Fugly

Dandruff
2022 | Saliva Diva | Rock

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Com Millennial Shit, em 2018, os Fugly deram a volta a Portugal, à Europa. A carrinha, o seu panzer do rock turbo negro, ficou demasiado cansada e morreu. Agora têm uma carrinha nova e um álbum novo, que traz consigo um novo mestre dos tambores, Ricardo Brito (esse mesmo).

O rock dos Fugly não tem que enganar, vai buscar as referências certas aos seus antecessores dos 90s, cheira a garagem, a suor, a festa, e à cerveja que lhes falta no frigorífico. Se os encontrarem, ofereçam-lhes uma rodada.

#1 Stay in Bed

Foi um desafio manter a simplicidade desta música e acho que o resultado final foi bastante satisfatório. O tema anda à volta de 2 acordes aos quais complementamos mais dois como passagem para fechar cada volta. Parece que a música está dentro de um interminável ciclo e acabou por ser esse o mote para a letra, o estado de inércia e falta de motivação que nos consome porque entramos na rotina do trabalho e pouca disponibilidade mental existe para se ser criativo. A música acaba de uma forma abrupta como urgência de sair desse hábito.

#2 Heavy Weight Champion

O Loureiro começou a criar a linha de guitarra que abre a música numa altura em que estávamos há horas a tocar numa sala, a tentar criar novos temas e cada um já estava para o seu lado a inventar riffs e batidas. Começámos a partir daí e achámos que a forma cómica como esta linha aparece fez-nos lembrar música de desenho animado, tipo Phineas e Ferb. Alcunhámos a música de “Lenny” enquanto que não tínhamos letra. O Lenny é um pintor que estava num atelier ao lado da sala onde estávamos a tocar e regularmente aparecia com as suas opiniões sobre o que estava a ouvir.

#3 Nice Chair, May I

Faz parte dos nossos devaneios enquanto que estávamos no processo criativo deste álbum. Acabou por ser uma ideia que não resultou em nada, mas é daqueles “e se’s” que ficou no ar.

#4 Mom

Esta surgiu um pouco mais tarde no álbum. Já estávamos fora da fase da criação das músicas e mais investidos na gravação quando a concebemos. “I Love you Mom” era aquilo que passava pela cabeça do Jimmy quando gravámos o instrumental, e achámos piada haver uma música rock sobre amor de mãe. Somos todos filhos de pais separados, e (quase) todos filhos únicos que viveram maior parte da infância ao abrigo da Mãe por isso acaba por ser algo que ressoa com todos. Fala também das expectativas que os nosso pais nos colocam e da emancipação em relação às escolhas profissionais. É daquelas malhas que inicialmente pareciam que não iam dar em nada mas no final acabou por nos surpreender pela positiva.

#5 Sober

Sem dúvida a música mais fora do nosso elemento neste álbum. Combina uma data de brincadeiras rítmicas de cada membro, a estrutura exige uma maior concentração de todos e para o Jimmy o maior desafio foi encontrar a letra e a melodia certa para a voz. Sentiu-se que tinha de ser algo mais ou menos sussurrado, o que é algo que não é normal em mais nenhuma música nossa.

#6 Wrong Pong

Outra brincadeira que encontrámos no nosso baú de riffs que não maturaram.

#7 Quiet

Mais um riff que saiu do imaginário do Loureiro. A ideia foi colocarmo-nos na mente de uma pessoa que acredita em tudo o que vê no ecrã e não faz os seus próprios julgamentos. Um hino à falta de noção.

#8 Old Age Mutant Sewer Punks

A música mais difícil em termos líricos. Em termos musicais foi uma criação bastante orgânica, mas a letra teve imensas alterações. No geral todos os letras foram aprimoradas, talvez por sentirmos a necessidade de haver uma voz mais presente, mas sem dúvida que neste caso foi uma batalha. Sabíamos que a coisa puxava para o tema “Punk”, tem quase um sabor a Black Flag, Dead Kennedys ou Descendents. No meio de tantas ideias surgiu este devaneio de uma criatura mutante que é uma simbiose de humano-punk com tartaruga ninja com zombie que vive no esgoto e vem à superfície para desafiar a autoridade.

#9 Noodle Poodle

Uma pequena viagem que serve de separador para a fase final do disco.

#10 Music

Foi das primeiras que fizemos para o álbum. Estávamos no início de 2019 quando começamos em trabalhar em temas novos após um ano de muitos concertos . Na altura o Jimmy tinha entrado em falência, ficou sem dinheiro para pagar a renda e surgiu-lhe esta ideia. Acaba por ser uma dedicatória a todos os criativos que não conseguem suportar financeiramente a sua arte. Foi talvez a música mais difícil de concretizar em termos vocais, passámos horas a experimentar diferentes formas de cantar e até questionámos se fazia sentido continuarmos a tentar acabá-la. Felizmente conseguimos e é das nossas músicas favoritas.

#11 Wasteland

A Wasteland foi outro dos temas que apareceu logo no início do ano de 2019. Faz um bocado “pandã” com a Stay in Bed no que toca à temática. Imaginou-se alguém numa pocilga de comida, cerveja, charros e televisão. Acabámos por utilizar essa música como inspiração para as nossas t-shirts feitas pelo Rudolfo.

#12 Space Migrant

Uma das mais divertidas de se tocar e gravar. Tal como no disco anterior, acabámos por fazer uma malha mais pop-rock sem querer. Fomos atrás de um riff meio “Dad-Rock”, o Brito adicionou uma batida a tocar nos aros da bateria, o Rafa meteu ali um “fat bass” e logo aí percebemos que esta ia ser uma para o álbum. Imaginámos um cenário de um Extraterrestre que chega ao nosso planeta e tenta integrar-se com humanos mas acaba por ser marginalizado por muito que se esforce em viver sobre as regras da nossa civilização. Como será um passaporte intergalático? Talvez um dia iremos descobrir.

 

Próximas datas de apresentação de “Dandruff“:

18.03.2022 – Maus Hábitos, Porto
19.03.2022 – Matéria Urgente/Mavy, Braga
25.03.2022 – Salão Brazil, Coimbra
26.03.2022 – Casa da Cultura, Setúbal
02.04.2022 – Galeria Zé dos Bois, Lisboa


sobre o autor

Arte-Factos

A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)

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