Echoes Through Time é um disco muito especial para os Mars County por ser a sua estreia num longa duração. Gravado nos míticos BlackSheep Studios, em Sintra, a produção esteve a cargo do Francisco Dias Pereira (Keep Razors Sharp, Them Flying Monkeys).

Inspirada pelas paisagens sonoras dos desertos americanos, esta banda tem a alma dividida entre Lisboa e o Texas. Os Mars County são David Vistas na guitarra principal, Francisco Miranda no baixo, teclas e coro, Ricardo Espiga na bateria e percussão, e Rui Gamito na voz e guitarra ritmo. Os seus membros já passaram por projetos como Miss Lava, Yardangs, They Must Be Crazy e Zebra. O rock, esse, é psicadélico como se quer.

Moving On. O álbum abre com esta música, que nos deixa logo em alerta para o que aí vem. Os riffs hipnóticos, um ritmo que prende e uma voz que aquece são como sirenes que nos guiam na direção certa.

Passamos a Pagan, onde o hipnótico toma as rédeas desta cavalgada musical pelo deserto, com os back vocals de Sónia Bernardo a aconchegar. A composição desta canção tem também um toque londrino, pois a voz da Sónia foi gravada nos estúdios dos Django Django.

Em Luminous, a guitarra é mais lânguida em contraste com uma voz mais acutilante e uma bateria que equilibra muito bem este duelo. A canção abre em pleno no refrão, com os vocais soulful de Filipa Lopes.

Killer entra no bar sem pressa, apresentando Johnny como um forasteiro em fuga – uma personagem essencial a qualquer western que se preze. E uma boa banda sonora para o género, fica a dica.

A meio do percurso, ouvimos In Our Prime. Uma música que faz jus ao seu nome e ao momento em que a banda se encontra. Uma música que tem também direito a um vídeo nostálgico realizado por Leonor Bettencourt Loureiro, no qual o mar leva as memórias de um amor que afinal é capaz de durar.

De seguida, prego a fundo em Louder, a última música onde tudo fica mais pesado e real, como o amanhecer depois de uma longa noite. Go On.

Quase no final, ouvimos Let You Down, coisa que este álbum não faz e que podia perfeitamente ter sido gravada numa Desert Session com reverb do bom.

Para encerrar o longa duração, numa nota mais positiva, saltamos para Leap Of Faith onde nos é dada licença para dançar.

Mais do que psicadelismo q.b., isto é psicadelismo no ponto.