//pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
Os projectos Saturnia e Um Corpo Estranho uniram forças e lançaram em conjunto O Místico Orfeão Sónico de Um Corpo Estranho e Saturnia. Este trabalho em parceria chegou no dia 29 de Outubro, às lojas físicas e digitais e é segundo os mesmos um disco onde as guitarras de Um Corpo Estranho se deixaram contaminar pelo universo psicadélico de Saturnia.
A ideia para este tema baseou-se na afinação das orquestras antes do início dos concertos de música clássica. Quisemos começar o disco a partir do caos e desordem e lentamente ir evoluindo para algo mais harmonioso. O início do confronto entre dois projectos distintos que lentamente vão encontrando o seu espaço e formas de dialogar entre si.
Este foi o primeiro tema que deu origem a este projecto, o que nos fez experimentar trabalhar em conjunto. Foi provavelmente o que nos deu mais trabalho a compor pois andámos à procura de uma linguagem comum, mas também foi o tema que nos abriu as portas para o resto do disco. É um tema que, um pouco como no restante disco, reflecte sobre a condição humana e certos padrões de erro que, de tempos a tempos, se repete no nosso caminho como espécie.
Foi o single escolhido para o disco. Depois de decidirmos que iríamos avançar com este projecto o João e Pedro (Um Corpo Estranho) andaram a procurar na gaveta temas que por algum motivo não foram utilizados no projecto original. Foi um tema muito rápido de compor e não sofreu muitas alterações da maquete inicial. A escolha para primeiro single partiu do nosso produtor, Sérgio Mendes, porque achou que representa bem a fusão de Um Corpo Estranho e Satúrnia. É um tema que fala sobre a necessidade de prosseguir e de ultrapassar obstáculos, a ligação entre o movimento e a sobrevivência.
Foi um tema proposto pelo Luís Simões. Um tema assumidamente rock que nos deu muito gozo de gravar. A bateria do Samuel Palitos foi fundamental para o tema ganhar vida. A letra parte de uma personificação da liberdade, metaforicamente transformada numa espécie de mártir à nossa mercê.
Este tema começou com uma ideia de voz do João, que foi trabalhada pelo Pedro e pelo Simões posteriormente. Foi inicialmente composta apenas com vozes que aludiam a uma espécie de mantra. O instrumental veio depois. No fundo é um tema que percorre uma barra cronológica de uma possível história que vive algures entre o mito e a História propriamente dita. Fomos beber muito aos mitos da criação e de como eles nos definem e condicionam, por um lado, ainda que sendo parte intrínseca da nossa génese.
“A Força”, de alguma forma sublinha a ideia já latente n´”A Velha Carruagem”. A necessidade de prosseguir mesmo face às intempéries. Até mesmo face à nossa genética sedentária colectiva, ao mesmo tempo que somos eternamente atraídos pelo movimento, pela viagem e pela descoberta. É um apelo à acção anímica, musicalmente e conceptualmente.
Uma das formas de criar ordem e sentido a este disco foi parti-lo em dois momentos; um mais roqueiro e outro mais ambiental e decidimos quebrá-lo com duas intros. Se o início do disco é mais enérgico e parte do caos (Desafinação), decidimos fazer uma segunda introdução mais calma. Na verdade corresponde à parte a seguir à afinação de orquestra, mais melodiosa e harmoniosa. Melodicamente acabámos por ficar com uma paleta de ambientes algures entre um western de Morricone e a India de Ravi Shankar. Talvez o ser português também seja isso.
Queríamos criar um tema que casasse o banjo já típico de Um Corpo Estranho e a cítara de Saturnia. O tema parte de um mote de alguma redenção. Sem que tivesse sido extremamente conceptualizada, a cronologia do disco encontra nesta segunda parte uma espécie de paz interior, um pouco como acontece com o peso dos anos na vida. Foi curioso, que apesar de trabalharmos isoladamente em grande parte dos temas, encontrámo-nos os três nesta ideia, como se esse isolamento do “Ermita” nos fosse natural e necessária. No fundo é um tema que fala sobre o distanciamento do culto do eu, da ambição descontrolada, do corre-corre dos nossos dias.
Este tema partiu de uma ideia inicial do Tó Zé Bexiga e do Filipe Caeiro. O Tó Zé convidou os Um Corpo Estranho para tocarem com ele no Festival Guitarras ao Alto e sugeriu compor um tema original. Esta foi uma das ideias que surgiram que desenvolvemos em conjunto. Acabámos por utilizá-lo no disco vestindo-o com várias alegorias que vão do mito da sereia até à causa da disputa que deu origem à guerra de Tróia. Ao mesmo tempo há aqui uma reflexão do papel do feminino na mitologia, empoderado nas fiadeiras, por exemplo, detentoras do destino, ainda que sempre debaixo de uma moral patriarcal algo opressora na maior parte dos mitos.
Foi um tema proposto pelo Luís Simões. Ele achava que o disco deveria acabar com uma viagem, com um tema mais longo que permitisse ao ouvinte perder-se na canção. No fundo, e sendo que o disco namora os meandros da mitologia, é o tema do barqueiro que prossegue para o Hades, ou para o desconhecido, se quisermos. A ligação entre o rio e a morte e consecutiva renovação. O rio não poderia ser inspirado noutro que não o da cidade onde vivemos.
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)