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Em “Ser Nenhum” os Prana trazem ao mundo 13 novos temas, produzidos por João Bessa no Boom Studios, cantados em português, que exploram o pessoal e o íntimo de cada um não esquecendo aquilo que os envolve e rodeia.
‘Ser Nenhum’ aborda vários temas – do dentro e do fora – e de como estes se podem influenciar mutuamente. ‘Vira Lata’ arranca, depois da cama feita, com o riff que perdura tanto quanto a música. Este tema é uma espécie de “Triunfo dos Porcos” com um rafeiro de baixa classe social e instintos revolucionários a assumir o papel principal, dizendo que um “vira lata não dá pata”.
A premissa para este tema é imaginares-te numa arena, com um adversário pela frente, estando tu em desvantagem. Já deste corpo, alma, suor e sangue e tens energia para uma última investida antes de sucumbires, que, sem medo ou hesitações, cumpres. A música vai seguindo, gradualmente, o que se vai passando na letra.
O consumismo é um canto de sereia. Algo que nos diz “tu precisas disto. E daquilo. E se vier com aquilo ficas completo. Bem sucedido. Feliz.”
O ‘Vaso Chinês’ fala de alguém que descarta o que é real e humano para se rodear – e eventualmente afogar – no que é supérfluo. É também o último single lançado, deste álbum.
Às vezes, há músicas que passam por mil versões diferentes – melódica ou tematicamente – até chegarem à sua versão final. Esta começou por falar de uma relação destrutiva, mas acabou por mudar para um tipo diferente de batalha: a interna. A que é tão perigosa quanto silenciosa e para cujos sinais devemos estar atentos, tanto para nós mesmos como para os que nos rodeiam. Tentámos levar todo esse frenesim emocional e psicológico para a música, com as tarolas e guitarras sincopadas, alternando entre maiores e menores, silêncios e devaneios totais de bateria.
Reduzindo a velocidade até a um murmúrio, 22:22 fala de memórias, arrependimento e da forma como o tempo lima arestas que nos pareciam tão incisivas no passado. Deixámo-nos levar um pouco pela nossa paixão do bossa nova, e, por sugestão do nosso produtor e sempre assertivo João Bessa, somámos as guitarras carregadas de reverb e distorção como fundo e a linha de teclado para cozer tudo isto junto.
É provavelmente o tema mais direto e quadradinho do álbum. A letra, cantada na primeira pessoa por um mentiroso e manipulador assumido, revela os podres e segredos de uma aldeia que é cidade e onde pouca gente é como diz ser.
Esta personagem está num bar, bebida e inspirada, e vê entrar uma mulher que o desarma. Cheio de coragem líquida, o tipo tenta captar-lhe a atenção e percebe, não sem um certo desespero, que ela lhe devolve sinais dúbios num constante ‘vai em frente/deixa-me em paz’.
Foi o nosso primeiro avanço de ‘Ser Nenhum’.
Este é dos temas que melhor retrata aquilo para que o nosso som evoluiu. A bateria continua lá, assim como a guitarra e o baixo, mas tem uma dezena de outros elementos melódicos e percussivos que transfigura a nossa forma de contar histórias. Esta é sobre aprender a enfrentar a dor e as adversidades emocionais, sem encolher, sem desviar o olhar, sentindo-as como elas são. É sobre aprender com o que é real e não com artifícios que criamos para esconder o que realmente sentimos.
É a mais calma e curta do álbum, mas é também a mais triste e fatídica. Fala de alguém que prefere sucumbir ao sono e ao sonho e à ilusão de que ainda tem quem ama.
Já todos nós passámos pela situação de nos sentirmos completamente à mercê de alguém. Alguém que nos usa, abusa, espreme até estarmos secos, apenas para nos descartar a seguir… Um dia volta, apenas para repetir todo o processo, sem que o consigamos evitar.
Esta, ao contrário de todas as outras, não foi feita para este álbum. Era uma música que tínhamos deixado de fora d’O Amor e outros Azares por ser demasiado densa e pesada para lá encaixar. Fala de um amor pela morte e da fatalidade do amor, do quão perto estas linhas se aproximam e do controlo que não temos sobre elas. Achámos que foi simplesmente feita antes do seu tempo de nascer e que se fundia perfeitamente neste ‘Ser Nenhum’.
Frinchas é das que melhor descreve o processo criativo e de composição para este disco. Fizemos dois retiros, de cinco dias cada um, em uma casa de um amigo em Arouca. Um no verão, outro no inverno. Passávamos as noites a tocar, em jam sem regras ou preocupações. Dormíamos até à hora do almoço e passávamos as tardes a ouvir e a juntar as melhores ideias da noite anterior. À noite, repetia-se o processo.
Esta música manteve-se muito fiel à sua forma original e faz-nos lembrar a maneira como fazíamos música na altura do 1, o nosso primeiro EP, com muitas e diferentes partes e um instrumental longo e progressivo. A letra fala sobre deixar a luz entrar pela janela toda e não pelas tímidas frinchas.
O último tema deste disco fala sobre alguém que descobre a paz e a felicidade numa ligação completamente disfuncional e submissa. Alguém para quem dar-se totalmente é o mesmo que receber tudo.
Decidimos esconder, bem no fim do tema, uma passagem de uma das nossas sessões em Arouca. Não sabemos bem que horas eram quando tocámos isto, mas é uma homenagem a alguém muito especial para nós.
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)