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Em jeito de comemoração do aniversário da ZigurArtists e da quinta edição do TRC ZigurFest, desafiámos os artistas Zigur a escolher um tema do nosso catálogo, para o recriar à sua imagem. O resultado é uma colecção de 10 temas que vão ver a luz do dia no dia 28 de Agosto. A Antologia estará à venda, numa edição limitada, durante o TRC ZigurFest 2015.
A frase “You make me feel like no other” pode ser dita em vários contextos. Escolham um ou dois e pensem nisso!
A Lethargy é uma das melhores músicas escritas por um projecto da ZA – que entretanto se perdeu entre demos – e que nos remete para o início da editora. É uma espécie de eco, se quiserem. Esta interpretação resulta da ressonância da Lethargy nas nossas cabeças, que aqui é explorada numa fusão electro-acústica. De um estado de letargia (em que todas as partículas do corpo estão paradas, a lutar por entrar em contacto com as emoções) construímos um ambiente confortável, quente e calmo.
Neste veículo conduzido a quatro mãos, Start surge como linha de partida rumo a uma meta desconhecida. A reconstrução atrasada de um outro começo, desta feita por caminhos mais sinuosos, sem atalhos. Sem nome, sem tempo.
Este tema contém samples do tema Bangin’ Whoopee, do Twisted Freak, e um sample de voz totalmente “crazy-shitty-corny-lascivious-doped-springbreaker” retirado a um tema dos anos 90 que desenterrei lá em casa.
É a isto que soa a minha casa na Islândia. O disco de MAHOGANY, “a house in iceland”, é um doce, por isso fiz esta estranha colagem sonora como forma de agradecer ao MAHOGANY pelo belíssimo disco que ele fez.
Para este desafio de recriar um tema editado pela ZA escolhi uma música de Morsa. Depois da destilação do tema, sobrou a voz simultaneamente sensual e irónica da Daniela Pina, que juntei às ambiências quase assombradas de azul-revolto.
Esta faixa foi feita a partir de uma demo extremamente lo-fi. Por isso, aproveitei muitos dos ruídos que se ouvem ao longo da gravação original e juntei um delay constante, para tentar criar uma experiência rítmica aquática. Obrigado a toda a gente em Morsa por terem criado uma melodia tão poderosa, que perdura através de todos os ruídos e da aparentemente pobre qualidade da gravação.
José Santos, o homem por detrás de Tales and Medodies, é um talentoso songwritter, o mais aproximado que temos de um trovador. A prova disso é a facilidade que se encontra ao pegar nas suas canções, com qualquer instrumento, sem desvirtuar da sua identidade basilar. A canção ‘Ode to the Moon’ não é excepção e, na minha opinião, é uma das mais belas e adaptáveis canções escritas por ele. A ideia para esta versão surgiu durante um ensaio de piano; Ao tentar tocar a música, sentia a canção como se fosse uma carta escrita por um homem ao seu amor impossível. Uma mulher que ele podia ver todos os dias, à mesma hora, à mesma distância, e por alguma razão não se conseguia aproximar. Repetidamente, todos os dias… todo o maldito dia… Uma recorrência eterna. Com base nesta interpretação mudei um verso do refrão de “You’ll come to rule my life” (Virás para comandar a minha vida) para “You come to ruin my life” (Chegas para arruinar a minha vida) de forma a enfatizar o momento em que ele compreende que esta recorrência (de esperar por ela só para a ter de deixar ir só para ver sem a tocar) está a levá-lo a um estado de loucura, quase demência quase letárgica, em que este estado de espera pela lua é a sua razão de viver, e um bom motivo para morrer.
“Walser tenta perceber se a separação brutal entre o funcionamento do motor da máquina não é algo semelhante à separação entre o coração de um homem e esse mesmo homem. Tinha lido que um ataque cardíaco não mortífero era relatado assim: o órgão afasta-se de nós, a grande velocidade… mas depois regressa.”
A faixa original de C(u)ore & Colours é como um convite, de uma voz externa, a sairmos da escuridão para começarmos a viver (“start to do some living”), e nos conduz, serena e alegremente, a um harmonioso e dançável lado da vida. Na minha interpretação foquei-me na frase “spent so much time in the dark” (tanto tempo passado no escuro) e na ideia de como a escuridão pode afectar a nossa voz interior que, em desespero, nos pede para fugir dessa escuridão. Toda a faixa que apresento é uma materialização da desconstrução do argumento psicoterapêutico da música original, que nos é trazido por uma voz externa (e distante), constantemente repetida por uma voz interior, de forma mecânica, utilizando diversas linguagens e em reverso como uma tentativa desesperada para aceitar o caminho da escuridão para a luz em toda em toda a sua plenitude, incluindo todo bem, todo o mal, prazer e dor, tudo parte do mesmo caminho, tudo ao mesmo tempo.
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)