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How to Talk to Girls at Parties
Título Português: How to Talk to Girls at Parties | Ano: 2017 | Duração: 102m | Género: Ficção cientifica, comédia
País: Estados Unidos da América, Reino Unido | Realizador: John Cameron Mitchell | Elenco: Nicole Kidman, Elle Fanning, Alex Sharp

O movimento punk nos subúrbios londrinos, alimentado pelas manifestações musicais no final da década de 70, encontra uma comunidade alienígena que passa pela região de Croydon numa espécie de viagem de aprendizagem. A originalidade da premissa de How to Talk to Girls at Parties, baseada na shortstory com o mesmo nome de Neil Gaiman, permite que os protagonistas nos ofereçam momentos tão inesperados como cómicos, com pequenas críticas sociais a perderem-se pelo meio, sem conseguirem sobressair. O protagonista, Enn (Alex Sharp), é um punk com pouca convicção na forma como é representado, mas que serve de veículo para criar relações quer com o seu grupo de miúdos fãs do género, quer com a protagonista feminina, a alien Zan (Elle Fanning). Nas interações entre as várias personagens está a riqueza da obra de John Cameron Mitchell, que nunca parece preocupado em dotar a narrativa de coerência ou sentido, dando primazia ao entretenimento.

As primeiras interações entre Enn e Zan são as mais ricas desta estranha relação amorosa, destacando-se os momentos em que Zan procura perceber o punk, como se fosse uma espécie de comunidade ou nação. O embate entre a comunidade alien e o movimento punk, liderado por Boadicea, uma representação fiel do movimento encarnada por uma quase irreconhecível Nicole Kidman, volta a potenciar o elemento cómico do filme, com várias personagens de cada lado a mostrarem os seus melhores lados. As várias comunidades provenientes de outras galáxias acabam por ser a materialização da crítica que o realizador parece querer fazer, de uma sociedade que se come a si mesma para preservar quem a lidera. O filme nunca ganha muita força neste sentido, preferindo retirar tantos momentos cómicos quanto é possível de um encontro improvável de comunidades e movimentos.

How to Talk to Girls at Parties peca por funcionar apenas num dos muitos sentidos em que dispara, sem preocupação real de explorar as numerosas pontas soltas e mal aproveitadas que deixa. Ganha força com uma banda sonora forte, explorada em momentos tão bizarros como climáticos como o que é protagonizado por Enn e Zan a certo ponto, mas acaba por canalizar a energia obtida para uma série de bons momentos cómicos sem suporte narrativo.

Filme exibido no LEFFEST – Lisbon & Sintra Film Festival


sobre o autor

Sandro Cantante

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