//pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
Captain Boy solta as amarras e avança em nova viagem sonora com a edição de ‘Memories and Bad Photographs’, o segundo longa duração da carreira do músico de Guimarães. «Este álbum é diferente, é totalmente baseado nas minhas memórias. Umas mais antigas, outras mais recentes, mas todas minhas.»
O álbum tem oito faixas. Cada uma parte de uma recordação. Ou, melhor, da recordação de uma recordação.
«Quando olhamos para trás, a ideia com que ficamos das coisas que aconteceram raramente corresponde à realidade. As nossas memórias são versões do que aconteceu… um best of – ou worst of, dependendo das circunstâncias – daquilo que se passou e, sem nos darmos conta, as memórias vão mudando connosco e com o tempo. Há um pormenor que desvanece, que já não conseguimos precisar e deixamos esses espaços vazios à mercê da nossa imaginação. Daí as ‘Bad Photographs’ porque as memórias não são retratos fidedignos da história mas nem por isso são menos importantes», argumenta o artista, que irá acompanhar a edição física do álbum com uma fotografia por cada música, fotografias essas tiradas pelo dedo amador do próprio.
Novo disco é também sinónimo de nova estética. Uma mudança que se reflete no processo de composição dos temas e nas soluções encontradas para os arranjos. «Uma das decisões que tinha tomado depois de editar o álbum anterior foi a de que, num disco futuro, queria dedicar mais tempo à produção de cada música e eu próprio tocar todos os instrumentos. Por isso, neste álbum fiz a produção das músicas no meu estúdio e toquei alguns instrumentos que nunca tinha tocado, como os teclados e piano, e fiz todos os arranjos, como é caso dos solos de guitarra».
É uma música sobre e para o cão de família, um dálmata, que me acompanhava em tudo lá em casa. Às 19h em ponto, estava no cimo das escadas a abanar a cauda.
“the clocks
keep marking seven
you should have stayed”
Um dia um amigo disse-me que gostava de pisar um sítio na terra que não tivesse sido pisado por ninguém. Ainda que a originalidade seja relativa à percepção da nossa curta passagem pelo mundo, temos todos um sorriso ferrugento. Acordamos todos os dias, praticamente com a mesma rotina, vivendo num loop contínuo. E o mundo, que já estava aqui há muito, já viu todos os nossos sorrisos “originais”.
“We sit here
Like one hundred or more
We spell the same words
The world has heard before”
Esta é uma música baseada numa memória de indisposição e desconforto, sobre a importância de nos abrirmos às pessoas de quem mais gostamos mesmo que isso as possa magoar.
“It doesn’t feel like home
Even when I’m in your room
I lost my shoes outside
Kicking in my pride”
A ‘Running Friend’ é a continuação da ‘I Left My Shoes Outside’. Fala duma viagem pela mente, à procura de alguma serenidade por entre a ansiedade que a mudança habitualmente traz.
“Away from the noise
we drove by the trees
Far from the horns
Closer to the bees”
Quando eu via uma corrida de carros e queria ser piloto, ou via um filme e queria ser actor, ela dizia com toda a paciência dizia: “brinca a isso meu filho, assim também te entreténs”. Era novo e não percebia, mas percebi mais tarde. Entreteve o tempo. E, enquanto isso, entreteve-me a mim, com amor e sorrisos. Cuidamos um do outro, fomos crianças em conjunto, mas ela foi sempre a avó.
“A roupa a secar na corda
Foi posta com os braços no ar
Prendeu o tempo com molas
Deixou a camisa a pingar”
Este tema é sobre a minha infância, sobre uma casa na árvore que construí, as viagens com os meus pais e a explicação de coisas simples, como a razão da água cair do céu.
“Look up
You can taste the rain
The clouds carried it
All the way from Spain”
A ‘Miss Guilt’ é sobre um momento em que acordei no vazio, aquela fração de segundos em que não sabemos onde estamos e, de repente, temos uma sensação de culpa a invadir-nos a cama e o corpo. A culpa consegue ser a pior companhia, consegue entrar-nos em todos os sentidos, amplificar todo o erro, ecoando vezes sem fim. Ainda mais quando acordamos e não nos lembramos de muito.
“Miss guilt woke up early
I could feel the smell of bread
Laying over the crumbs
On the cold side of the bed”
Esta música foi o primeiro single do álbum. É sobre uma rapariga, um balão e o que de bom levamos para casa quando saímos da festa mais cedo.
“This time we’ll go home
When the party still goes on
We’ll take the melody
When we’re gone”
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)