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Brooklyn conta uma história emocionante de como um argumento normal se pode transformar num filme com qualidade através de um papel principal muito forte. Seria injusto afirmar que a Saoirse Ronan faz o filme, porque há mais além dos actores aqui, mas a verdade é que não seria o mesmo se a qualidade de representação no papel principal fosse inferior.
O argumento centra-se em Ellis (Saoirse Ronan), uma rapariga irlandesa que na década de 50 procura uma vida melhor em Nova Iorque. Enquanto que a evolução da personagem em si não é inesperada, o modo como é feita torna-se no foco principal do filme. A Ellis que encontramos no início transforma-se mais do que uma vez, acompanhando a adaptação a diferentes situações que surgem nos dois espaços físicos que tem como casa. Comparando a personagem inicial com a final, encontramos poucos pontos em comum e é genial como conseguimos acompanhar todo o processo sem nunca passar a ideia de que houve um salto demasiado grande para que parecesse natural.
Em contrapartida, a relação de Ellis com as restantes personagens parece sempre ser um pouco mais artificial. Julie Walters aparece em muito bom plano e consegue algumas boas sequências como Mrs. Keogh, que se encarrega da casa onde Ellis fica em Brooklyn, mas Emory Cohen e Domhnall Gleeson, que representam as personagens mais próximas de Ellis em ambos os países, acabam por parecer falhar na intensidade que devia ser dada a grande parte das cenas. Este contraste acaba por dar mais destaque a Saoirse Ronan ou, talvez, o destaque da actriz acaba por banalizar um pouco as restantes prestações, que não escapam da normalidade.
O argumento pode não ser uma obra de arte em termos de inspiração, mas John Crowley sabe como o trabalhar. Não é fácil manter interessante uma história simples que se limita a seguir uma personagem ao longo do tempo, mas isso acontece em Brooklyn. A situação temporal está bem conseguida e retratada e os diálogos bem construídos, preenchendo um filme que consegue fugir com habilidade ao aborrecimento que até podia ser previsível.
Brooklyn é uma história simples e agradável, um filme que valeria a pena ver em todo o caso, mas sem se exceder em nenhum ponto. No entanto, isso vem a acontecer através de Saoirse Ronan que se excede e consegue uma prestação muito boa, destacando-se pelo modo como faz a personagem de Ellis evoluir ao longo de todo o filme. Em todo o caso, o que no papel pode parecer uma história banal, acaba por resultar numa obra cinematográfica interessante pelas mãos de John Crowley.