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O primeiro trabalho discográfico dos Galo Cant’às Duas intitula-se “Os Anjos Também Cantam” e é lançado com selo Blitz Records, com a distribuição a ficar a cargo da prestigiada Sony Music Entertainment. Composto por quatro temas, este álbum vem confirmar as esperanças já depositadas nos Galo Cant’Às Duas pelas performances ao vivo já conhecidas que não deixavam grande margem para dúvidas quanto à inegável ousadia e virtuosismo do duo.
Em toda a viagem “Os Anjos Também Cantam” será fácil encontrar uma ligação natural e orgânica a qualquer coisa familiar, talvez ao jazz ou ao rock, ou a música experimental, ou a fusão(…), e por várias razões; uma delas – e talvez a mais importante – é pelo facto de quase todas as “secções” terem sido trabalhadas a partir de grooves de bateria, grooves de baixo, do silêncio de melodias e de loops.
Termos explorado na primeira faixa “Marcha dos que Voam” um motivo de baixo e bateria que evoluem para outros estados, e instrumentação, sem nunca perder o chão e caminho da “marcha” reflete bem o sincronismo, construção, desconstrução e improvisação que de resto acontece em praticamente todo o disco.
Talvez por existirem em toda a viagem elementos que nos ligam à terra, e outros, ao espaço, à liberdade e às pessoas, não exista uma fórmula na concepção da música de “Galo Cant’às Duas”.
“Respira”, onde descobrimos um motivo melódico e harmónico no baixo, onde respiramos e expandimos as nossas ideias que evoluem já para outras texturas, e formas, mais abertas ou livres, esta faixa deu-nos a matéria que precisávamos no início de “Galo Cant’às Duas” para começarmos a explorar, dar início e continuidade a esta viagem com todas as ferramentas e instrumentos que tínhamos à mão.
Há espaço para respirar durante esta faixa mas este espaço é subtilmente ocupado, o que gera em parte a energia que fomos criando à volta da nossa música, na construção de toda a viagem, existe uma grande gestão deste espaço/tempo que temos para nos preparar para o próximo “degrau” e para deixar/lembrar o anterior.
As primeiras palavras que definem o Galo dizem : “A banda inspira-se em ritmos variados, loops e batidas sincronizadas. A experiência ao vivo cria uma “viagem espacial”,(…)” (Novembro2015)
“Processo entre Viagens” é uma faixa que sai da caixa de “Os Anjos Também Cantam”, é portanto uma faixa que nos obriga a pensar em outros estados de alma, ou outras viagens. É uma viagem dentro de outra viagem, é um “processo entre viagens”. É construído sobre um potente riff de baixo que soa quase que a refrão de música, que nos transporta para outras paisagens, sob uma alucinante frase de flauta e uma batida em velocidade de cruzeiro.
“Partícula”, construído sobre um simples padrão rítmico e harmónico e uma melodia sintetizada que se vai desfazendo ao longo da faixa – esta melodia foi feita pelo Hugo e o som tratado pelo Gonçalo e que no HAUS nada mudou – é um loop que é disparado em tempo real o que nos obriga a ter bem presente o “tempo”. Ouve-se nesta faixa, e pela primeira vez no disco a nossa voz. “Seremos todos nada, para que te convenças”, e exploramos isto como habitualmente fazemos, com ritmo não nos convencemos em não desafiar as regras, em não quebrar as nossas limitações.
“Os Anjos Também Cantam” que em disco tem 30 e poucos minutos, e que em concerto chega bem perto dos 50 minutos foi inicialmente, e é ainda, uma grande batalha, tanto na concentração de que necessitamos, como fisicamente exigente, mais por não haver grande espaço para beber um golo de cerveja ou de umas limonadas.
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)