Em 1967, o aclamado crítico de cinema Roger Ebert iniciou a compilação dos melhores filmes de cada ano, manifestando não só o seu gosto pessoal, mas contribuindo também para a popularização de algumas das obras mais significativas do cinema moderno. No ano de 1998, Dark City ficou no topo das preferências de Ebert. Realizado pelo australiano Alex Proyas, que se apresentou ao grande público em 1994 com The Crow, Dark City enquadra-se num dos grandes paradigmas da indústria: apesar do fraco desempenho na bilheteira, conquistou a crítica e adquiriu rapidamente o estatuto de filme de culto, com Rufus Sewell, Kiefer Sutherland, William Hurt e Jennifer Connelly nos principais papéis.

Amnésico, John Murdoch (Rufus Sewell) acorda num ensanguentado cenário de crime e inicia a sua fuga da polícia, que o persegue por suspeita de diversos homicídios. Percorrendo a cidade, da qual não se consegue sair e que permanece mergulhada na noite, apercebe-se da sua unicidade quando vê a generalidade das pessoas entrar em estados comatosos, enquanto uma entidade – os Strangers – para o tempo e reorganiza a realidade. Dr. Schreber (Kiefer Sutherland), seu aliado na fuga, explica-lhe a natureza desta entidade e o seu propósito no controlo da população.

A compreensão da realidade e a sua incontrolabilidade tornam Murdoch uma pessoa de interesse para os Strangers, com quem forja um acordo que lhe permite regressar às pessoas e aos lugares que lhe são mais familiares. Um filme que explora o espírito humano e a força motriz da humanidade, mas que especula também sobre a existência de uma entidade maior que designa cada ação e movimento, deixando pouco dos nossos destinos ao acaso.