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Muito antes de qualquer informação relevante no que ao conteúdo dizia respeito, este Ghost in the Shell de Rupert Sanders já andava nas bocas do mundo pela escolha Scarlett Johansson para o papel principal. O facto de o papel de uma personagem japonesa ser atribuída a uma actriz americana foi o suficiente para elevar os níveis de controvérsia desta adaptação live action das obras de Masamune Shirow. Sem que este tema de conversa algumas vez tenha caído no esquecimento, o filme chegou agora aos cinemas e o essencial torna-se perceber se, controvérsia à parte, esta nova adaptação do clássico de manga justifica a sua existência ou se acaba por ficar como apenas mais uma lembrança da criatividade que em tempos abundou.
Em Ghost in the Shell a personagem central é Major, que através do avanço inevitável da tecnologia acaba por ser um corpo de andróide com uma mente humana, justificando o título que implica a existência de um fantasma dentro de um corpo vazio. As relações complexas da personagem com a Hanka Robotics, que promove o aperfeiçoamento do ser humano através de upgrades mecânicos e é responsável pela criação de Major, assim como as acções contra as actividades criminosas levadas a cabo na cidade fictícia de Niihama são os principais pontos numa narrativa que tem lugar entre um mar de néon, luzes, hologramas e edifícios brilhantes. Esta acaba por ser a mais recente entrada na longa série de remakes e novas adaptações que nos últimos anos parecem ter tomado conta do cinema moderno em Hollywood. A influência de Ghost in the Shell, obra original, na criação de cenários futurísticos não pode ser subestimada, assim como a forma interessante como aborda a criação de uma espécie de raça humana v2, que pode ser questionável pelo nível de aperfeiçoamento que procura. Ainda que estes sejam pontos que não ficam esquecidos por Rupert Sanders na adaptação feita, o principal foco acaba sempre por ser uma cidade que procura com demasiado esforço afirmar-se como a cidade do futuro, entre toda a poluição visual luminosa com que nos ofusca em cada plano. Quando o cenário muda para paisagens mais minimalistas, onde as luzes não são mais do que pontos no horizonte, é possível respirar um pouco melhor e perceber que nem tudo está a ser mal feito no filme.
O argumento acaba por ser interessante e, com algumas voltas, surpreende o suficiente pela positiva. Não se trata tanto de um filme de acção ininterrupta como se pudesse esperar e consegue focar em específico alguns pontos interessantes possibilitados pela temática do manga. Numa altura em que tantos filmes e séries agarram em temas muito semelhantes, era preciso, ainda assim, muito mais para conseguir sobressair dentro da área de ficção científica. Torna-se também impossível não estranhar aquele que foi o motivo de tanta controvérsia, quando percebemos que os actores asiáticos são uma minoria numa história em que todas as personagens são japonesas. A adição de nomes mais conhecimentos acaba por cumprir o propósito de chamariz, mas não se traduz em qualidade na representação, que fica sempre num nível baixo-médio que já se poderia esperar.
Ghost in the Shell é apenas mais um nome conhecido a voltar a aparecer nos cinemas, envolto em controvérsia e com pouco conteúdo novo e relevante para oferecer. Acaba por não ser um filme de acção puro, mas não satisfaz como ficção científica, mostrando-se com demasiada vontade de cortar uma fatia enorme do orçamento na criação de cenários desnecessários. Basta lembrar-nos de filmes como Blade Runner para perceber que não é preciso nenhum exagero para criar uma imagem credível de uma cidade futura. Rupert Sanders falha em dar uma razão para que exista um live action desta série de BD japonesa que se encontrou o seu importante espaço há décadas atrás. Valeu a escolha de Scarlett Johansson, pela negativa, para que o filme não tivesse sido completamente ignorado e isso nunca é uma boa razão para ganhar visibilidade.