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Os NAPA nasceram na cave de uma avó no Funchal no ano de 2013. Os contornos da banda foram-se formando entre a energia dos Red Hot Chili Peppers, a criatividade dos Beatles e a sensibilidade de Caetano Veloso e Tom Jobim. A fórmula amadora e inocente das primeiras composições da banda (em inglês) cativou a atenção de amigos, família e não só. Trocaram o inglês pela língua materna, e a cave da avó pelo estúdio. Em 2019 gravaram o seu primeiro disco Senso Comum nos conhecidos Black Sheep Studios em Sintra, ainda sob o nome Men On The Couch.
A banda edita agora o seu segundo LP com uma roupagem mais madura, mas um espírito sempre moço. Logo Se Vê vem com novo nome de banda e desafia as premissas estabelecidas em Senso Comum, trazendo para cima da mesa maior complexidade e inventividade na estrutura das canções. A veia pop romântica continua a pulsar no corpo do disco, mas a fome de descobrir novos ritmos e texturas musicais é evidente ao longo do álbum.
O álbum arranca com a faixa “Jeito pra tudo”, uma ode à procrastinação e criatividade. Estas duas virtudes vivem em conflito e em conjunto na vida do autor. A estrutura eclética e pouco convencional da canção mostra a génese do processo criativo, onde a banda passa pelo indie, hard rock e reggae em pouco mais de 3 minutos de canção. A letra aborda o conflito da procrastinação, onde o autor vê a vida a passar por ele, sempre do mesmo sítio.
A segunda faixa do álbum fala sobre sorte na vida. Aparentemente é a palavra-chave para o autor, que idealiza a sua vida como normal quando esta foi sendo atingida com várias marés de sorte. Tudo aparenta normal quando os arredores da nossa bolha se comportam e vivem da mesma forma. À medida que a bolha rebenta o autor vai-se apercebendo da fortuna que lhe encurrala e que a vida realmente conspira para lhe fazer feliz.
Com “Luz do Túnel” os NAPA convidam o público a dançar ao som de um casamento feliz entre teclados e guitarras contagiantes. A batida certeira não deixa o pé do ouvinte ficar no chão, seguindo as percussões e harmonias vocais espalhadas ao longo da canção. Em contraste a letra fala de desespero, acompanhando a frustração e desconsolo do autor nas suas voltas à vida. Quando da luz ao fundo do túnel parece vislumbrar uma esperança, o mundo acaba por desabar novamente em escuridão. O defraudar incessante das expectativas reforça desorientação do autor e deixa poucas soluções no horizonte.
Gigantes é uma balada servida em duas partes. A dualidade percorre a espinha da canção no eixo gigantes/formigas, alegre/triste, forte/fraco. Uma música de amor sobre a dor da distância que assombra dois amantes destinados um ao outro. A saudade habita em todas as divisões deste mundo nesta que é a primeira faixa colaborativa do álbum. A voz da Beatriz Pessoa intercala com o do Guilherme em forma de conversa, trazendo uma dinâmica muito peculiar à canção.
Não Admira reflete sobre saudosismo e o sentimento de uma época mais bonita. A romantização do passado é muito tentadora quando a nostalgia insiste em enaltecer o que era bom e esquecer o que havia de mau. Procuramos nos anos dourados das nossas vidas as soluções para o presente, caindo num vício geracional que nos aquece o ego, e pouco mais. A atmosfera sónica remete para esse passado idílico inexistente, replicando o jardim de Éden, onde “antigamente é que era bom”.
“Todos os Loucos” apresenta-se como uma viagem eclética pelas influências da banda. O riff de guitarra e baixo eletrizante e a bateria pulsante vêm recarregar as energias do álbum. Numa largada rock-prog-pop-psicadélico-punk, os NAPA piscam o olho aos Artic Monkeys, Clash, Stevie Wonder e até Kanye West.
Em Lembra, os NAPA contam uma história de amor em retrospetiva. A paixão era forte e o tempo era escasso, quando dois amantes eram obrigados a viver os primeiros e últimos dias de amor numa ilha do paraíso. Uma nuvem de melancolia preenche todos os poros da canção à medida que o autor vai recordando a magia desses dias. Os acordes íntimos no início da canção evocam o silêncio que cercava o casal, quando o mundo fora da intimidade se mostrava irrelevante. O refrão irrompe numa orquestral, evocando a grande paixão de novo amor e uma esperança para um futuro em conjunto. A dualidade entre o refrão efusivo e o verso contido retrata a luta de uma relação vivida aos bocados.
Assim Sem Fim é o primeiro single do álbum “Logo Se Vê” onde os NAPA convidam a Silly que através da sua voz e poesia singulares deposita uma intimidade inesperada na canção. Numa odisseia musical sobre dois amantes desdobrada em quatro partes, deparamo-nos com as angústias cruas da distância e incompatibilidade. Na busca da verdade, encontram um amor assim, sem fim.
Monte de Nada é a resposta à pergunta que se impõe logo no início da música: “pega no teu amor e joga fora, o que é que fica?”. O vazio intensifica-se quando o amor da nossa vida vai embora e leva tudo consigo. Uma mística “noir” paira sobre toda a canção, culminando num solo de saxofone intercalado com a pergunta inicial: “O que é que fica?”
Volta e meia fala sobre distância. Os longos dias de interregno amoroso ganham um peso insuportável e a ternura espremida no último abraço tende a se dissipar com o tempo. No início da canção, as guitarras harmonizadas criam uma atmosfera íntima melancólica que rapidamente evolui com a banda completa e secção de sopros. O ritmo transforma-se novamente, mantendo o motivo inicial, aludindo à evolução da relação. No final volta tudo ao início, desta vez com uma esperança no horizonte final. Assim chega ao fim a história mais linda do mundo.
Logo se Vê vai ser apresentado no Musicbox, em Lisboa, nos dias 7 e 8 de Junho. A tour tem outras datas confirmadas: 21 de Julho no Summer Opening no Funchal e 11 de Agosto no Festival Altear no Porto Santo.
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)