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Os First Breath After Coma editaram recentemente “Drifter“, sucessor de “The Misadventures of Anthony Knivet“, de 2013, e que passou com distinção a barreira do segundo álbum, como podem ler aqui na nossa crítica ao disco. Repleto de aventuras e pronto a nos guiar por terras inóspitas, ninguém melhor que o quinteto leiriense para nos explicar faixa a faixa este novo trabalho.
Provavelmente nunca ninguém reparou, mas o som grave e fantasmagórico que é a introdução para o álbum, são trechos dos coros da Salty Eyes, a uma velocidade extremamente lenta. Montámos em camadas e acrescentámos alguns sons orgânicos.
Esta música surgiu a partir do riff da guitarra e da voz em falsete que acompanha o riff. A letra é acerca da irmã do Telmo, que na altura em que ele fez o riff, estava a passar por um momento triste e complicado na vida. No entanto é uma música de esperança, é daí que vem toda a força que a mesma tem.
Para nós é sem dúvida a música mais leve e alegre do álbum, é um estado de espírito que fizemos questão de incluir neste álbum. Muitas das nossas músicas transportam-nos para um estado de introspecção e às vezes melancolia ou agressividade, e nós queríamos ter uma que fosse o oposto disso.
Antes de começarmos a compor para o álbum foi unânime a vontade de usar arranjos de metais, ou samples destes. Esta foi a primeira música em que usámos e também a primeira deste disco que tocámos ao vivo. Para nós é uma das que nos dá mais pica tocar, tem imensa força.
Desde sempre que quisemos um interlúdio no álbum, muito abstracto, algo que transmitisse a sensação de esvoaçar sem pensar e que deixasse o disco respirar. Experimentámos gravar vários sons e vozes no Yamaha VSS-200 e num gravador Zoom e acabámos por criar aquilo que nos cheirou às primeiras chuvas a cair na terra.
Foi uma enorme vontade de criar um crescendo pela música toda, que acabou por ganhar forma. Na letra tentámos colocar-nos na pele de alguém que ficou com marcas de guerra e escrevemos para lhe mostrar que há esperança e não devemos temer nada.
É a primeira colaboração que se pode ouvir no álbum. Começou com uma linha de piano que o André Barros nos enviou, porque gostava de fazer algo connosco. Apaixonarmo-nos pela história que era contada nota a nota fez com que a nossa participação fosse acontecendo de forma natural, sem retirar a emoção que sentimos na primeira vez que ouvimos a composição do André. O resultado é das músicas mais bonitas do álbum.
O segundo single, também a segunda colaboração no nosso álbum, é com o Noiserv. O David partilhou o seu gosto pelo Post-Rock com o desejo de fazer uma música connosco que ecoasse dentro de qualquer pessoa. O resultado é uma faixa carregada de emoção, que nos abala o interior quando vemos o seu vídeo, mas que nos deixa com esperança de que tudo acabará por correr bem.
Nós não somos de todo, a nível lírico, uma banda de storytelling. É-nos sempre mais natural escrever sobre emoções e sensações do que propriamente criar uma narrativa em volta da canção. No entanto, esta é uma excepção no álbum porque antes de a criarmos tivemos a ideia narrativa e estruturámos a música consoante a história que queríamos contar.
A ideia para Tierra del Fuego, surgiu duma viagem que o Telmo fez à América do Sul onde ficou a conhecer o livro “O Mundo do Fim do Mundo” do escritor chileno Luis Sepúlveda. A história fascinou-o tanto que quando chegou a Portugal emprestou-nos o livro e acabámos todos por o ler, já com a ideia de fazermos uma música a retratar algumas partes deste livro. Muito resumidamente, a parte do livro em que nos inspirámos é sobre o Nisshin Maru, um navio japonês que caçava baleias clandestinamente nas águas mais austrais do Chile. A certa altura, as baleias percebem a ameaça que eles representavam, juntam-se e começam a nadar contra o navio na tentativa de o afundar. Acabam por conseguir e o navio naufraga, esse momento para nós é a beleza da história.
Tierra del Fuego (o nome onde a história se desenrola) divide-se em duas partes: La Mar e Nisshin Maru. Na primeira, quisemos falar do espaço onde a batalha ia acontecer, colocámo-nos do lado do mar e das baleias e criámos um imaginário para descrever o momento antes do confronto.
Na segunda parte, passamos para o momento em que os japoneses avistam as baleias e percebem o que está prestes a acontecer: “Suddenly they rise, strong and heavily. / A breeze announced the arrival of eternal ice. / We’re alone now.” Na Nisshin Maru quisemos representar a batalha pura e dura. Depois desta parte inicial em que os japoneses se deparam com a situação, a parte mais orquestral dos sopros e o pequeno crescendo anuncia a calma antes da tempestade, até que por fim as baleias embatem no navio e cria-se um clima de destruição na música que se mantém até ao fim, com um sentimento de justiça épico. É um dos temas que nos dá mais pica tocar ao vivo!
É uma das faixas onde implementámos mais elementos electrónicos. Tem um início com vozes vindas do “fundo do mar” e umas congas igualmente submersas. Quisemos que fosse um tema sensível e com alguma pausa, onde temos acordes de longa duração, que nos dão uma sensação de suspensão e de um tempo lento, em simultâneo com as tais congas ritmadas e repetitivas. Usámos também um sampler de um fado, que para nós deu um toque ainda mais sensível e mais bonito à música. A parte inicial do tema gira à volta destes elementos, acompanhada também por uma voz reverberada e ritmada. Depois fechamos com uma quebra, uma suspensão, onde logo de seguida explodimos com algo diferente do que tínhamos ouvido até então, com um estilo mais jazzy, com uma linha melódica fortíssima e imponente, acompanhada de sopros, que a certa altura começam a sair do seu caminho e ficam à deriva, como se tivessem soltado do seu caminho melódico.
É a suposta faixa 12, mas quisemos fazer dela a faixa escondida do Drifter. Fizemo-lo porque se trata de um tema que está um pouco mais desenquadrado do resto do álbum, é um tema completamente electrónico. Nela temos os vários elementos sonoros existentes em todo o álbum, com um início repleto de sons que se conseguem ouvir por todo o Drifter. É também um belo tema para rematar o álbum.
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)