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Beasts of the Southern Wild leva-nos para para os confins da América, para uma comunidade isolada, caótica, abrutalhada, com índices civilizacionais muito diferentes dos padrões ocidentais. Seguimos essencialmente um pai e uma filha, em que a criança é quase ensinada a ter comportamentos de adulta e de homem. Se outros méritos não tivesse, o filme valeria logo por nos despertar alguma simpatia por hábitos e práticas bem diferentes das nossas, por não os julgarmos de forma completamente gratuita.
Num contexto físico muito específico, a natureza é também um foco do filme. Animais e plantas são expostos de forma crua e directa, sem o bucolismo mais típico do campo. A acompanhar esse registo fotográfico, a filmagem é também propositadamente tremida e in your face, jogando de forma coerente com a secura das imagens. Contudo, a beleza visual muito particular tem também um certo reverso da medalha. Por vezes, a estética acaba por singrar em demasia e o filme torna-se demasiado arrastado, com falta de narrativa, nomeadamente na primeira metade.
A justiça dos elogios que têm sido dados ao desempenho da pequena Quvenzhané Wallis, de apenas 9 anos, que lhe valeu mesmo a nomeação para os Óscares, tem de ser ampliada à direcção de actores. Não deve ser fácil colocar uma criança a fazer um papel de sobrevivência, de equilíbrio ou de auto-gestão num contexto familiar devastado, com características muito diferentes dos papéis mais convencionais na infância. A sua presença torna-se particularmente emotiva nos momentos em que o limbo entre a vida e a morte é mais forte, como sucede na fuga do hospital ou em toda a sequência final.
Apesar de um ou outro excesso estético, a obra destaca-se pela força visual, pela problematização invulgar e pelo humanismo redentor, estando longe do exercício de estilo mais pseudo-intelectual sobre a infância, como sucede, por exemplo, em Nana. Assim, Beasts of the Southern Wild é mais uma boa surpresa do cinema independente americano.