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Após muitos anos a cantar separadamente em português e inglês, escondido atrás de pseudónimos como Oceansea e Landfill, Daniel Catarino assume-se agora como cantautor bilingue e “Songs From The Shed” é o primeiro disco de longa-duração em nome próprio. Editado no final do ano passado, é um disco ainda fresco, que será apresentado no próximo dia 26 de Fevereiro na Crew Hassan, em Lisboa.
Um tema que soa alegre ao mesmo tempo que fala sobre a inevitabilidade da separação, sobre não conseguir corresponder às expectativas que a outra metade da relação tem em relação a nós. Destaco a frase “I am mildly pretentious at affordable costs” como parte da essência deste tema (Sou ligeiramente pretensioso a baixo custo). Sou tudo aquilo que querias excepto aquilo que não sou. Complicado, não é?
É difícil alcançar algo quando tudo parece rumar em direcção oposta. Nessas alturas, o melhor acaba por ser dar o melhor e esperar que algo de bom nasça com ajuda do acaso. Destaco “Sometimes I care for no one, sometimes I love everyone and pet their hearts with a gun, rubbing their bellies with slaves” como base lírica do tema (Às vezes não gosto de ninguém, às vezes amo toda a gente e acaricio-lhes o coração com uma arma, esfregando-lhe a barriga com escravos).
É o tema mais directo e liricamente mais simples do disco, uma vez que fala do arrebatamento de conhecer alguém, apaixonar-se e ser correspondido nesse processo. “I get the crazy feeling that I’m not alone, and even gangsters in the streets are whistling this song” (Sinto que não estou sozinho, até os gangsters nas ruas assobiam esta canção).
Fala sobre a decadência moral que é sentir algum tipo de satisfação ao ver outra pessoa a sentir-se miserável, ou até desejar momentaneamente que isso aconteça. Imaginem-se sentados no vosso sofá preferido enquanto a pessoa que vos partiu o coração se arrasta de joelhos à vossa frente a implorar perdão e aceitação. O amor pode ser tão feio como bonito. “It feels like I’m having too much fun hanging on to what you’ve done wrong” (Parece que me estou a divertir demais a agarrar no que fizeste de errado).
Das minhas preferidas do disco, e talvez a mais poética de todas. Fala sobre algo que não é tangível e que nos une a todos, sobre sermos todos iguais a algum nível, muito inspirada pela frase “Even the president of the United States sometimes has to stand naked” de Bob Dylan (Às vezes até o presidente dos Estados Unidos tem de estar nu). Acredito que essa ligação se realça no prazer e na dor.
Quando uma relação começa a azedar, qualquer ninharia se transforma em acusação, qualquer acção despoleta reacções desmedidas, qualquer pequeno tique parece a coisa mais irritante do mundo. Este tema lista muitas dessas situações em jeito de pedido de desculpas e de acusação. “You can’t find solutions if you don’t do the math” (Não consegues encontrar soluções se não fizeres as contas).
Neste tema faço acusações à raça humana a torto e a direito, tendo consciência que sou culpado de muitas delas. “We’re fools on parade, dumb and indifferent, boring and bored, free but addicted” (Somos idiotas em desfile, estúpidos e indiferentes, entediantes e entediados, livres mas viciados).
Esta canção expressa a frustração da separação do ponto de vista de alguém que continua apaixonado. Fala sobre achar que a outra pessoa nos irá esquecer rapidamente e seguir a sua vida como se nada tivesse acontecido. Por vezes, a vontade de segurar a vida que se tem é maior que a de procurar uma vida melhor, e acabamos por nos sujeitar à rejeição e aos maus tratos psicológicos por causa disso. “Put me on a show to play the villain” (Põe-me num programa a fazer de vilão).
Nos filmes românticos, os casais acabam sempre felizes e aos beijinhos, e sempre achei que se seguíssemos o resto das suas vidas, muitos deles provavelmente separar-se-iam e formariam família com outras pessoas. Tomando a Bela e o Monstro como exemplo, este tema fala sobre a sombra do pecado que paira sobre a monogamia, aproveitando para explorar algumas imagens mais ridículas que por vezes nos ocorrem, seja em forma de apetite sexual ou apenas delírio. “Danger danger, safety’s avenger, looking at pornography, sinful monuments for lonely moments, a prayer for anatomy” (Perigo perigo, o vingador da segurança a ver pornografia, monumentos de pecado para momentos solitários, uma reza para a anatomia).
Uma canção de amor escrita a pensar concretamente em alguém, mas que ganhou outros contornos com o tempo, e que agora serve de tributo a algo muito maior, à família, aos amigos, à música, a tudo o que inspira para viver e ser alguém melhor diariamente. A tudo e todos que não nos abandonam, obrigado pela paciência, obrigado pelo apoio infinito.
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)