The Walks

Opacity
2018 | Lux Records | Rock

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Os The Walks regressaram aos discos com “Opacity“, álbum editado no passado mês de Novembro com selo da Lux Records e gravado e produzido no BlackSheep Studios por Bruno Xisto, com co-produção de Carlos BB.

#1 Let us finish what we started

Este tema tem a particularidade de ter sido gravado em três ocasiões diferentes. Na sua primeira encarnação, foi excluído do nosso primeiro álbum (Fools Gold, 2015) por o acharmos demasiado “verde” e insípido. Ficou esquecido durante bastante tempo e o processo de resgate foi tudo menos pacífico. Gravámos o tema uma segunda vez para este novo LP mas o sentimento de reserva face ao resultado final mantinha-se. A certa altura, decidimos romper com a sonoridade que o tema transportava desde a sua génese. De reflexiva passou a reacionária. De muribunda passou a exuberar vida. É caso para se dizer, que à terceira foi de vez. O nome, apesar de não ter sido pensado nesses moldes, encaixa que nem uma luva.

#2 Sunny side up

Foi o primeiro single de apresentação do álbum e o primeiro tema a ser gravado. Criado em 2016, numa versão “rock” mais intensa, chegou mesmo a ser apresentado ao vivo em algumas ocasiões. A certa altura, achámos que não encaixava na direcção que a banda queria seguir e, em vez de a pôr de lado, decidimos moldá-la à nossa imagem. Foi o nosso “norte” quando por vezes, nos sentíamos menos focados. De uma abordagem mais “dura”, passámos a ter um tema com ritmos ondulantes e dançáveis, com uma forte presença de elementos de percussão, guitarras coloridas e uma voz hipnótica, que servem de pano de fundo a uma mensagem irónica entre a utopia individual e a realidade.

#3 Modern times

Um “osso duro de roer”. Não tem uma estrutura convencional e isso complicou todo o processo, desde a sua criação. É composto por três versos consecutivos, cuja intenção seria criar uma tensão “monótona”, que reforçaria, depois, a intensidade do refrão, tornando este mais explosivo. Sabíamos que tinha o potencial de bom tema mas parecia que faltava sempre qualquer coisa. Foi, no minímo, desafiante. As decisões de resolução foram instintivas e efectuadas em estúdio. Felizmente, conseguimos transportá-la para onde a queríamos e o resultado é um tema contido mas enérgico, com uma mensagem forte e actual.

#4 Special

“Special” retrata uma leitura introspectiva sobre as consequências nefastas dos prazeres mais simples da vida. Essa introspecção consolida um momento de arrependimento onde a perspectiva de mudança é fulcral ao crescimento interior. A música espelha os vários estágios dessa leitura, evoluindo de uma densidade emotiva marcada por ritmos e ambientes melódicos intricados para uma libertação dessa tensão no final, onde a combinação de acordes maiores resulta numa sonoridade mais festiva.

#5 I guess...

Toda a concepção deste tema surgiu numa fase bastante adiantada da produção do disco. Olhando na direcção em que o álbum seguia, começámos a considerar a possibilidade de fazer um trabalho colaborativo com outra banda. Quisemos sair da nossa zona de conforto e fazer com que essa colaboração nos desafiasse a fugir ao óbvio, mantendo, no entanto, a nossa identidade e sonoridade. A decisão rapidamente recaiu sobre os Ghost Hunt. O Gonçalo e o Miguel criaram a estrutura base do tema, que foi depois trabalhada com o Pedro Oliveira dos Ghost Hunt. A sintonia foi imediata e facilitadora de um resultado final que, na nossa perspectiva, foi um sucesso. É o tema que inicia a segunda parte do disco, de cariz mais carregado, mas que, com este tema, entra de um modo suave e quase que tragicamente belo. I Guess…

#6 The more, the less

Começou como um tema bastante agressivo, feito de spoken word, distorção e músculo. Chegou, inclusivé, a ser apresentado ao vivo mas, a nosso ver, quando iniciámos a produção deste álbum, o tema precisava de refinação. Da sua antiga estrutura, apenas o refrão manteve a mesma intensidade. Os versos ficaram mais groovados e as sonoridades com toque oriental que expermentámos tornou-o num dos mais completos do álbum, na nossa perspectiva. A letra fala sobre a busca e a desilusão da descoberta. Um contraste face ao sentimento que temos para com este tema.

#7 Forever to be continued

É o tema do álbum com mais peso sentimental. Carrega em si uma mensagem de frustração e de derrota, de quem adia as resoluções da vida, permanecendo num estado de constante procrastinação. Melodicamente, a voz contrasta de uma forma irónica com toda a densidade ambiental, quase que parecendo que o sentimento de revolta acaba por ser a assunção de uma felicidade aparente. Em termos de produção, houve o cuidado de reforçar essa inquietude, procurando sonoridades com mais reverbs e delays, sendo que, na jam final, os gritos e as guitarras descontroladas traduzem uma sensação de loucura.

#8 A step ahead

Por vivermos num mundo cada vez mais exposto e mediático, A Step ahead fala sobre a possível perda de identidade, que daí pode resultar. O tema tem um andamento ondulante e hipnotizante, que traduz o efeito que pode levar o ser humano a dar, de mão beijada, aquilo que tem de mais sagrado, a sua essência. Quando assim é, as reacções tornam-se, naturalmente, mais fáceis de prever. Daí o enfase à frase massacrada durante uma grande parte do tema: I can read your mind. É o último tema de Opacity e o mote para reiniciar uma nova escuta do mesmo.


sobre o autor

Arte-Factos

A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)

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