DocLisboa’16: Nos próximos dias, o mundo inteiro cabe em Lisboa

por Edite Queiroz em 21 Outubro, 2016

O DocLisboa’16 arrancou no passado dia 20 de Outubro. Aguarda-se a exibição de mais de 25 obras oriundas de 41 países. A competição internacional conta com 18 filmes de 13 países diferentes, 7 dos quais em estreia mundial. Já a competição nacional exibirá 12 trabalhos de realizadores portugueses, representativos da diversidade de olhares, práticas e linguagens do cinema, em Portugal.

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Nas longas-metragens encontramos Ama-San, de Cláudia Varejão, um dos filmes mais aguardados. Filmado no Japão, centra-se nas ama (em japonês, “mulheres do mar”), mulheres dedicadas à arte ancestral, transmitida de mães para filhas, de mergulhar e explorar o fundo do mar em busca dos tesouros. Já A Cidade Onde é Envelheço, de Marília Rocha, situa-se entre a ficção e o documentário, observando longe de Portugal a partir de Belo Horizonte. Edgar Pêra traz-nos O Espectador Espantado, filme em 3D encomendado por Guimarães 2012, baseado em depoimentos filmados em salas de cinema. Cruzeiro Seixas – As Cartas do Rei Artur é a proposta de Cláudia Rita Oliveira, trabalho que se debruça na figura do pintor e poeta. Poderão ainda ser vistas as curtas-metragens Layla & Lancelot, de Joana Linda (inteiramente filmado com um um iPhone), Downhill, de Miguel Faro (sobre o mundo dos skaters), A Praia, de Pedro Neves ou Maria Sem Pecado, de Mário Macedo.

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Nas secções de retrospectivas, o festival revista este ano a obra de Peter Watkins, laureado com um Óscar de melhor documentário em 1966 e pioneiro do docudrama e do falso documentário. Watkins é um dos principais expoentes do cinema político e de resistência, questionando e criticando o papel da comunicação social em temas urgentes como a questão nuclear e o poder instituído. A retrospectiva Por um Cinema Impossível: Documentário e Vanguarda em Cub, com curadoria de Michael Chanan, homenageia o documentarismo de propaganda nascido em Cuba nos anos 60, logo à seguir à revolução, por oposição política e estética ao cinema de Hollywood, exibindo o trabalho dessa nova vaga de documentaristas cubanos (como Santiago Álvarez e Julio García Espinosa) e ainda obras de cineastas estrangeiros que mantiveram relações com Cuba nessa década (Agnès Varda, Chris Marker e Joris Ivens).

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David Bowie, Muhammad Ali, Mapplethorpe, Sidney Lumet e David Lynch são alguns dos protagonistas da secção Heart Beat. Muito aguardado é o documentário Man With a Hundred Faces or The Phantom of Hérouville, sobre a figura de Dvid Bowie (do realizador francês Gaëtan Chataigner e do jornalista Christophe Conte) e ainda O dia em que a música morreu, Bruno Ferreira, sobre os Linda Martini. Nos Riscos, secção onde o real e a sua representação se desafiam e dialogam na tentativa de mapear um cinema complexo, encontra-se o cinema de Boris Lehman, Peter Hutton ou Masao Adachi. A secção Verdes Anos apresenta uma selecção de 23 filmes portugueses, de jovens realizadores e de estudantes das mais diversas áreas, constituindo-se uma vez mais como é uma plataforma de reflexão, diálogo e exposição a um público alargado. Este ano, pela primeira vez, a secção tem uma competição e júri próprios. Serão ainda mostrados filmes de alunos do departamento de Media Art da Universidade de Karlsruhe, universidade internacional associada do DocLisboa’16. Destaque ainda para a selecção Doc Alliance, composta por 6 filmes incluindo o grande vencedor do Prémio Doc Alliance 2016, anunciado na passada edição do Festival de Locarno, Gulîstan, Land of Roses, de Zaynê Akyol.

O DocLisboa’16 apresenta este ano uma nova secção, Da Terra à Lua, que estreará, fora de competição, alguns dos filmes de realizadores-chave do panorama documental. Serão mostradas nesta secção as mais recentes obras de Rithy Panh (Exile), Werner Herzog (Lo and Behold, Reveries of the Connected World), Avi Mograbi (Between Fences), Wang Bing (Ta’ang) e da portuguesa Catarina Alves Costa (Pedra e Cal). Nas actividades paralelas, destaque para as masterclasses com Avi Mograbi e Michael Chanan, o laboratório de realização com João Tabarra e as mesas redondas sobre as retrospectivas.

Até dia 30 de Outubro, será o verdadeiro corrupio entre a Culturgest, o Cinema São Jorge, a Cinemateca e a Fundação Calouste Gulbenkian. Nos próximos 10 dias, o mundo inteiro cabe em Lisboa.


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Edite Queiroz

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