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“Esperar Pra Ver” é um álbum que canta o comum – a normalidade das relações e a importância que têm para o desenvolvimento e aprofundamento da singularidade de cada uma e cada um. Pascal escreveu que “o coração tem razões que a própria razão desconhece” e este álbum é como que um laboratório para tentar compreender estas razões. Impulsos microscópicos, misturas químicas, tubos de ensaio partidos, e chega-se à conclusão de que a resposta mais plausível seja justamente a afirmação da impossibilidade de as perceber. Talvez seja melhor assim, porque há mais aprendizagem no percurso. Não se cresce no fim, vai-se crescendo. E este álbum é um testemunho disso mesmo, da possibilidade de crescer mediante o confronto com as situações.
A canção de abertura envia sinais ao ouvido que é hora de desprender os pés. O balanço alegre contrasta com a melancolia da letra, que conta a história de uma perda, na negação, na afirmação e na negociação de qual o caminho a seguir. Quisemos que esta faixa tivesse um ambiente disco, dançante, e procurámos fazê-lo convergir com o universo da pop portuguesa, representada nas melodias saltitantes da voz da Beatriz.
Uma canção de amor. É nesta categoria que cabe esta música. O que a inspirou foi o desejo pelas coisas simples, que ganham mais cor quando ao lado da pessoa certa. A importância do conforto no presente permite que ideias se formem no nosso íntimo como desejos. Persegui-los é, muitas vezes, um trabalho a quatro mãos.
Esta música é uma das passagens do disco pelo dreampop do qual bebemos muito. As guitarras e a produção desta faixa têm um tom aéreo, repetitivo e circular, que utilizámos para dar a impressão de que quem ouve é embalado e mergulhado cada vez mais a cada repetição da malha. Liricamente, é sobre a espera por alguém que ainda não se conhece, como algo inato à nossa condição. Como os grilos simplesmente cantam, nós projetamos e esperamos, ajudando, talvez, os grilos numa cantoria ou outra.
Esta é o single de estreia da banda. Foi este tema o escolhido por considerarmos que seria a melhor apresentação, por conter elementos dos vários estilos que incorporamos ao longo do álbum. É sobre vergonha, vulnerabilidade, desgosto e carência. Alguém que não fale português pode ficar longe de imaginar a melancolia de algumas letras do disco, mas pensamos que este contraste faz parte do encanto do álbum.
Sinceramente esta é daquelas que causa problemas às bandas. Quando tínhamos a primeira maquete nunca estivemos convencidos. Tentámos mudar a estrutura, acelerar e desacelerar. Esteve quase a ser deitada fora, mas no processo de gravação do disco surpreendeu-nos e agora estamos todos muito satisfeitos com ela. De ovelha negra passou a ser uma das que mais gostamos coletivamente. Sobre a letra: quem nunca teve dores de cabeça?
Esta música é uma das duas em que a voz do Xavier aparece à frente na música. Sempre gostámos da ideia de uma banda ter mais que um vocalista, pela variedade, harmonias e possibilidades. Conta um desgosto e como crescer com ele, desde a procura nos sítios comuns à resignação e entrega ao tempo para que ele possa ajudar fechar as feridas.
Esta música é sobre a maneira como vivemos e sentimos as nossas vidas no dia a dia. A Náusea, de Jean-Paul Sartre, ou Aparição, de Vergílio Ferreira, serviram de inspiração para a letra e procurámos expressar nela o mesmo ambiente que Sartre, através de Roquentin, tão bem faz notar no seu livro. Há uma derrota perante a rotina, sobretudo por causa do cansaço.
A wild card do disco e também a música mais rockeira. Decidimos ligar as distorções e deitar carvão à caldeira. Tornou-se, por isso, a música mais caótica do disco, em contraste com as outras mais bem-comportadas. A letra também se distingue das restantes, com um estilo bem mais surrealista.
Sempre ficou claro que queríamos ter uma música pequena no disco. Decidimos que fosse a última para que funcionasse como epílogo do disco, fechando o ciclo e, talvez, começando um novo. É, muito sinteticamente, uma recapitulação dos temas do disco. “Brisinha” sempre foi uma espécie de nome de código que usamos para o estilo de música que fazemos, por isso achámos piada dar esse nome a esta música.
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)