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Spicy Noodles foi o nome escolhido para este projecto/banda que nasceu no solarengo verão alentejano de 2016, numa residência artística. Érika Machado e Filipa Bastos buscam sons e imagens para escrever um diário a quatro mãos e são as responsáveis por toda a parte criativa, das composições e execução das músicas, dos vídeos, às ilustrações, fotografias, e o que mais for preciso.
A edição do álbum sai um pouco mais tarde do que o planeado, mas o roubo do disco quase pronto já é história, e “Sensacional!” vem agora, materializar o trabalho da dupla que canta o que quer e não ouve o que não quer.
O disco foi feito entre Julho e Agosto de 2019 e foi todo gravado e pré produzido no estúdio caseiro Quebra Galho em Coimbra, e depois seguiu para o Estúdio 128 Japs em Belo Horizonte no Brasil, onde o mestre John Ulhoa (Pato Fu), generosamente cuidou da produção, mistura e masterização.
Foi das últimas canções do disco a ficar pronta, é uma canção pra cima, que fala de cumplicidade, de amor, sobre manter os planos que ainda dão certo, sem medo da espetacular sensação que é não se prender ao que já não funciona. Fala da capacidade de levantar apesar dos tropeços que a vida nos traz, mas acima de tudo fala de amor e união, seja qual for a fase da vida.
Sensacional é uma música feita para aquelas coisas que a gente quer que aconteça de qualquer forma, o que tem que ser, o que vai acontecer mesmo que tenhamos que fazer sozinhas, ou mesmo que tenhamos que tentar de novo, aquilo que a gente quer pagar para ver, e deixar rolar, o que tem que ser e não tem solução…
Mesmo que a gente se sinta o Mr. Bean (que é aquele personagem com as mais originais e excêntricas soluções para resolver alguns problemas, e uma indiferença total por solucionar outros, com uma incrível habilidade em gerar confusão), e mesmo que a gente se sinta o Charlie Brown também, aquele menino que falha em quase tudo o que tenta fazer, uma criança dotada de infinita esperança e determinação, mas que é dominada por suas inseguranças e uma permanente má sorte, e com os pequenos golpes que sofre de seus amigos, um carismático fracassado) a gente ainda pode se sentir sensacional.
A música fala da rotina e das condições de um sujeito comum, como tantos outros desse consumido e consumível mundo contemporâneo, que quando para pra pensar na própria sorte, nem consegue querer mais do que ganhar na raspadinha para comprar um telemóvel.
Essa música surgiu depois de uma conversa em uma mesa de café, um alguém com bastante talento para a oratória chamou a nossa atenção ao se esbaldar em soluções certeiras para os problemas do mundo. Esse dia nos fez pensar em como as vezes parece fácil resolver os problemas que não são só nossos, e como parece é difícil resolver o que temos urgente pra fazer, sem deixar para depois de amanhã.
Essa música foi feita em um momento em que nós estávamos sempre a mudar de cidade, não conseguíamos ficar por muito tempo no mesmo lugar, estávamos em Lisboa, e era a quarta cidade em 3 anos (fora os meses na residência) vivíamos sempre à procura de uma novidade ou mesmo procurando matar as saudades, éramos felizes com essa vida móvel, e cada lugar novo nos trazia uma alegria nova.
Online e invisível até parece uma canção de amor, talvez seja porque na letra diz: esperando só você entrar / escrevo no seu mural / envio um coração, e essas coisas. Na verdade, ela foi feita em tom de brincadeira, essa nova forma de comunicação e interação, e o quão banal se tornou enviar um coração a alguém através de uma rede social. Facebook, inclusivamente àqueles que não conhecemos.
Surgiu de uma brincadeira com dois teclados velhotes, um Casio pequenino que já nos acompanhava fazia bastante tempo, e um outro Yamaha já velhote e banguela, redescoberto depois de estar abandonado por anos na garagem.
Na brincadeira de duelo de vovôs keyboards, a música aconteceu, e nós gostamos dela, tinha ficado com uma onda fixe, meio música de jogos antigos. Inspiradas por isto, fizemos uma letra que resume de forma simples a nossa intenção nesse jogo da vida: ter uma meta para chegar, salvar a vida, tentar não explodir, quando cair se levantar, curtir as fases e jogar pra vencer, sem atingir ninguém.
Essa música foi feita na varanda da casa que vivíamos numa residência artística em Ourique. A pequenina e linda vila de mil habitantes parecia um cenário sem atores principais, e à noite, o silêncio era tão grande que do outro lado da avenida principal, era possível escutar o estalo das bolas de bilhar do bar havia numa cave logo em frente. Era surpreendente poder observar a rua vazia e ouvir o silencio e todos os sons que esse silêncio ressaltava, na rua principal não passava ninguém. Vínhamos diretas de uma temporada em São Paulo, onde vivíamos no 23º andar, bem no centro da cidade, o contraste foi maravilhoso e não pudemos deixar de registrar este momento surpreendente.
Leve Leve foi a primeira música a surgir neste projeto que teve início na residência artística “Atalaia Artes Performativas” no Alentejo. Estávamos a viver no Brasil, e quando soubemos que tínhamos sido selecionadas para a referida residência, arrumamos nas malas o nosso “estúdio” para viagens, e seguimos com tudo o que podíamos precisar debaixo do braço; baixo, guitarra elétrica e acústica, controlador, cabos, pedais, etc.
Quando chegámos à residência artística encontrámos um livro do Fernando Pessoa, e tinha um poema do Alberto Caeiro que começava com estas palavras “Leve. leve”, o Leve leve ficou a ecoar nas nossas cabeças, principalmente porque chegamos cheias de bagagens e ao mesmo tempo, nos sentíamos muito leves, estávamos à espera das surpresas que poderíamos encontrar nesse novo lugar. Enquanto desfazíamos as malas e nos instalávamos, esta expressão ganhou um significado ainda mais concreto e foi assim que partimos para a primeira música, e também primeiro single, que valeu o convite para a participação dos CD Novos Talentos FNAC 2017.
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)