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Borg McEnroe é o biopic de 2017, estreado no Toronto International Film Festival. Um filme sublime que retrata a rivalidade entre os tenistas Björn Borg e John McEnroe, sueco e norte-americano respectivamente, que acabou por se transformar numa sólida amizade de largos anos e muita proximidade.
Defrontaram-se em 14 partidas do circuito. O primeiro confronto deu-se na final masculina de Wimbledon em 1980, quando Borg lutava pelo 5º título consecutivo e McEnroe chegava à final pela primeira vez, e este é o pano de fundo que acompanha a narrativa.
A rivalidade nasceu da mestria de ambos na modalidade, revelando através da prestação e estilo de vida os respectivos temperamentos.
Björn Borg (actor Sverrir Gudnason) encarna toda a frieza nórdica, mantendo-se sempre concentrado e forcado no jogo e nos objectivos, o que lhe valeu a alcunha de IceBorg. Nova-iorquino, John McEnroe é explosivo, desbocado e inconformado, um papel à medida do actor Shia LaBeouf, que regressa às boas graças de cinéfilos depois dos seus mais recentes devaneios artísticos.
Descobrimos o percurso de carreira destes titãs, desde a juventude às vitórias profissionais. Percebemos nos flashbacks de momentos-chave das suas vidas que não são assim tão diferentes. Curiosamente, o filho do tenista sueco interpreta o pai com 13 anos – Leo Borg é uma das promessas mundiais do ténis.
Borg aprendeu, foi aconselhado, a controlar e canalizar a sua raiva – aquela que McEnroe nem sempre sabe conter e ainda hoje o coloca no centro de polémicas -, com o apoio do treinador Lennart Bergelin, outra lenda do ténis sueco e interpretado por Stellan Skarsgård, e da tenista Mariana Simionescu.
Os seus rituais mecânicos e as superstições recordam as recentes palavras do lutador Connor McGregor: superstitions are for the weak, it’s just another word for fear, mas na verdade são perfeitamente justificáveis para quem tem tudo a perder e se transformou o ténis numa forma de arte. Um perfeito contraste com seu rival John McEnroe, que prefere entregar-se aos prazeres da juventude rumando ao trono com apenas 21 anos.
De resto, Björn Borg é a figura central do filme, um virtuoso herói nacional. Na Suécia o filme adoptou o título de simplesmente “Borg” em sua homenagem.
Assistimos as etapas que os levaram ao confronto na final de Wimbledon, numa cuidada representação da partida carregada de tensão. Borg é o favorito do público que o respeita e apoia, enquanto que McEnroe é frequentemente vaiado em consequência da sua atitude. O resultado da partida faz parte da História do desporto, mas mais que isso, a final foi um momento marcante na carreira de McEnroe que pela primeira vez apresentou um comportamento exemplar, acabando por conquistar a admiração dos adeptos.
Destaca-se ainda a palete de cores muito retro e vibrante, especialmente dos equipamentos dos jogadores, roupas essas que até podem ser adquiridas pelos fãs. A banda sonora pontua os momentos certos, mas sem aquele factor “wow” a que compositores como Hans Zimmer nos habituaram. Outro detalhe digno de reparo, é a utilização dos idiomas nativos das personagens: ouvimos o inglês britânico e norte-americano, mas domina o sueco.
No final do filme somos finalmente presenteados com cenas reais, de época, dos jogadores. Imagens estas que gostaria de ter visto mais vezes, apesar da reprodução das partidas de ténis, conferências de imprensa e outros momentos marcantes.
Ainda assim, reforço o que escrevi no início: este é o melhor filme biográfico que 2017 tem para nos dar, com estreia nacional a 5 de Outubro.