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Saúda-se a memória histórica e que se revisite a transição da ditadura para a democracia através de um conjunto reduzido e anónimo de personagens.
À falta de melhor exemplo (lamentavelmente, nunca vi O Leopardo), A Herdade podia ser uma espécie de Uma Melhor Juventude à portuguesa. Podia e promete sê-lo durante a primeira hora, quando, ainda que sem grandes traços de genialidade e com um ritmo lento, vai expondo as atribulações de um latifundiário egocêntrico e politicamente incorrecto nas vésperas do 25 de Abril.
Só que depois vem o PREC e o filme espalha-se ao comprido.
Vai ao ar toda a subtileza, credibilidade e profundidade das personagens. Torna-se evidente a falta de solidez do elenco, em particular dos actores secundários (os principais, com destaque para Sandra Faleiro, são do melhor que o filme tem).
Começa a haver falhas descaradas na caracterização e no sotaque (ou na falta dele). E há diálogos e opções narrativas que parecem feitos e encenados às três pancadas, como uma zaragata entre trabalhadores ou a viragem política momentânea de Leonor.
Tudo a abrir caminho para o cenário melodramático de 1991. Desaparecem o contexto e os contrastes socio-políticos e fica apenas a novela barata.
Em vez de qualquer resquício de reflexão sobre o que mudou ou não na sociedade portuguesa ou o peso da tragédia familiar, só apetece dar uma ou várias gargalhadas. E isso diz muito daquilo que acaba por ser A Herdade, o candidato português para os Óscares do próximo ano.