whosputo

Art of Decay
2020 | Edição de Autor | Soul, R&B, Electrónica

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Formados em 2018, os whosputo são uma banda de Lisboa composta por Raimundo Carvalho (voz/ guitarra), Miguel Fernandez (bateria), Tom Maciel (teclados) e Tiago Martins (baixo).

Para o álbum de estreia, editado a 6 de Abril, juntaram-se ainda neste projecto Filipe Paes (produtor e teclista em Sequin) e Luís Lucena (guitarrista em Quatro Quarto e Melquíades) na produção de 9 das 10 faixas do álbum. A masterização ficou a cargo de Hugo Valverde, finalizando assim uma produção independente, e bastante DIY.

#1 Purple Vests

Esta faixa abre o álbum porque durante muito tempo, talvez ainda, seja a música que para os elementos da banda mais profundamente representa a proposta dos whosputo. Ela nasceu de uma assentada e foi a primeira música em que decidimos assumir que este projecto iria ter uma veia de música electrónica. Todo o tema se baseia na dualidade rítmica do oscilador do sintetizador principal, com o beat acentuado e sincopado da bateria. Esses foram os primeiros elementos a surgir, ao que se juntou a ideia de criar uma lógica harmónica que condizia com o já referido frenesim sintetizado. A letra baseia-se numa espécie de sonho, como um desabafo, em que o sujeito se tenta desvendar a si próprio e aos seus anseios. É como um cenário esfumaçado por uma tempestade de cores e objectos dissociados, no qual aquele se tenta movimentar à procura de algo ou de alguém que lhe forneça sentido. Há quase sempre uma alma gémea a quem o sujeito se dirige à procura de uma cura, ou à procura de uma beleza incerta.

#2 Brace Yourselves

Esta malha fala sobre um estado de êxtase. Gostamos de pensar que ela tem um Groove funk – ahah – e o ostinato do sintetizador principal é o seu motor. Esta tema nasceu depois de um serão no antigo (?) EKA Palace e descreve, talvez abstratamente, o que um raver sente quando vai a uma festa. “Brace yourselves and dance, dance your way through this”.

#3 Floating

Esta música é o nosso primeiro single. Achamos que ela representa o lado mais energético ou “good vibes” do repertório. É também aquela que mais herdou o papel das texturas electrónicas, tendo nascido com o beat e a linha de baixo sincopada. Em termos instrumentais é, talvez, um pouco densa e por isso a letra é assumidamente naive e leve, apesar de abordar o final de uma relação e o distanciamento emocional de alguém em relação ao mundo à sua volta.

#4 Be A

Esta é claramente a “balada” romântica do álbum (risos). Foi escrita no dia a seguir a um dos membros do grupo ter ido ao teatro ver uma peça em que algum dos actores eram seus amigos e, no final do espectáculo, no backstage ter ficado infantilmente embeiçado por uma das actrizes que também fazia parte do elenco. Tentamos descrever o que passa nas entranhas de alguém quando fica fascinado com uma pessoa – a curiosidade, o anseio, o desconforto de não saber como abordar a coisa e a inevitável romantização fantasista que se cria à volta do acontecimento.

#5 Same

Esta música surge do riff da guitarra principal e foi uma tentativa de criar uma canção mais no estilo RnB, com uma fórmula pop presente. Dessa forma, a início, foi como uma ida ao laboratório: tentar aplicar uma equação com uma matéria-prima específica, o Groove funk, up-beat e o riff soulish. Daí surgiu algo relativamente diferente, que talvez seja ainda mais do nosso agrado. Em termos líricos, achamos que a voz aborda o mesmo tipo de conceito que a Purple Vests – um sujeito em processo interior, que procura ou idealiza a sua cura através da sua entrega a alguém, de uma forma (aqui também) naive.

#6 Whole Again

Esta faixa foi o nosso segundo lançamento do ano passado, enquanto single. É curioso, porque quando começamos a colaborar com o Filipe Paes (um dos produtores do albúm, juntamente com o Luís Lucena), não tínhamos a intenção de incluir esta canção num trabalho final. Ela surgiu numa altura em que o nosso vocalista estava a auto desafiar-se a compor e produzir pequenas canções, como sketches de temas, para o Soundcloud, no mais curto espaço de tempo possível. Da ideia inicial à primeira forma de mistura teriam que, no máximo, passar 3 horas para o processo estar completo. Por isto, nunca foi encarada como um candidato sério a um primeiro álbum. No entanto, o Filipe gostou desde cedo dela e quis produzi-la. Com o input artístico dele, a malta começou a pensar que afinal tínhamos single e assim foi. A letra fala, mais uma vez, de um processo interior, mas desta vez em modo de história e desabafo. É uma confissão dreamy sobre luxúria, com laivos de masoquismo e pré-depressão, em forma de romance.

#7 Everybody Says

Por boa parte de 2018, o nosso vocalista e baterista, bem como uma grande amiga nossa, estiveram envolvidos na programação artística nocturna de uma Associação emblemática, em Lisboa. Às milhentas estórias que têm para contar sobre essa experiência, junta-se também uma imensidão de novas pessoas que melhor ou pior tiveram a oportunidade de conhecer. Esta malha é um take cómico sobre o diferente tipo de nichos e estilos de pessoa que acabavam por se poder testemunhar e ver representados semanalmente no espaço.

#8 Why?

Este tema serve de introdução à faixa seguinte do álbum. É uma reflexão sobre a dificuldade do sujeito em assumir um compromisso emocional, ou aproximação humana verdadeira em relação a algo ou alguém. Surgiu de uma ideia de piano, que acabou por originar na Why dont you?, mas que mais tarde decidimos assumir e incluir neste elenco como intro.

#9 Why dont you?

Esta canção, como referido no número anterior, surgiu de uma ideia de piano que nos lembrou, em parte, o universo dos Soul Aquarians, mais especificamente o Vodoo do D´Angelo. Gostamos de a encarar como a nossa humilde homenagem a essa obra-prima, com umas vestes mais nossas (claro). É uma história dividida em 3 actos, que retratam a “tri-polaridade” de ideias e imagens que temos quando pensamos em alguém que já não faz parte do nosso quotidiano – o isolamento, a nostalgia e a constatação do presente.

#10 Inhale

Esta foi a última faixa a ser composta de todo este elenco. Talvez por isso seja a última, ou porque é a única que é inteiramente composta, produzida e misturada por nós. Surge de um sample de piano que o nosso vocalista gravou em casa dos pais e de uma história que ouvimos falar sobre uma pessoa com quem nos cruzamos nos espaços que costumamos frequentar em Lisboa e que à altura em que a escrevemos estava a passar um mau bocado. A letra pretende ser como que uma intervenção espiritual e anímica (nada de auto-ajudas aqui) junto de alguém que está a passar mal, como que “mais para lá do que para cá”. Uma tentativa de dizermos a nós mesmos, aos nossos amigos e a todos que por vezes se sentem na m**** que podemos todos ficar melhores e que estamos cá para ser amparo uns dos outros.


sobre o autor

Arte-Factos

A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)

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