From Atomic

Deliverance
2020 | Lux Records | Dream Pop

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Os From Atomic são uma banda que nasce em Coimbra, em 2018, pela ideia de Alberto Ferraz desafiar Sofia Leonor a fazerem algo em conjunto, aos quais se juntou mais tarde Márcio Paranhos, formando-se assim o núcleo ‘atómico’.

Deliverance“, álbum de estreia, é hoje editado e tem selo da conimbricense Lux Records. Gravado e produzido nos estúdios da Blue House por Henrique Toscano e João Silva, tem mistura e masterização de João Rui, contando com colaboração em uma faixa de Rui Maia (X-Wife, Mirror People).

Nas palavras dos From Atomic, “Deliverance” apresenta-se como uma descida às profundezas inerentes ao processo de concepção de identidade. Intemporais, as palavras reagem ao impulso incontrolável de procurar entender como sentir e aceitar o mundo. Ao expor as fragilidades que tanto nos atormentam, ousamos acreditar que o que nos rodeia poderá não ser (inteiramente) real. Um sentimento de alienação corre nas veias de cada verso e cada compasso. O conflito é palpável à medida que descemos essa escuridão, mas a representação daquilo que nos define, desaba na vontade de sentir que há escolha, que podemos de alguma forma mudar a nossa natureza. O ímpeto que circunscreve este primeiro álbum é uma confrontação constante com o nosso reflexo e instiga o passado a suspirar ao ouvido, enquanto golpeia as memórias que nos escorrem pelas mãos.

#1 Heaven's Bless

A referência do porquê nos terem rotulado de “dream pop, fresh wavy, magical, atlantic flavour” (in Tosta Mista, com Álvaro Costa). Primeiro single da banda, com gravação e videoclip feitos literalmente na garagem. A escolha da música para tema principal fez-se com uma sondagem/votação entre amigos dos três membros da banda. Ganhou este tema. Intervenção divina?

#2 Better Than

Introspecção, viagem pelo “inner self”, revelação da alma a si próprio. Bem na senda do título do álbum, é uma música de liberação, redenção, emancipação.

#3 Face up

Com uma frescura e ligeireza que tentam trazer um pouco de variedade ao som que caracteriza os vários temas. Não podemos sempre queixar-nos dos fantasmas, há que os espantar de vez em quando.

#4 Dancing Demons

Mas se não os podes espantar, junta-te a eles. Uns pozinhos de Yeah Yeah Yeahs, uma pitada de Joy Division, salteada com o cunho pessoal de cada um dos from atomic, esta é uma música que fizemos para dançar até cair para o lado.

#5 Eon

O título deste tema é uma homenagem aos Modern Eon, que inspiraram o baixo. A letra acaba por conter uma fórmula inerente a qualquer linha de tempo, ao solenizar de certa forma uma letra dos The Smiths; se passarmos a vida a fazer algo que não gostamos realmente, nunca vamos ser felizes. Independentemente do tempo que passe, no individuo tudo se renova, tudo se repete.

#6 Juliette

Com o título completo “Where is Juliette”, este é um tema com letra inspirada numa viagem a Verona e em todo o cenário mágico-romântico-dramático encontrado naquela cidade e em alguns espaços em particular, em torno da famosa história de Shakespeare. “All those coloured notes” do refrão, evoca o local mais conhecido da cidade, que apesar de descaracterizado pelo turismo de massa, consegue manter uma aura que abafa os barulhos exteriores.

#7 Double Stake

Epítome do que significa From Atomic: do simples átomo à máxima potência nuclear numa mera música de alguns minutos, aqui fica um pequeno vislumbre da banda; este tema, que se inicia só com voz e três notas de baixo sofre uma evolução contínua num crescendo de forma até à explosão final. Num ambiente aerial from atómico, a letra lembra que há sempre duas faces da moeda. E não, não fala de bifes.

#8 Heartbeat

O single escolhido para apresentação do álbum, que dispensa apresentações, com toda uma história e conceito revelados na apresentação do mesmo ao público. Deixamos o lamiré para quem não leu: ambiente twin peakiano, com batidas dramáticas, bem marcadas, para lembrar a personagem de que o coração ainda bate, apesar da dúvida permanente. Refrão vibrante feito de propósito para ficar no ouvido como uma carraça que não despega.

#9 Eyes

Os nossos olhos são ingénuos… demasiadamente ingénuos; sem os outros sentidos, crêem em tudo o que vêm, acreditam piamente no que lhes dizem, não distinguem o certo do errado, são como crianças, susceptíveis de aceitar os rebuçados oferecidos por um qualquer estranho.

#10 Ligths

Adaptada de uma música original do nosso Alberto Ferraz, feita para outro projecto, mas que em bom tempo a trouxe para nós. Potente, vibrante, Lights permite-nos criar um momento de grande fulgor e energia. Tanto altamente sincopada, qual zona de montagem de uma fábrica do século XIX, como destabilizadora com guitarras berrantes, cumpre o papel trazer luz àquele “sonho” infindável que não sai do modo “repeat”.

#11 Shapes

A simplicidade da letra e das notas mascaram este tema que nada mais é do que uma música de intervenção moderna. A individualidade de cada um a si pertence tal como a interpretação que cada um fará desta Shapes, criando a sua própria opinião da mesma.


sobre o autor

Arte-Factos

A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)

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