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Braima Galissá nasceu na Guiné-Bissau, cresceu na tradição familiar dos griots, figuras íntimas da história cultural e identitária do povo Mandinga. Durante anos, dedicou-se a explorar as profundezas da sua herança, praticando a arte e o ofício da Kora. Jori Collignon, produtor, teclista e músico eletrónico, vê-se como um amante das raízes tradicionais da música, que utiliza para tecer, na sua própria trama identitária, as pontes sonoras que interligam diferentes povos, origens e gerações. Juntamente com o célebre guitarrista da Guiné-Bissau, Eliseu Imbana Forna e o baterista de Selma Uamusse, Gonçalo Santos, colaboraram na criação de Mira Kendô, ou “bem pensado”, um projeto que traz à conversa a naturalidade dos seus caminhos e eleva a sensibilidade das relações com os outros e com o mundo ao seu redor.
“Duanhe” significa obrigado.
No final de um longo dia no estúdio, Jori contou a Braima que era o aniversário da sua esposa, Tânia. Tal como Braima o pai da Tânia é da Guiné-Bissau. Braima e Tânia, tinham criado uma ligação especial ao longo do tempo. Braima escreveu a canção na hora e tocámo-la para a Tânia quando chegou a casa. “Duanhe” continua a trazer-lhe lágrimas aos olhos.
A kora é um instrumento complexo e uma melodia típica de kora tem muitas, muitas notas. Trabalhar nos arranjos musicais de Mira Kendô é uma tarefa árdua para os outros músicos apoiarem e realçarem as notas certas de modo a criar harmonias e tecer a tapeçaria musical, por assim dizer. Eliseu é um verdadeiro especialista nesta tarefa e brilha no arranjo de “Duanhe” com as suas belíssimas linhas de guitarra e baixo.
Para quem chega da África Ocidental viver no sul da Europa nem sempre é fácil. “N’dija Nha África” foi escrita por Braima para lidar com essas emoções. É uma canção sobre as saudades que sente da sua África.
Sentimos falta de tocar juntos, entre os amigos e a família. “N’dija Nha África” encarna a nostalgia e sente-se como um abraço quente que nos leva de volta às nossas raízes. O lugar onde o coração bate mais forte.
“N’dija Nha África” é mais do que uma melodia; Braima descreve-a como “um fruto que carrega a essência e a alma de África, a alegria e a saudade que nos inspiram e que queremos partilhar com o mundo para que possa ser apreciada e celebrada”.
Estávamos à procura de uma música para dançar que completasse o nosso espetáculo ao vivo. O Jori sugeriu trabalhar numa canção mais rápida para o álbum, Braima mostrou-lhe os ritmos de Mbalax do Senegal e da Gâmbia.
Braima começou a tocar o riff do que viria a ser “Kano”. No processo de composição para “Mira Kendô”, Jori costuma começar com uma batida, à qual Braima responde com um longo riff ao qual acrescenta as letras e as suas melodias. Com esses elementos, Jori faz os arranjos da canção e, finalmente, o resto da banda entra para tocar as suas partes.
Uma doce e animada canção de amor, “Kano” é uma homenagem ao jovem romance, suavemente cantada por Braima. No final, “Kano” tornou-se a música perfeita não só para as ancas mas também para o coração.
Encontrar o ritmo certo para “Se Kutodia” não foi fácil. Por vezes, cada artista do grupo tocava com ênfase numa batida diferente. Pouco a pouco, a música foi-se unificando e tornou-se numa das favoritas do álbum. Mais uma vez, Eliseu tem um papel crucial e acompanha a kora de forma exímia, com as suas partes de guitarra e baixo.
“Se Kutodia” é uma canção sobre a amizade. “A amizade está sempre em falta”, diz Braima. É uma força poderosa sem a qual não conseguimos viver.
“Balanta Baria” é uma canção sobre os grandes líderes, os verdadeiros decisores da etnia Mandinga.
“Balanta Baria” é uma canção tocada no ritmo Gumbe, o groove típico da Guiné-Bissau. Existem muitas variações mas aqui pode-se ouvir um bom exemplo das qualidades mais animadas e envolventes. É impossível ficar parado quando uma banda toca um bom Gumbe! Ouçam como a percussão de Domingos “Kabum” Sá, impulsiona o ritmo.
“Yo Debo” é um verdadeiro clássico de Braima Galissá: simples e cativante, as pessoas adoram a canção onde quer que Braima a toque.
Esta pode ser uma canção na tradição dos griots e da kora mas, na essência, é música para dançar! Música para unir as pessoas, música para fazê-las sentir bem.
“Yo Debo” é uma canção que fala sobre ciclos. Conta uma história sobre como podemos inspirar os nossos filhos a serem a melhor versão de si mesmos. Mudanças reais levam gerações. Mudanças reais frequentemente exigem respeito pela tradição: estamos apoiados nos ombros dos nossos antepassados.Assim como os pais ajudam os filhos, os filhos ajudam os pais, os filhos tornam-se pais e continuamos o nosso caminho.
“Yo Debo” é um exemplo de uma canção que faz exatamente isso.
“Ankade Idang Worema” foi uma das primeiras canções em que Braima e Jori começaram a trabalhar juntos.
A mensagem de “Ankade Idang Worema” é a seguinte: “não subestimes os pensamentos sobre ti”. Se te sentires bem e se te valorizares farás com que os outros se sintam bem. Só quando estás saudável e forte poderás apoiar os outros. Pensa primeiro em ti, para construir uma força na qual os teus amigos possam confiar.
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)