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Não faço a mínima ideia do que estou a falar quando estou a fazer canções. Para mim os sons são montes, planícies, cidades, mares. Não tanto a cor, mais os contornos. Mas divirto-me mais tarde a pensar porque o que fiz. Gosto de encontrar uma razão, uma correspondência. Como se fosse outra pessoa a procurar explicação para o facto das coisas serem como são.
Foi uma das primeiras ideias que gravei para este disco. Não era para ser uma canção, apenas um apontamento instrumental. A demo original abre o disco. Quanto ao morcego, é personagem central da história. O morcego sou eu. É também o Andy’s Chest do Lou Reed: “I would be a bat and come Swooping after you.
É uma imagem vaga dos meus tempos de liceu. Sigo por entre as cores do planeta azul.
Peguei no refrão do Bob Dylan. A canção foi feita antes dele ganhar o prémio Nobel. Nem imaginava tal coisa. De resto resto é a constatação que os tempos estão sempre a mudar quer queiramos quer não.
Ao sol à beira rio. Otis Redding com outra ponte em vista. Mas parecida.
Esta foi a primeira canção em que usei o método de fazer letra e a música em simultâneo. A letra foi saindo atrás da música sem nenhuma ideia específica. Deixei apenas fluir os sons. Depois peguei no nome de uma banda psicadélica brasileira dos anos setenta, “O Perfume Azul do Sol” e acrescentei a segunda estrofe.
A guerra do Pacífico. Ou das Malvinas. Cenário apocalíptico.
É uma das mais antigas. O arranjo foi feito a partir de três dias de longas sessões de improvisação. A letra foi feita a tirada de títulos dos livros que tenho na estante ao lado do computador. Só o verso “Três balas sem som” fui eu que inventei. Vem a seguir ao “Três rosas amarelas” do Raymond Carver.
Feita num dia de muito calor. Ninguém gritou nesse verão. Marrocos.
O morcego ataca de novo.
Começou também por uma imagem vaga. Depois foi inevitável. Tinha de entrar mais alguém.
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)