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Depois de um álbum duplo cheio de convidados, “Portuguese Freakshow“, e um álbum em trio gravado “ao vivo em estúdio” no Brasil, “Primitive“, os The Dirty Coal Train voltam a baralhar cartas e a dar novamente.
Para começar, assinam o disco novo como Dirty Coltrane, tal como faziam no início da banda, voltam a esta assinatura no ano em que celebram 10 anos de projecto. Depois parece que reduziram os convidados nas gravações para centrar grande parte da instrumentação no duo Ricardo e Beatriz. Espalharam as canções de Dirty Coltrane Volume I e II por uma edição em LP de vinil + CD ou uma edição limitada em LP de Vinil + cassete com lançamento no passado dia 16 de Outubro.
O álbum começa com uma declaração de intenções: a banda assume mais uma vez o seu gosto pela simplicidade garage punk e expressa-o na principal frase do tema: “i’m a one trick pony with a broken leg”. É uma carta de amor aos Ramones, aos Dead Moon, aos Cramps, aos Half Japanese, … como tantas outras cartas que se lêem nas entrelinhas dos temas anteriores da banda na procura do seu novo som mas sempre com o pezinho no passado a impulsionar o novo salto no escuro (Não será essa a fórmula do progresso do rock desde que bebeu na pia batismal do blues?”).
Desde que os Dirty se centraram mais no trabalho de Ricardo e Beatriz e que os concertos de Tiger Picnic se tornaram pontuais nos intervalos dos Dirty não seria de estranhar aparecer em Dirty um blues punk bem à moda de Tiger Picnic com temática rural.
Um garage punk com piscadela de olho ao rockabilly de Gene Vincent
Um riff mais “atípico” para a banda e um final que pega em Glenn Branca, Rhys Chatam e Sun Ra e faz uma versão “caseira” para interpretação em duo.
Este tema apareceu originalmente como surpresa de prenda de anos do Ricardo para a Beatriz e foi trabalhado depois para esta versão final.
Fala de não ir em cantigas de propaganda política que prometem mundos e fundos a quem é explorado mas que mantêm uma agenda de exploração ainda maior nas propostas políticas. Contra esse fosso enorme entre conversa e propostas concretas o duo fez este rock de inspiração no gospel yeah-yeah do the make-up.
Para quem não sabe, os calquitos (ou “kalkitos) eram uma espécie de autocolante que se colocava na pele para os miúdos simularem tatuagens. Este tema fala sobre isso e sobre um mosquito cocaínado.
Brincadeira com os grupos que se dedicavam a compor harmonias vocais para vários vocalistas (“Vintage Harmony Groups”) com uma piscadela de olho a Nicholas Cage (ator que o duo adora) em “Peggy Sue got married”
O Ricardo é um resmungão e acha que os últimos 3 álbuns do Nick Cave não lhe enchem as medidas. A Beatriz mandou-o calar e fazer ele um tema que gostasse como se fosse o Cave. Claro que é uma missão falhada à partida mas mesmo assim o Ricardo fez uma linha de baixo e rabiscou isto.
Versão para um dos temas preferidos musico de free jazz.
O duo neste tema atirou-se à fórmula do “stomp” do rock com aquele ritmo bem martelado que os Cramps tão bem faziam.
Um instrumental dedicado a todos aqueles políticos que centram as suas propostas apenas em correr com os “culpados disto e daquilo” sem quererem resolver a ponta de um corno “disto e daquilo”.
O Joe indio gosta de coelhos brancos, nunca leu um livro e vive com a cabeça enfiada no chão. Os cowboys da cocaína só lhe f###m a vida.
Um instrumental com piscadela de olho ao surf e à série de animação homónima.
Um punk blues dedicado ao burro do duo e que já têm sido tema obrigatório nos concertos ao vivo.
Com Pete Beat dos Act Ups na bateria Beatriz conta a história de um extraterrestre que lhe aterrou no quintal Uma resposta garage punk ao fado de Amália “O Senhor Extraterrestre”.
Reinterpretação de um tema da 1ª demo gravada a solo pelo Ricardo. Aqui com Maria Côrte no violino.
Versão para um original da 1ª banda onde Ricardo e Beatriz tocaram juntos, os DeCanja. Com participação da vocalista dos DeCanja: Miss Volatile e de Pete Beat dos Act Ups na bateria.
Mais um tema em português. Desta vez um rockabilly bem sujo sobre continuar a acreditar em sonhos.
O grupo atira-se novamente ao tema das rendas a empurrarem pessoas e salas de concertos para fora de casas que ocupam à décadas. Um punk curto e grosso como a temática exige.
Instrumentalmente foram beber aos Velvet. Na letra Ricardo descreve as notícias que estavam a dar nesse dia no final do ensaio: tinham bombardeado uma escola na Síria mas ainda assim o ênfase foi para o grupo de adolescentes portugueses que partiram um hotel em espanha e para o futebol.
O duo já tinha ameaçado responder ao desafio de alguns amigos para fazer um tema comprido. “Quando e se nos apetecer”. Parece que foi agora. “Millennial Kid” é um tema punk de 9 minutos em que o duo diz que a culpa de “os miúdos só terem merda na cabeça” é de quem teima em colocá-la lá (através de políticas educativas obsoletas, discursos de ódio e pop chata como o caraças entre outros). Deixa a proposta: “ás vezes o rock salva os putos”.
Mais um blues da Beatriz sobre amontoar montes de estrume de ovelha e ter um sapo a guardar a porta.
Reinterpretação de um tema da primeira demo gravada pelo Ricardo. Desta vez num tema de estrutura muito pouco convencional e novamente acompanhados pela Maria Côrte no violino.
Mais um tema que a banda já rodou ao vivo aqui numa nova roupagem e com Nick Suave na bateria.
Uma versão para um tema chavão dos anos 80, aqui em guitarra fuzz e guitarra limpa.
Um rock com cheirinho a surf inspirado num dos 1ºs VHS que a Beatriz viu ainda novinha na versão dobrada em Francês.
Novamente em português desta vez o Ricardo tentou estragar a fórmula do Fausto em versão lo-fi.
Regresso ao garage punk mais cru e directo com uma piscadela de olho à Goner Records.
Não há nada mais excitante que alguém a ler um bom livro!
Tema composto depois de uma tour no Brasil em que o duo sobrevoou uma Amazónia cheia de incêndios.
Um instrumental com um pé no surf e outro no easy listening e na exótica.
Citações de Nietzsche entre a letra do duo tudo por cima de um baixo distorcido e da bateria de Nick Suave. O que há para não gostar?
Uma balada para um casal de assassinos de arredores de Viseu.
Um momento mais calmo com uma versão para um tema caminho do Neil Young. Pete Beat na Bateria e Nick Suave no orgão.
Um tema que foi originalmente editado numa versão ao vivo no split com o argentino “Trash Colapso”. Aqui com Ricardo a manter apenas a voz de Beatriz e algumas das guitarras do original para fazer uma piscadela aos trabalhos de corte/cola dos Nurse With Wound.
Versão instrumental para um tema que o grupo fez para o rapper Genes colocar voz.
Versão do tema originalmente editado no split com Strobe Talbot. Aqui centrada em com vozes, órgão, latas e castanholas.
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)