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O novo Hoping Something Anything foi gravado ao longo do ano de 2016 nos Spitfire Audio Studios em Londres, produzido pela própria banda e masterizado por JJ Golden (Rodrigo Amarante, Devendra Banhart, Vetiver) em Ventura, California, tendo sido editado no passado dia 15 de Setembro pela Last Train Records, editora que os Time For T têm em parceria com a banda amiga de Brighton, Common Tongues.
Esta música foi concebida pelo Oliver Weder, o nosso teclista e produtor numa noite chuvosa em Londres. No início era apenas o piano Wurlitzer e alguns arranjos de cordas. Quando ele mostrou a canção, apaixonei-me completamente pela tristeza e beleza do instrumental e comecei a acompanhar cantando com letras que tinha escrito há algum tempo. Soava natural e cru. Montámos um microfone e comecei a gravar. Passados 20 minutos tínhamos uma espécie de canção. Esta faixa é muito diferente do resto do álbum pois normalmente sou eu que componho tudo e depois vamos gravar com o resto da banda. Não sabíamos se ela iria pertencer ao disco mas, pouco a pouco, fomos gostando mais do tema e acabámos por sentir que o único sítio em que encaixaria seria no princípio, como uma espécie de introdução. Gosto do facto do álbum começar assim e depois passar para a segunda faixa, “Ronda”, o primeiro tema com a banda completa. Considero que é uma transição bonita.
A faixa que nos representa melhor como banda neste nosso primeiro álbum. Tem um pouco de tudo: uma batida tropical, uma parte mais rock, um toque de psicadelismo e muitas teclas. Esta canção foi composta depois de uma digressão europeia onde, no final, tocámos num festival num dos locais mais bonitos que alguma vez nos apresentámos ao vivo: uma adega de vinho em Ronda na Andaluzia. Ficámos apaixonados pela cidade e as pessoas que lá vivem e eles também se apaixonaram pela nossa música. Começámos uma relação especial com Ronda e os seus habitantes. A letra da canção não fala de felicidade ou de paixão mas sobre a sensação de liberdade que sentimos ao estar a conduzir pelas montanhas e aquele tempo a sós que todos necessitamos de vez em quando: “I need more time alone, the last time I met myself was too long ago.”
Esta canção fala sobre a desilusão com a escola, mais concretamente a escola secundária. O sistema de educação em Portugal nessa altura (2000-2005) estava em grande transição de um modelo antiquado para um mais moderno mas ainda mal estruturado. Eu era um rapaz sem motivação para estudar as coisas que não me interessavam mas era um bom improvisador portanto sempre consegui ter boas notas ao estudar os apontamentos das melhores alunas da turma à última hora. A faixa fala disso no refrão: “Coming to borrow some information from the best girl in class, exam is tomorrow and my inclination is that I’ll scrape a pass”. Em termos de gravação, seguimos numa viagem tropical com uma batida das Caraíbas e saxofone barítono do nosso amigo Galgo CZ da Argentina que agora toca com King Krule por todo o mundo. A canção conta igualmente com a voz especial da Georgia Mason, de Londres. Um privilégio.
Uma das canções mais naturais e simples do álbum que encaixa dentro da sonoridade indie rock que tem estado em voga ultimamente (The Growlers, The Shins, etc..). Fala sobre a morte e a passagem do tempo. Não sei se faz sentido para alguém quando ouve a letra mas fez todo o sentido para mim quando a escrevi. Comecei-a numa viagem a Nova Iorque. Foi aí que me senti muito pequeno, quer no mundo natural, quer no mundo material que construímos a nossa volta: “Brick by brick we build the buildings, from the sewer to the sky, and when we’re gone they will remain the same, oblivious to the passing of time.”
Uma canção antiga que foi ‘reinventada’ nos últimos tempos. Sempre considerei que o refrão tinha força pop mas nunca gostei dos versos. Decidimos mudá-los e acabámos por gostar da nova vida da canção. O refrão tem sete vozes secundárias incluindo a de Georgia Mason, Stephanie O’Brien e os restantes membros da banda.
A história debruça-se no velho cliché sobre um amor estragado pela infidelidade e arrogância do homem. Este acaba por se arrepender e aprende uma grande lição de vida.
Um interlúdio instrumental composto pelo nosso baixista Joshua Taylor na guitarra acústica nylon e o nosso amigo Galgo no saxofone barítono. Caetano Veloso serviu de influência pois todos admiramos muito a sua música.
Um dos singles lançados o ano passado que acabou por chegar a número 1 no Spotify UK Viral Chart. Foi um momento muito especial para nós pois não tínhamos noção que a canção tinha tido tantos “plays” porque estávamos em digressão pela Alemanha. Quando consegui ler os meus emails numa bomba de gasolina, uma amiga dava-nos os parabéns por termos chegado ao topo da tabela – uma bela surpresa . A canção fala sobre uma relação de longa distância e a frustração que isso cria. Quando a tocamos ao vivo, fazêmo-lo de forma muita intensa e o público geralmente gosta de ver uns malucos a gritar em palco. A faixa foi produzida por Tim Bidwell, com quem trabalhámos no nosso último EP (homónimo). O Tim é um grande amigo e grande produtor que acabou de gravar um belo disco com a londrina Lucy Rose.
Fala sobre uma menina deprimida, uma pessoa que está sempre a planear vencer essa depressão mas não consegue sair do buraco. Mary foneticamente soa a merry em inglês, o que quer dizer ‘feliz / alegre’, achei um paradoxo bonito no refrão: “Mary, Mary, you’re always so sad.” Decidimos ter um refrão quase todo instrumental pois gostamos muito do som do órgão triste e achamos um belo contraste com o verso alegre. Sempre dissemos que esta canção seria perfeita para um anúncio de televisão de jipes.
A canção mais íntima e nua do álbum. Surgiu ao longo de uma viagem que fiz pela Índia no início de 2015. Sempre gostei de acompanhar a melodia da guitarra com a minha voz mas não o fazia há bastante tempo. A letra fala sobre a desconexão que temos com o nosso subconsciente, o mundo dos sonhos. Em média, os seres humanos passam quase 30 anos da sua vida a dormir. Queria explorar um pouco a importância dessa parte da nossa existência e tentar destacar isso no final do tema: “Hey, how are you? You got your dreams and I’ve got mine too. 30 years of sleep and we don’t remember what we dream”. Os arranjos de cordas e piano foram incluídos mais tarde pelo Oliver (o nosso teclista e produtor) e eu numa das últimas noites de estúdio em Londres.
Como o nome sugere, o tema foi também inspirado pela tal viagem à Índia e foi escrito de forma muito simples e quase infantil. Gostamos de coisas simples e, por vezes, acho que os músicos tentam complicar coisas que são bastante simples. A canção fala da necessidade ou ‘lata’ de escapar do Inverno (especialmente o inglês) e fugir para um país tropical. Acho que não há nada melhor para nos desafiar e ensinar do que viajar pelo mundo. Sinto-me extremamente privilegiado de poder viajar por tais sítios como a América (Norte, Centro e Sul), Índia e Guiné Equatorial, entre outros, e acho que toda gente que tem a oportunidade de viajar o deveria fazer. Prefiro investir mil vezes mais nisso do que num carro ou telemóvel bonito.
Outra canção que expressa o tal fascínio pelas aventuras e viagens. Tom Tom é uma marca de GPS e brinquei com a ideia de pedir ao Tom Tom para nos conduzir a um céu azul. A faixa fala igualmente sobre nos perdermos um pouco de maneira positiva. Nem sempre tudo corre como planeamos mas, por vezes, esses momentos improvisados e inesperados são os melhores. Produzido pelo Tim Bidwell, o tema foi lançado como single no ano passado e passou na BBC Radio 1. Para muitos dos elementos da banda, é a canção preferida do disco.
Uma canção meio triste, meio alegre. De dedilhados folk a reggae com violinos, é um tema peculiar para se tocar ao vivo. Aqui fala-se sobre uma pessoa que perdeu a fé em si própria, que já não é o que era. Contudo, é uma canção que não esquece a esperança e o poder do sonho.
O tema mais divertido para apresentar num palco pois dá bastante liberdade a todos para improvisar.
Surgiu numa guitarra acústica mas transformou-se num monstro sonoro com saxofone, violinos, teclas, baixo, bateria e muitas guitarradas. A canção foi gravada ao vivo em horário tardio (pelas 5 da manhã) no estúdio em Londres. Nessa noite gravou-se o primeiro take, ainda em fase embrionária. Decidimos manter assim mesmo pois essas gravações ao vivo têm sempre qualquer coisa de mágico, uma certa energia e espírito que não se atinge quando se regista tudo em separado ou quando se toca uma canção centenas de vezes. O álbum ganhou o nome deste tema pois achamos que representa bem o espírito como banda – todos nós esperamos por algo, qualquer coisa.
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)