//pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
“Over and Out”, o disco de estreia de IVY, assume-se como uma obra autobiográfica e extramente íntima da artista. A música de IVY é sombria, introspectiva, catártica e íntima. Fechada num mundo ao qual a própria já não consegue aceder, como representação de um ciclo que se fechou, uma metamorfose.
O disco, produzido e gravado por Rita Sampaio, João Figueiredo e CASOTA Collective, tem o selo da Cosmic Burger.
A primeira faixa do disco foi precisamente a primeira a ser composta. O significado por trás do nome deste tema é bastante literal. Para além se ser uma expressão utilizada como uma espécie de despedida informal, é também uma forma de dizer que a minha mensagem foi ou está a passada (over), mas ao mesmo tempo não espera qualquer tipo de resposta (out).
Afraid of Nothing mostra precisamente o contrário do que o nome da faixa representa. Esta é uma musica que mostra uma fragilidade, um medo, que são disfarçados precisamente pela batida forte e pela sonoridade quase hostil. É a negação como escape, mas também o reconhecimento da realidade que ultrapassava no momento e dos fantasmas que me assombravam.
A diferente perceção de muita coisa à minha volta e do meu próprio interior, resultaram em temas como a Same Old Dog. A excessiva auto-análise levou a um sentimento de deslocação do ambiente onde supostamente estaria inserida até aqui. Mas tudo isso sempre esteve lá e eu percebo que continuo a ser quem era na minha essência (same old dog) mas não a mulher que fui porque me pressionava de forma diferente.
Este tema foi dos mais simples de compor e gravar. É uma música que, na minha opinião, resulta um bocadinho como pulmão no disco. Deixa respirar depois de todo o peso sonoro que vem das faixas anteriores.
Este tema foi escolhido para ser o primeiro single do disco porque achei ser um tema forte e representativo do disco. Tanto a nível sonoro, como a nível de conceito, visto que capta uma ideia que está presente em mais do que uma faixa do disco. Como expliquei na Afraid of Nothing, representa a negação como disfarce para o que no fundo é uma espécie de reconhecimento.
Uma espécie de interlúdio que surgiu numa fase final das gravações do disco. Um poema que representa a grande desilusão no mundo, em pessoas que me rodeiam e em mim mesma.
Este tema é, para mim, o que mais se distingue dos restantes a nível sonoro. É uma música muito simples, muito direta. Onde a letra fala por si, no sentido que não existem grandes significados escondidos por atrás das palavras que utilizei.
A faixa mais longa do disco, partiu do poema que se faz ouvir ao longo da música. Queria que fosse uma música envolvente, que fosse quase um sussurro ao ouvido de quem a fosse ouvir, que fosse o passaporte para outro sítio mais distante, para o imaginário da música. Aqui, reflito sobre muitas das coisas nas quais dou por mim a pensar no meu dia-a-dia. Na forma como escrever teve e tem um poder curativo para mim, na forma como aquilo que escrevo deixa de ser meu porque o consegui exteriorizar, na forma como o perdão é curativo também, na forma como tudo o que fazes é uma arma apontada a ti… Entre muitas outras coisas.
Para fechar o disco, acabou por ficar o último tema a ser composto. Este dueto com o Rui, resultou de uma manhã no estúdio. A hora que marcava o take de improviso que gravamos e que deu origem à música, ficou precisamente o nome do tema. Duas pessoas, um piano e um microfone: assim termina esta jornada de emoções, com um dos temas que me é mais querido pela sua simplicidade e pureza. Obrigado ao Rui por fazer parte disto e contribuir com a sua voz tão bonita e especial.
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)