiro álbum é apenas o início da jornada.

“Amanhã é Noite” é um disco composto por oito músicas e dois temas que servem de interlúdio.

Este tema e o próximo dão início à viagem, e são as faixas mais dançáveis e directas do álbum.

“Cai a Manta” aborda o procrastinar (algo que o vocalista da banda fez durante uns anos, até descobrir o caminho que procurava), e simultaneamente a sensação de vitalidade que advém da quebra com o ciclo da conformidade e do medo.

Esta está relacionada com o facto de estarmos constantemente a ser moldados por pessoas e pela sociedade no geral, acabando assim por perdermos um pouco da nossa identidade, a troco de uma máscara socialmente aceitável.

Fala sobre a inexistência do tempo, pois fomos nós que criámos essa ilusão para conseguirmos dar uma ordem e sentido ao que é real, o momento.

A sombra acaba por ser, de forma metafórica, as substâncias que consumimos ao longo da vida para fugirmos àquilo que é a nossa realidade quotidiana. A música fala sobre essa experiência, aos olhos de alguém que se sente de certa forma algo inadaptado aos moldes de vivência “normais” em sociedade.

Foi a primeira música criada de todo o álbum. Ela surgiu na altura do lançamento do nosso EP e fez parte de todos os concertos que tivemos até hoje.

Sabíamos que esta música tinha uma energia ligeiramente diferente das outras (do EP) e por esse motivo quisemos que o nosso primeiro álbum fosse uma derivado desse tipo de sonoridade.

Vai ser sempre uma música especial para todos os membros da banda, e por todas estas razões decidimos dar o mesmo nome ao álbum. “Amanhã é noite” significa tudo aquilo que está para além do que conseguimos conceber racionalmente. A “noite” simboliza os mistérios que não conseguimos desvendar, as perguntas para as quais não temos resposta, o que existe para além do consciente, e na generalidade tudo que para nós é inalcançável, ou que pelo menos o aparenta ser à vista desarmada.

Assim como o título, a letra que compõe a musica também parece não fazer grande sentido, pelo menos numa visão mais pragmática e objectiva, mas a verdade é que tem. O sentido é muito próprio e diz respeito ao percurso de uma pessoa, e só ela saberá descodificar a mensagem pois foi ela que a codificou.

Nesta faixa especialmente, a banda sente que os ouvintes conseguem descobrir o seu próprio sentido da música entrando na viagem sonora.

Esta foi a última música a ser composta para o álbum, e foi construída em apenas um ensaio. Tudo surgiu com muita naturalidade e tudo se manteve quase inalterável desde que a tocámos pela primeira vez. A letra só foi escrita após a composição instrumental.

Para o vocalista, esta letra é a mais bem conseguida de todo o álbum, pois nela há uma identificação muito direta do seu percurso de vida, trilhado de forma independente da falsa forma de olhar para o “tem que ser”.

É uma música que não volta para trás. Tem uma estrutura não convencional de quatro partes, ABCD, ou seja, introdução, “refrão”, bridge e final.

É dos temas mais progressivos e espaciais do disco, e por essa razão achamos que é o que mais define a banda.

A parte final da música é para nós o culminar perfeito de todo o álbum, um orgasmo de cor e vida. A letra é curta mas com uma mensagem forte. Está relacionada com história de vida de uma amigo, mas também do próprio escritor, o vocalista da banda.

A temática valoriza todas as pessoas que tiveram a coragem e audácia de dar a volta à sua vida, e criar de raiz uma nova realidade para si próprias.

Este tema instrumental, que serve de interlúdio, foi composto num fim de semana de banda numa casa num monte alentejano, e a sua simplicidade é apenas um registo sonoro da energia serena que nos rodeava.

À semelhança da faixa “À Tua Espera” este interlúdio instrumental é uma meditação sobre serenidade.

O sample de pássaros a voar no início é importante para dar essa ideia, tanto que inicialmente a música esteve para se chamar simplesmente “Pássaros”.