Homem em Catarse

sem palavras, cem palavras
2020 | Fundação GDA | Folk, Indie

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O ano de 2020 de Homem em Catarse arrancou com a edição do novíssimo e conceptual “sem palavras | cem palavras“, baseado num poema da sua autoria que dá mote e título ao disco onde ouvimos pela primeira vez um piano e laivos de electrónica em sintonia com a sua inconfundível guitarra.

Com selo da Fundação GDA, o sucessor de “Viagem Interior” está aqui explorado faixa a faixa por Homem em Catarse, alter ego musical do músico Afonso Dorido.

#1 Tu Eras Apenas Uma Pequena Folha

Foi o tema que primeiro terminei ao piano. Tornou-se portanto uma referência na minha escrita ao piano porque a partir deste tema se abria a convicção que tudo era possível, num instrumento “novo” para mim. Tinha de abrir o disco por isso, e porque o título que lhe dei evoca a poesia de Pablo Neruda. Sendo que o disco, parte de um mote poético, não havia volta a dar.

#2 Hey Vini!

Desde sempre que várias pessoas desde produtores, a amigos músicos, a ouvintes me falavam da minha cumplicidade sonora com os Durutti Column e em especial com a guitarra do Vini Reilly! Muitas pessoas mesmo me foram falando disso e à medida que me iam falando eu ia ouvindo mais discos dos Durutti Column, até que me apaixonei pelos discos e resolvi fazer uma espécie de ode ao Vini Reilly! Essa cumplicidade que sempre me falaram tem agora uma bandeira em forma de homenagem.

#3 Hotel Saturnyo

Foi um tema que na pré-produção do disco ainda em esboço-ideia, o Pedro Sousa (que gravou e co-produziu o disco) mal ouviu os primeiros riffs, me obrigou notoriamente a pegar à séria. O seu entusiasmo confirmou-se em estúdio e o que é facto é que é um tema que me desperta para algo sempre que o ouço. Obrigado Pedro, por me “obrigares” a gravar este tema. Foi em boa hora.

#4 Lembro-Me De Ti Mesmo Quando Não Me Lembro

No último ano já tinha experimentado ao vivo este tema. E as reacções foram sempre muito boas. Encaixava perfeitamente no conceito do disco e foi daqueles ao “primeiro take”. E era precisamente isso que procurava para este tema. Um realidade visceral, emocional e crua! Uma guitarra, um sótão de madeira e amplificador antigo foram suficientes, para “dizer” aquilo que queria.

#5 Marie Bonheur

É possivelmente o tema mais pessoal do disco. É um tema que ganhou muito em estúdio face à forma que tinha antes da pré-produção. Sem dúvida que os arranjos de cordas da Graça Carvalho e o violoncelo da Margarida Pinto foram cruciais para tornar o tema “mais profundo”, mas ao mesmo tempo a produção sempre lhe conferiu uma luz que ainda foi mais potenciada pelo Paulo Mouta Pereira na masterização. Pode ser muito pessoal mas também é aquele a nível sonoro onde deixei as pessoas que trabalharam comigo o fizessem ganhar novas cores. Muitas vezes o que é nosso fica maior abrindo a porta à criatividade alheia. Até porque nos confere um distanciamento salutar.

#6 Calle Del Amor

Esteve para não entrar no disco, no entanto a cada audição a melodia ia-se entranhando cada vez mais e o seu respirar fazia todo o sentido no centro do disco comunicando com o primeiro piano e abrindo caminho sonoro para o que vem a seguir. Foi pensado e iniciado em Espanha num velho mas inspirador piano de parede. Melodicamente acaba por ser o mais rico das três faixas de piano. Ainda bem que entrou no disco.

#7 Yo La Tengo

Yo La Tengo tem a particularidade de surgir do sintetizador e não da guitarra. É uma construção diferente do habitual para mim, mas que acabou por proporcionar espaço para guitarra e linha de baixo (que por me fazer lembrar um tema dos Yo La Tengo, assim foi baptizada). Surgem vozes, as únicas do disco, mas claro, sem palavras.

#8 Danças Marcianas

Mesmo antes de ser gravada esta música já tinha história. Uma das que mais reacções costuma causar ao vivo e que inclusive foi centro de uma polémica em 2018. Não conseguia dissociar este tema do conceito que este disco também abarca e acaba por ter uma nova roupagem que me agrada por dar texturas diferentes ao disco.

#9 Mar Adentro

A música mais cinematográfica que alguma vez já fiz, ou não fosse ela inspirada no filme do mesmo nome. Tem muito de mar, tem muito da Galiza e tem uma incursão à electrónica voltando o sintetizador a ter papel importante para a direcção que a música acaba por tomar. Resulta também de improvisação em estúdio e de criação do momento que tanto gosto de explorar. E é outro tema que dá uma textura heterogénea ao disco. Também esteve para ficar de fora mas como me disse alguém e com razão “este tema merece estar no coração do disco”.

#10 Casa Dos Pequenos Pássaros

Será o tema mais emocional (para mim), do disco. Também muito pessoal reflecte a quietude do poema que deu ignição ao disco e comunica com a abertura do mesmo. Abrir o disco e fechar com piano sempre foi algo que ecoou na minha cabeça e quando senti que era possível e fazia todo o sentido, este tema não poderia estar noutro local que não no fim.


sobre o autor

Arte-Factos

A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)

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