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Os eborenses Uaninauei editaram em 2014 o seu álbum “Dona Vitória“. Desde então têm vindo a apresentá-lo ao vivo sempre que possível e no próximo dia 19 de Fevereiro, no Sabotage Club, em Lisboa, terão mais uma oportunidade de escutar algumas das suas músicas. Para já, e em jeito de antecipação, a banda desvenda alguns dos segredos contidos neste disco, em mais um faixa a faixa.
O título foi roubado de uma frase da Marta Tique, que em conversa disse “parecias o teu gémeo mau”. Foi o primeiro single do disco, e é uma canção sobre como por vezes nos transformamos no exacto oposto daquilo que queremos ser, sobre frustração e concentração de energias em deixar-se ir abaixo ao invés de utilizá-las para nos levantarmos.
Está na altura de revelar publicamente que há uma novela escondida nos dois discos de Uaninauei, e que terá continuação nos discos seguintes. No primeiro disco tínhamos a “Balada do Cavalo”, que fala sobre um agarrado que perdeu o seu amor mas acabou por voltar para ela. O problema é que também voltou a ficar agarrado ao cavalo. Maria Manuela é o segundo episódio, que acompanha a vida da sua ex-companheira logo após a separação. Maria Manuela abraça uma nova vida simples no campo, a fazer ponto de cruz, sem nunca ter visto o oceano “senão da torneira da sua banheira”.
“Passaram-te um cheque de ouro em pechisbeque”. É ou não é o que se sente quando se vê o agitar de bandeirinhas após qualquer eleição? É o espelho do que nos rodeia, da falta de confiança, da subserviência, da infantil necessidade de aprovação externa, o lado negro de Portugal quando se espreita debaixo do tapete do turismo gourmet.
Mais um capítulo da novela, desta vez a acompanhar a vida pós-separação do antigo agarrado ao cavalo, que ao que parece, substituiu esse vício pelo do álcool. O grande problema é que acabou a viver numa aldeia onde não sobra nenhuma taberna aberta, e ele não tem onde afogar as mágoas do seu desgosto. A canção acaba num delírio psicadélico em que ele se vê a beber tanto que acorda em paz.
Este tema começa com uma colagem de sons feita pelo Joel Figueiredo, que inclui, entre outras, a célebre frase “bolo rei para todos” de Cavaco Silva (para quem não viu, aqui fica o momento). Fala sobre a estupidificação em massa através da televisão, dos jogos, e sobretudo da internet, que começou por ser um poço de esperança na democratização do conhecimento, até que se percebeu que uma grande maioria ignora essa inesgotável fonte de informação e escolhe ser ignorante e mesquinha. Dantes havia a desculpa da educação e do povo serem pobres e de não haver acesso à informação. Agora que está acessível em todo o lado, não há mais desculpas para se ser ignorante, é mesmo uma escolha pessoal.
É um tema mais antigo que a própria banda, mas que decidimos abordar porque se veste de uma certa intemporalidade. Pode facilmente desenhar-se um paralelismo com “Estou Além” do Variações, uma vez que fala sobre só estar bem onde não se está, sobre arrependimentos e escolhas erradas do nascer ao crescer e até morrer.
O nosso baterista tem um conhecimento vasto sobre inúmeras teorias da conspiração relacionadas com extraterrestres e o fim do mundo. Não quer dizer que acredite nelas, mas sem dúvida que são uma fonte inesgotável de histórias interessantes. Este tema é-lhe dedicado e fala sobre um hipotético fim do mundo.
Esta história é contada do ponto de vista de um agricultor idoso, possivelmente reformado, que maldiz as actuais condições atmosféricas, o preço dos medicamentos, etc. Tentámos pôr-nos na pele daqueles que não conseguem compreender a modernidade e dar-lhes voz num som moderno.
Um tributo ao Lemmy e aos Motörhead, felizmente quando o senhor ainda estava vivo. Mandámos este tema ao management deles, gostamos de acreditar que o Lemmy o ouviu.
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)