The Dirty Coal Train

Dirty Coltrane Volume I e II
2020 | Edição de Autor | Rock

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Depois de um álbum duplo cheio de convidados, “Portuguese Freakshow“, e um álbum em trio gravado “ao vivo em estúdio” no Brasil, “Primitive“, os The Dirty Coal Train voltam a baralhar cartas e a dar novamente.

Para começar, assinam o disco novo como Dirty Coltrane, tal como faziam no início da banda, voltam a esta assinatura no ano em que celebram 10 anos de projecto. Depois parece que reduziram os convidados nas gravações para centrar grande parte da instrumentação no duo Ricardo e Beatriz. Espalharam as canções de Dirty Coltrane Volume I e II por uma edição em LP de vinil + CD ou uma edição limitada em LP de Vinil + cassete com lançamento no passado dia 16 de Outubro.

* de 1 a 21 – Vol I, de 22 a 39 – Vol II

#1 One trick pony

O álbum começa com uma declaração de intenções:  a banda assume mais uma vez o seu gosto pela simplicidade garage punk e expressa-o na principal frase do tema: “i’m a one trick pony with a broken leg”. É uma carta de amor aos Ramones, aos Dead Moon, aos Cramps, aos Half Japanese, … como tantas outras cartas que se lêem nas entrelinhas dos temas anteriores da banda na procura do seu novo som mas sempre com o pezinho no passado a impulsionar o novo salto no escuro (Não será essa a fórmula do progresso do rock desde que bebeu na pia batismal do blues?”).

#2 Mule

Desde que os Dirty se centraram mais no trabalho de Ricardo e Beatriz e que os concertos de Tiger Picnic se tornaram pontuais nos intervalos dos Dirty não seria de estranhar aparecer em Dirty um blues punk bem à moda de Tiger Picnic com temática rural.

#3 Blue Jean baby bop

Um garage punk com piscadela de olho ao rockabilly de Gene Vincent

#4 Snakebite

Um riff mais “atípico” para a banda e um final que pega em Glenn Branca, Rhys Chatam e Sun Ra e faz uma versão “caseira” para interpretação em duo.

#5 Lo-fi rocketship

Este tema apareceu originalmente como surpresa de prenda de anos do Ricardo para a Beatriz e foi trabalhado depois para esta versão final.

#6 Hit

Fala de não ir em cantigas de propaganda política que prometem mundos e fundos a quem é explorado mas que mantêm uma agenda de exploração ainda maior nas propostas políticas. Contra esse fosso enorme entre conversa e propostas concretas o duo fez este rock de inspiração no gospel yeah-yeah do the make-up.

#7 Knife calquitos

Para quem não sabe, os calquitos (ou “kalkitos) eram uma espécie de autocolante que se colocava na pele para os miúdos simularem tatuagens. Este tema fala sobre isso e sobre um mosquito cocaínado.

#8 Bye bye love

Brincadeira com os grupos que se dedicavam a compor harmonias vocais para vários vocalistas (“Vintage Harmony Groups”) com uma piscadela de olho a Nicholas Cage (ator que o duo adora) em “Peggy Sue got married”

#9 Riding the rails

O Ricardo é um resmungão e acha que os últimos 3 álbuns do Nick Cave não lhe enchem as medidas. A Beatriz mandou-o calar e fazer ele um tema que gostasse como se fosse o Cave. Claro que é uma missão falhada à partida mas mesmo assim o Ricardo fez uma linha de baixo e rabiscou isto.

#10 Good old days (Ornette Coleman)

Versão para um dos temas preferidos musico de free jazz.

#11 This world

O duo neste tema atirou-se à fórmula do “stomp” do rock com aquele ritmo bem martelado que os Cramps tão bem faziam.

#12 Shit king of Skullfuck Mountain

Um instrumental dedicado a todos aqueles políticos que centram as suas propostas apenas em correr com os “culpados disto e daquilo” sem quererem resolver a ponta de um corno “disto e daquilo”.

#13 Indian Joe

O Joe indio gosta de coelhos brancos, nunca leu um livro e vive com a cabeça enfiada no chão. Os cowboys da cocaína só lhe f###m a vida.

#14 Wacky races

Um instrumental com piscadela de olho ao surf e à série de animação homónima.

#15 Donkey

Um punk blues dedicado ao burro do duo e que já têm sido tema obrigatório nos concertos ao vivo.

#16 The Fall

Com Pete Beat dos Act Ups na bateria Beatriz conta a história de um extraterrestre que lhe aterrou no quintal Uma resposta garage punk ao fado de Amália “O Senhor Extraterrestre”.

#17 Waltz

Reinterpretação de um tema da 1ª demo gravada a solo pelo Ricardo. Aqui com Maria Côrte no violino.

#18 Hey MF (DeCanja)

Versão para um original da 1ª banda onde Ricardo e Beatriz tocaram juntos, os DeCanja. Com participação da vocalista dos DeCanja: Miss Volatile e de Pete Beat dos Act Ups na bateria.

#19 Requiem por um freak

Mais um tema em português. Desta vez um rockabilly bem sujo sobre continuar a acreditar em sonhos.

#20 Holy engines

O grupo atira-se novamente ao tema das rendas a empurrarem pessoas e salas de concertos para fora de casas que ocupam à décadas. Um punk curto e grosso como a temática exige.

#21 Clusterfuck

Instrumentalmente foram beber aos Velvet. Na letra Ricardo descreve as notícias que estavam a dar nesse dia no final do ensaio: tinham bombardeado uma escola na Síria mas ainda assim o ênfase foi para o grupo de adolescentes portugueses que partiram um hotel em espanha e para o futebol.

#22 Millennial Kid

O duo já tinha ameaçado responder ao desafio de alguns amigos para fazer um tema comprido. “Quando e se nos apetecer”. Parece que foi agora. “Millennial Kid” é um tema punk de 9 minutos em que o duo diz que a culpa de “os miúdos só terem merda na cabeça” é de quem teima em colocá-la lá (através de políticas educativas obsoletas, discursos de ódio e pop chata como o caraças entre outros). Deixa a proposta: “ás vezes o rock salva os putos”.

#23 Frog blues

Mais um blues da Beatriz sobre amontoar montes de estrume de ovelha e ter um sapo a guardar a porta.

#24 The Neurotic Bartender

Reinterpretação de um tema da primeira demo gravada pelo Ricardo. Desta vez num tema de estrutura muito pouco convencional e novamente acompanhados pela Maria Côrte no violino.

#25 Punk Rock Anthem #1

Mais um tema que a banda já rodou ao vivo aqui numa nova roupagem e com Nick Suave na bateria.

#26 Sunglasses at night (Corey Hart)

Uma versão para um tema chavão dos anos 80, aqui em guitarra fuzz e guitarra limpa.

#27 Le cauchemar de Dracula

Um rock com cheirinho a surf inspirado num dos 1ºs VHS que a Beatriz viu ainda novinha na versão dobrada em Francês.

#28 Pangolim

Novamente em português desta vez o Ricardo tentou estragar a fórmula do Fausto em versão lo-fi.

#29 Gone

Regresso ao garage punk mais cru e directo com uma piscadela de olho à Goner Records.

#30 Fullblownhardon

Não há nada mais excitante que alguém a ler um bom livro!

#31 Indian Heart

Tema composto depois de uma tour no Brasil em que o duo sobrevoou uma Amazónia cheia de incêndios.

#32 Lake of Cucamonga

Um instrumental com um pé no surf e outro no easy listening e na exótica.

#33 Z

Citações de Nietzsche entre a letra do duo tudo por cima de um baixo distorcido e da bateria de Nick Suave. O que há para não gostar?

#34 Ballad of Decermilo

Uma balada para um casal de assassinos de arredores de Viseu.

#35 The loner (Neil Young)

Um momento mais calmo com uma versão para um tema caminho do Neil Young. Pete Beat na Bateria e Nick Suave no orgão.

#36 Gringo Aburrido

Um tema que foi originalmente editado numa versão ao vivo no split com o argentino “Trash Colapso”. Aqui com Ricardo a manter apenas a voz de Beatriz e algumas das guitarras do original para fazer uma piscadela aos trabalhos de corte/cola dos Nurse With Wound.

#37 Escatologia (versão instrumental)

Versão instrumental para um tema que o grupo fez para o rapper Genes colocar voz.

#38 Casino (versão 2)

Versão do tema originalmente editado no split com Strobe Talbot. Aqui centrada em com vozes, órgão, latas e castanholas.

#39 A work of fiction doesn’t

Piscadela de olho lo-fi aos Birthday Party e aos Swans. Letra de Old Rod Coltrane, um dos primeiros membros dos the Dirty Coal Train e também elemento dos Puny e Coudland.


sobre o autor

Arte-Factos

A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)

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