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Da-reun na-ra-e-seo
Título Português: Noutro País | Ano: 2012 | Duração: 89m | Género: Drama, Comédia, Fantasia
País: Coreia do Sul | Realizador: Sang-soo Hong | Elenco: Isabelle Huppert, Joon-sang Yoo, Yu-mi Jeong

Noutro País, título em português, fala de um enredo criado por uma jovem sul-coreana algures numa pequena estância balnear do país asiático. Em vez de uma, temos três narrativas, em que as personagens principais são uma mulher francesa (a sempre fabulosa Isabelle Hupert), um homem adúltero acompanhado da sua mulher grávida, um famoso realizador nacional e um jovem salva-vidas. As personagens cruzam-se, têm envolvimentos muito diferentes (há até caminhos alternativos possíveis dentro da mesma história) e chegam mesmo a trocar de pele ou acumular personalidades (por exemplo, o homem adúltero ser simultaneamente o realizador).

Olhando apenas e só para tal descrição, é possível imaginar facilmente uma daquelas fantasias labirínticas à David Lynch. Contudo, se há também por aqui algum surrealismo, este não entra, nem de perto nem de longe, no negrume, na claustrofobia, na complexidade ou no talento (goste-se ou não) do realizador americano. O que por aqui se relata é de uma simplicidade tremenda, num local onde aparentemente nada se passa (e passa-se realmente alguma coisa de consistente?) e onde as desventuras amorosas mais disparatadas e um improvável farol, real ou imaginário, são dados fundamentais.

Noutro País

Este é um filme caricato, com destaque para o uso e abuso das diferenças  linguísticas e das barreiras de comunicação enquanto requintados gags humorísticos. Por outro lado, a imagem com que ficamos é, sendo simpáticos, de uma profunda ingenuidade (que dizer do salva-vidas?) dos coreanos envolvidos na trama. Pode ser um indício de uma certa diminuição e sentido de superioridade do realizador em relação aos seus compatriotas, mas importa relativizar e não atribuir um cunho de pretensiosismo que, definitivamente, Noutro País não tem.

Aliás, é preciso muito boa vontade ou uma certa dose de pseudice para encontrar aqui metáforas assumidas de choque cultural ou reflexões sobre a socialização e a condição humana. O melhor que se pode e se deve fazer é aceitar que se trata de um filme com piada, descomprometido e naif do experiente Hong Sang-soo. E, assim sendo, no domínio absurdo que propõe, Noutro País não é bom, nem mau… dá a volta.


sobre o autor

Joao Torgal

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