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As adaptações de videojogos para filmes são hoje cada vez mais uma realidade comum. Tudo começou há algumas décadas com os filmes do Super Mario, mascote da Nintendo, e nunca mais parou, cada vez com maior regularidade, mas sempre com um denominador comum: a qualidade constantemente baixa. Este Assassin’s Creed, de Justin Kurzel, é a mais recente adaptação e acaba também por ser um filme que dificilmente vai agradar a fãs da série da Ubisoft ou cativar aqueles que com ela não têm qualquer ligação. Nada de novo nas adaptações de videojogos, portanto.
A conhecida série de videojogos, que teve início em 2007, narra a história de Desmond Miles que através do Animus, uma máquina que possibilita reviver memórias de antepassados, vive histórias de personagens em momentos históricos reais e acompanha um conflito fictício entre assassinos e templários. Na adaptação ao cinema seguimos uma personagem diferente – Cal Lynch (Michael Fassbender) – mas a base é a mesma. Cal torna-se numa ferramenta para a Abstergo Industries, que através do Animus pretende que este viva as memórias de Aguilar, um assassino no século XV em Espanha, com o objectivo de encontrar a Maçã de Eden, um artefacto com o poder do livre arbítrio. O argumento tem tanto de confuso para quem já segue a série como de incompreensível para quem tem aqui o primeiro contacto com Assassin’s Creed.
Talvez a maior dificuldade em fazer uma adaptação de um videojogo seja saber quanto se pode o filme distanciar sem perder a essência do que é. Neste caso, Justin Kurzel optou por manter apenas noções da série, como o conflicto entre assassinos e templários, o Animus e alguns termos que são recorrentes no videojogo (synchronization, leap of faith, apple of eden), deixando para trás personagens, locais e narrativas. É sempre um pouco estranho e dificilmente funcional quando se retiram elementos de um todo e se tenta fazer com que funcionem noutro contexto. Michael Fassbender como a personagem principal e Marion Cotillard e Jeremy Irons na pele das principais caras da Abstergo fazem um trabalho tão bom quanto lhes era permitido, mas a narrativa é desinteressante, confusa e aborrecida. Visualmente, o que é uma delícia no videojogo com a recriação no passado de cidades como Florença e Paris acaba por ser uma desilusão no filme, com um ambiente negro, sem qualquer destaque visual.
Ultrapassando a narrativa e o visual, ambos aspectos uma desilusão, resta muito pouco para tentar apreciar. A acção nunca convence, com planos tremidos e pouco mais do que corridas de parkour com fracos desfechos e ainda que haja diálogos interessantes, especialmente quando se juntam os dois principais personagens de Michael Fassbender e Marion Cotillard no ecrã, a fraca narrativa que os suporta torna-os em momentos isolados que nunca têm um devido seguimento. Deve-se louvar a tentativa de criar mais do que hora e meia de acção e explosões, mas não basta tentar. Se a ideia era criar uma história independente, falta demasiado conteúdo e ligações mais fortes entre os vários momentos do filme para que realmente resulte.
Em suma, Assassin’s Creed é mais uma adaptação pouco feliz de um videojogo, resultando numa peça cinematográfica fraca que dificilmente agradará a fãs e que pouco sentido fará para quem procura apenas ver o filme. Falha como blockbuster, falha a nível de argumento e falha em adaptar o que de bom havia na saga. Há ainda um caminho muito longo até que boas ideias no mundo dos videojogos resultem em boas adaptações, mas claramente esse caminho terá de ser feito noutro sentido que não aquele que tem sido percorrido nas últimas décadas.