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Cristina Branco desafia e reinventa o fado, inovando na expressão musical tradicional do género que melhor representa Portugal pelo mundo. E fá-lo com uma alegria antagónica à melancolia que é central ao fadista, pois a vida é pintada com todas as cores e são as memórias mais felizes que perduram no tempo.
Em Branco encontra-se com letristas e músicos contemporâneos para colaborações inesperadas, que atravessam estilos e geografias, o que por si é um espelho da nossa herança multicultural colectiva.
A primeira cor, o tema que levantou o véu do Branco e mostrou ao que vínhamos. Música e letra inspiradíssima do Filipe Sambado, fala de um descontentamento generalizado, daquela sensação de que já vimos e experimentámos tudo e agora “já não peço o que falta por não ter o falta”.
O tema que mais me toca neste disco, por duas razões distintas. A primeira óbvia, da incomensurável passagem do tempo, do desgaste dos objectos de uma vida toda. Ao contrário do primeiro tema, aqui acontece a aceitação de um quotidiano. A outra razão é a descoberta de um grande autor, o André Henriques, a brotar para a beleza das palavras, abrindo espaço para o texto musical entrar na grande família da literatura de grande nível!
Uma história muito bem contada, e com imenso sentido de humor, pelo Jorge Cruz. Podia ser um romance contado / cantado em 3 minutos. A vida de alguém desde os bancos de escola, de uma frescura adolescente até ao desgaste de um casamento e uma vida em família requentados, desagastados culminando num frágil confronto com a realidade da passagem do tempo. O videoclip deste tema completa o tríptico de vídeos idealizados e realizados pela Joana Linda para o Branco, e rodados na Madeira, numa viagem inesquecível!
Um tema pueril, transpira a jovialidade própria da autora, a Beatriz Pessoa, e lança-se num encontro com o doce desconhecido. É como no realismo mágico, somos nós aumentando num espelho muito cor-de-rosa. São os vintes, onde tudo é/era possível! Um momento muito especial do nosso concerto ao vivo!
Uma pergunta escrita pelo Kalaf sobre a cama musical do Mário Laginha, com quem é sempre um prazer imenso colaborar. Podia ser a sequência do “Namora comigo “ naquela fase fogosa de um amor mundano, desenfreado.
A música mais surrealista deste disco, quer pela sonoridade que necessariamente teve que se adaptar a 3 instrumentos acústicos, quer pelo surrealismo do texto “ouvi as tuas mãos ”, “vi uma voz”. Foi o primeiro texto para uma canção, escrita em português pelo Afonso Cabral [de You Can’t Win Charlie Brown].
O Sérgio diz que podia ser eu. «Tacão alto descalçado e cabelo despenteado» De todos os autores deste disco, o Sérgio melhor que ninguém conhece o terreno que eu piso, as palavras e as voltas que eu gosto de dar na música. Sem ter procurado ou forçado, o tema está cantado muito perto do universo dele, Sérgio. Para mim fica o sabor de uma homenagem a alguém que admiro e de quem já ouvi horas e horas de faixas dos seus discos. Da vitrola, do longplay ao AirPlay!
Uma introspecção da dupla inigualável, André Henriques e Filho da Mãe. Uma viagem cheia de solidão na pessoa daquela história. Para mim, não sei bem porquê, será sempre a música que caberia perfeitamente num episódio de “Guerra dos Tronos”.
Este é o tema “Beach Boys” do disco! A letra é um desfiar de recordações de uma história que ficou na eminência de acontecer, tecidas pelo Peixe e Nuno Prata.
Alguém disse que o texto, do Kalaf, podia ser a descrição do pequeno quarto de Van Gogh em Arles! É reconfortante de facto, está cheio de imagens e é ao mesmo tempo a reflexão de quantas vidas cabem numa voz. Tomo-o como meu porque já são realmente muitas vidas na minha voz! O autor da música é uma descoberta recente para mim, o jovem angolano Toty Sa’Med.
Há aqui uma toada meio a puxar a Cabo-Verde. É o carpir de uma mágoa. Propus inicialmente ao Luís Figueiredo escrevermos a letra a duas mãos mas ele chegou, no dia seguinte, com uma letra e uma música tão perfeitas e tão Suas, que me pareceu perfeito assim.
O tema mais aproximado ao universo do fado. Foi assim que o Luís Severo o idealizou e assim se cumpriu. Minha sorte é jogar aos dados com a vida sem saber o que vai sair.
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)