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O disco de estreia de Iguana Garcia, gravado no HAUS, intitula-se Cabaret Aleatório e chega no próximo dia 29 de Setembro. E caso se estejam a perguntar o porquê deste título, essa é apenas uma das várias curiosidades que são desvendadas em baixo, nesta descrição faixa a faixa.
Nota do autor: Cabaret Aleatório tem uma substancial inspiração num período da minha vida em que parto em direcção a Marselha para acompanhar o meu melhor amigo na sua mudança de vida para esta cidade francesa. Não quero passar uma mensagem pessoal, pois pretendo que cada ouvinte se relacione com a música à sua maneira. Mas explicar as faixas seria impossível sem esta breve nota.
Primeira música que compus como Iguana Garcia. O cenário é a ligação Lisboa-Marselha feita de carro, passando por Madrid e Barcelona. Normalmente uma viagem começa com a pujança necessária para se alcançar o destino. Lança o mote do álbum, beats electrónicos, teclas espaciais, solos de guitarra que acompanham o crescendo da música, sínteses experimentais…
Continuação directa da música anterior, qualquer estrada tem momentos de entusiasmo e momentos de quebra. Simboliza o imaginário introspectivo que advém da aventura em vencer quilómetros com o volante na mão. “Eu já pensei em deixar de ser feliz para ser normal…”, não me proponho a definir o que é ser feliz ou ser normal, apenas o desabafo convencendo-me a mim mesmo que o caminho é este!
Provavelmente o momento mais carinhoso do álbum. É uma espécie de RnB electrónico tropical que reflete sobre uma relação importante. As suas falhas egoístas inevitáveis desculpadas pelo sentimento mais forte de união, o peso que as memórias têm no prolongar de um momento especial. É o amor em estado de condensação.
Faixa que dá nome ao álbum. “Cabaret Aleatoire” é o nome da discoteca mais “Lux” de Marselha e não é por acaso que baptiza a minha estreia discográfica. Num trabalho tão pautado por batidas de dança é apenas normal que houvesse uma reflexão sobre esses hábitos de “clubbing” tão satisfatórios como efémeros, tão grandiosos como insignificantes.
Porque qualquer noite de “clubbing” que valha a pena acaba de manhã, nos braços quentes dos primeiros raios de Sol. A maior parte das vezes estamos mais degradados do que pensamos, mas geralmente há sempre uma sensibilidade madura associada a estas memórias difusas.
Período de descanso. O sintetizador toma controlo das acções por pouco mais de um minuto e conta uma história de corpos estendidos ao Sol a aproveitar o mais simples da vida, o repouso.
O tema mais ambíguo deste cabaret. Começa confiante e gingão com uma clara inocência funk de menino, mas aos poucos, desenrola-se um enredo negro e dúbio, um psicadelismo denso de tormenta. É uma espécie de ode ao crescimento. Todos nós começamos a nossa infância com uma simplicidade na leitura do mundo, tudo é o nosso parque infantil. Mas à medida que a idade adulta se aproxima, a incerteza paira sobre os nossos corações e os mais simples actos ganham o peso da decisão reflectida.
Para concluir este trabalho, um questão eterna. Será que ser completamente livres é aquilo que todos nós desejamos? Conhecemos bem o dogma da vida nómada, a beleza de ocupar o espaço e tempo indefinidamente sem criar rotinas. E sabemos também de pessoas que abraçam essa realidade da maneira mais verdadeira. Mas por vezes alimentamo-nos desse pensamento de forma ilusória, nem todos sabemos ser felizes a viver assim. O ponto de equilíbrio entre o nomadismo e o sedentarismo pode demorar uma vida a ser encontrado.
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)