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Darkest Hour
Título Português: A Hora Mais Negra | Ano: 2017 | Duração: 125m | Género: Drama
País: Reino Unido | Realizador: Joe Wright | Elenco: Ben Mendelsohn, Kristin Scott Thomas, Lily James, Stephen Dillane, Ronald Pickup

Joe Wright é um realizador fantástico no que toca a reinventar o género épico. Nomes como Anna Karenina, Pride & Prejudice e, sobretudo, Atonement são excelentes exercícios visuais de histórias pujantes e recheadas de emoções fortes.

Anthony McCarten brindou-nos aqui com um excelente argumento que, a par da maneira como Joe Wright manipula a câmara, nos prende desde o primeiro instante. Confesso que já tinha saudades de ver um daqueles filmes que sem grandes artifícios ou efeitos visuais, nos conseguisse suster a respiração e congelar na cadeira.

Darkest Hour (A Hora Mais Negra) é sobre os momentos decisivos que a Inglaterra e, consequentemente, a Europa, atravessaram durante a Segunda Guerra Mundial, quando o actual Primeiro Ministro Neville Chamberlain se demite e Winston Churchill toma posse. O único detalhe é que o filme apenas acompanha todo o percurso que Churchill faz durante essa tomada de pose e o iminente confronto com Hitler e o exército alemão. Não me irei referi aos factos históricos ou aos dilemas morais que uma filosofia assente na paz acarreta e que fazem parte do pano de fundo do filme. Irei apenas referir-me ao carácter artístico desta obra, que é brilhante desde o primeiro momento, embora esse brilhantismo esteja também relacionado com os discursos ferozes e as palavras fogosas a que Churchill deu voz e que, ainda hoje, nos inflamam.

Para além de realizador e guionista, há outro argumento de peso quando se avalia Darkest Hour: o actor principal. É Churchill que carrega todo o filme e esta personagem está presente em praticamente todas as cenas. O papel assenta na perfeição àquele que é um dos actores mais talentosos de sempre – e que irá certamente ganhar o Óscar de Melhor Ator Principal com esta majestosa interpretação – Gary Oldman. Vimo-lo em diversos papéis, muito variados, foi o eterno Bram Stoker’s Dracula, de Coppola, o vilão (estilo que lhe assenta na perfeição) de Leon e Comissário Gordon dos The Dark Knight, isto apenas para mencionar alguns. Possui uma versatilidade estonteante e tem aqui com este papel, uma das melhores interpretações da sua carreira. Está muito bem acompanhado por secundários de excelência, dos quais destaco Kristin Scott Thomas, Ben Mendelsohn, Lily James, Ronald Pickup e Stephen Dillane, que todos juntos dão muita veracidade a todas as cenas e à tensão crescente quer entre as personagens, quer do próprio contexto.

Essa tensão é também muito bem conseguida com o apoio do Departamento de Som que deverá – no mínimo – receber a nomeação, sendo o total responsável pela sensação de claustrofobia inerente ao enredo. Parabéns – e nomeação – devem também ser dados ao Departamento de Maquilhagem que transfigura todos os actores, particularmente Gary Oldman que está irreconhecível e que em determinadas cenas, de determinadas perspectivas é tal e qual Churchill.

Parece-me que Darkest Hour será um dos candidatos na corrida aos Óscares numa série de categorias, pois temos aqui um filme de extrema qualidade, que nos relembra porquê que os velhos clássicos eram tão bons e é sempre tão bom revisitar essas experiências cinematográficas com guiões intemporais.


sobre o autor

Natália Costa

"Sometimes nothing can be a real cool hand." (Ver mais artigos)

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