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Um realizador caído em desgraça como M. Night Shyamalan, Will Smith numa nave espacial, um Planeta Terra apocalíptico, fogachos de um conturbado e difuso passado familiar, uma luta épica pela sobrevivência… teme-se o pior, mas por vezes temos surpresas. Neste caso, quando tudo parece correr mal, corre mesmo e não há muito a dizer sobre After Earth: é mau de mais para ser verdade.
Até ao belíssimo The Village, o percurso de Shyamalan focava-se numa certa reflexão sobre o pós-vida ou as influências filosóficas do além ou de um mundo extra-terrestre, ao mesmo tempo que a cruzava com personagens excêntricas (ou simplesmente reais) em busca de um sentido de existência no Mundo. Fosse nos melhores momentos (The Sixth Sense à cabeça) ou nos mais absurdos (o inqualificável Signs), havia uma marca autoral forte e um percurso relativamente coerente. Com Lady in the Water, começaram os devaneios vazios que atingirão aqui o seu apogeu.
Qualquer suposta mensagem que o filme pretenda passar esgota-se no tagpromocional: Danger is Real, Fear is a Choice. Podia ser uma boa reflexão sobre o medo, mas a abordagem à questão é simplesmente gratuita ou ausente. O argumento, por sua vez, perde-se nas suas contradições e incógnitas. Numa expedição (que expedição?) a um planeta Terra pós-humano, um conjunto de rangers futuristas tem um acidente que deixa apenas dois sobreviventes: Will Smith e o seu filho. Perante a incapacidade do pai, terá de ser o filho a cumprir uma missão de sobrevivêncial (qual missão?) capaz de os resgatar dos perigos iminentes e fazê-los voltar a solo firme (qual solo firme?), tudo isto enquanto o pai tem flashes de recordações familiares (que recordações?). É simultaneamente simples e complexo, no sentido de ser básico e perfeitamente desconexo. Espera-se por um twist ao jeito de The Village, que dê efectivo corpo ao filme ou pelo menos surpreenda, mas isso não acontece. O campeonato é descaradamente outro.
Se o pai é interpretado por Will Smith, o jovem adolescente é Jaden Smith, precisamente o filho de Will na vida real. Pai e filho juntos na desgraça, depois de já terem sido parceiros num dos mais simplórios e escabrosos filmes que se fizeram sobre o capitalismo e o poder do dinheiro, The Pursuit of Happyness, espécie de telefilme de Domingo à tarde com uma mensagem perversa.
A estética futurista e tecnológica de After Earth faz lembrar um jogo de consola pouco imaginativo, onde as vidas são fluidos de oxigenação e as regras são pouco claras e relativamente manipuláveis. Como tal, não vale a pena resistir à mensagem óbvia: “game over”. Para o filme e talvez para o cinema de Shyamalan.